HISTÓRIA DA PALESTINA

Judeus ortodoxos: ‘Independência de Israel’ é uma data de luto

Não à toa, os sionistas passaram décadas manipulando a história para justificar seus crimes

No dia 5 de Iyar (14 de maio no calendário gregoriano), dia da “independência” de “Israel”, enquanto os sionistas promovem festas repletas de bandeiras, fogos de artifício e celebrações de “independência”, uma parcela expressiva dos judeus se veste de luto, jejua e recita preces de tristeza. É o que informa o sítio judeu ortodoxo norte-americano Torah Jews. Na matéria The 5th of Iyar – When The Sky Turned Black, os religiosos destacam o “contraste gritante” entre os praticantes da fé judaica e o sionismo:

“A atmosfera em muitos bairros ortodoxos é um contraste gritante. Meah Shearim, Beis Shemesh etc. O jejum não é incomum e há pessoas vestidas de pano de saco e cinzas em sinal de luto. Várias sinagogas nessas áreas recitam orações especiais de luto, marcando o dia 5 de Iyar como um dia excepcionalmente trágico.”

Segundo o sítio, a imposição do Estado sionista, desde sua concepção, foi um projeto de destruição da identidade judaica. David Ben-Gurion, um dos arquitetos desse Estado ilegítimo, expressou claramente esse objetivo em frase relembrada pelos ortodoxos:

“Mas os criadores da revolução judaica contemporânea afirmaram: Resistir ao destino não é suficiente. Temos de dominar nosso destino; temos de tomar nosso destino em nossas próprias mãos! Essa é a doutrina da revolução judaica – não não se render ao Galut (exílio), mas acabar com ele.”

O judaísmo, que por séculos foi baseado na fé e na tradição, foi deformado pelo sionismo em uma ideologia de nacionalismo belicista, um monstro de Frankenstein espiritual. Os sionistas, com ares de modernidade, tentaram criar um “novo judeu” que desprezasse suas próprias raízes, reduzindo sua história a um mito de guerra e conquista.

A própria “revolução sionista” deve ser entendida não como um avanço revolucionário, mas como um processo violento e destrutivo, comparável a contra-revoluções que deixaram rastros de morte e perseguição ao longo da história. O sionismo é denunciado pelo Torah Jews não como uma revolução, mas como um dentre tantos regimes de terror que conduziram massacres e perseguições, baseando-se na brutalidade e na repressão para impor seu projeto de Estado.

Um aparte se faz necessário à denúncia do sítio ortodoxo: “Israel” não é apenas isso, mas principalmente uma colônia criada para o atendimento dos interesses do imperialismo no Oriente Médio. A criação do sionismo e de “Israel”, portanto, não se deve a um raio em céu azul, mas à ditadura mundial e à necessidade de controlar tanto os campos de petróleo quanto a ligação marítima entre Ásia e Europa. Voltando ao artigo de Torah Jews, os ortodoxos criticam a deturpação interessada feita pelo sionismo dos símbolos judeus:

“Os ricos depósitos da história judaica foram saqueados, os tesouros foram substituídos por bugigangas baratas de beira de estrada. Na tradição sionista, Duvid HaMelech (Rei Davi) se transformou de um rei erudito, um verdadeiro servo do Todo-Poderoso, em um herói de ação direto para DVD, que nem sequer merece ser visto nos cinemas. Uma das muitas vítimas.”

Os judeus ortodoxos que rejeitam o sionismo sabem que a criação desse Estado artificial significou a destruição do judaísmo. Em “Israel”, denunciam, o que se vê hoje é um governo que utiliza imagens e conceitos judaicos para justificar a opressão, o apartheid e o genocídio contra o povo palestino.

Não à toa, os sionistas passaram décadas manipulando a história e o judaísmo para justificar seus crimes. A religião, que sempre serviu como elo entre os judeus dispersos, foi transformada pelo sionismo em um instrumento de moralização de um regime criminoso.

No dia 5 de Iyar, não há nenhuma “independência” ou motivo para comemorar, reforça o Torah Jews. O que os sionistas chamam de “independência” é, na verdade, a celebração do sequestro do judaísmo e da violenta ocupação da Palestina. A organização antissionista conclama os judeus “que ainda preservam sua tradição e sua consciência histórica” a rejeitarem essa farsa e o Estado sionista.

O verdadeiro judaísmo não é sionista, e o sionismo não representa os judeus. Quem resiste à colonização sionista sabe que não se trata de “autodeterminação”, mas de um projeto de domínio imperialista travestido de “revolução”. E, diante disso, não há outra resposta possível que não seja a luta contra essa impostura histórica.

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