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Nordeste

PSOL usa truque do ‘antifascismo’ para se aliar Ciro e Lira

Resistência se abraça ao cada vez mais bolsonarista PDT e a legenda fundada por Paulo Maluf

O grupo psolista Resistência publicou em seu órgão de imprensa, Esquerda Online, o artigo Um diálogo sobre o segundo turno de Aracaju (SE), assinado por Alexis Pedrão, professor e candidato a vice-prefeito de Aracaju nas eleições deste ano pela legenda, trazendo uma curiosa declaração de que não irá “defender a gestão”, mas mesmo assim, anunciando apoio a um candidato da direita em Aracaju, Luiz Roberto (PDT) e pedindo à esquerda local que “reflitam” sobre a decisão de não fazer o mesmo. Diz a nota:

“Compreendo quem não vota no candidato de [Fábio] Mitidieri [governador do estado, do PSD], pois estamos em meio a diversos ataques, como o desrespeito pelas professoras/es, a venda da DESO e as denúncias de violência policial. Também compreendo as comunidades em luta e os funcionários públicos de Aracaju. Votar nulo talvez seja algo a se considerar. É legítimo, mas peço que reflitam. Há uma hierarquia na política. E repito: nada é mais importante do que derrotar a extrema-direita, Bolsonaro, seu partido e seus candidatos por todo o país. Por isso, vou votar 12. Não por defender a gestão. Seria hipocrisia de minha parte. Seguimos firmes na oposição. É possível derrotar o bolsonarismo sergipano sem nutrir ilusões com o projeto político de Edvaldo e Luiz.”

O que a nota de Pedrão não explica é: como votar em um candidato de um partido cada vez mais bolsonarista ajudará a “derrotar a extrema direita”? O PDT, cumpre lembrar, é o partido de Ciro Gomes, que vem se alinhando com bolsonaristas no Ceará a título de “combater a corrupção do PT” e com isso, empurrando o partido para o campo que Pedrão espera derrotar.

Em Fortaleza, por exemplo, o coronel faz campanha para o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL), embora este divulgue mais o apoio de Bolsonaro em suas redes sociais do que o de Gomes. Em Crato, no interior do estado, o pedetista aliou-se com o União Brasil (partido oriundo do ARENA, de sustentação da Ditadura Militar) para denunciar nada menos do que a “ditadura do PT” no estado nordestino.

Ser do PDT, porém, não é o único empecilho para derrubar a desculpa usada por Pedrão pelo apoio. O vice de Luiz Roberto é Fabiano Oliveira, do partido bolsonarista PP, partido do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Pedrão precisaria explicar melhor como fortalecer Ciro Gomes e Arthur Lira seria benéfico para “combater a extrema direita”.

Ainda, a chapa apoiada pelo PSOL para controlar a principal prefeitura de Sergipe, “Pra Aracaju Avançar de Verdade”, é composta também pelos partidos PSB, PSD, Republicanos e Solidariedade. Além de Ciro Gomes e Arthur Lira, a musa do roubo da Previdência  – e do bilionário João Paulo Lemann – Tabata do Amaral, o bolsonarista governador paranaense Ratinho Jr., Tarcísio de Freitas (sob as bençãos do vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão) e Paulinho da Força. Com um time desses, vai dar certo?

A pergunta é meramente retórica: é claro que vai dar muito errado. A tentativa de justificar alianças com setores da direita como uma suposta estratégia para combater a “extrema-direita” serve apenas para desmoralizar a esquerda, colocando esta a reboque da política que deveria combater.

A posição do PSOL em Aracaju, representada por Alexis Pedrão, é um exemplo clássico da capitulação da esquerda reformista ao apoiar a direita para “derrotar a extrema direita”. Ao afirmar que “sempre que o bolsonarismo esteve de um lado, nós estivemos do outro”, Pedrão reduz a luta de classes a uma disputa superficial entre dois campos políticos.

A luta de classes é muito mais complexa do que um simples “civilização contra bolsonarismo”, e a ilusão de que votar em qualquer candidato que não seja diretamente bolsonarista irá salvar os trabalhadores do mal maior só enfraquece a verdadeira resistência popular. O PSOL, ao apoiar um candidato de direita, se compromete com a mesma política que diz combater. Conforme a luta de classes se intensifica, fica evidente que a tática do mal menor é uma farsa.

Ao tentar evitar a vitória do “mal maior”, a esquerda reformista acaba sendo uma força auxiliar de políticas nefastas. Isso ocorreu na França com Emmanuel Macron, que de golpe em golpe sobrevive, com um governo odiado, ferozmente neoliberal, atacando direitos e reprimindo a população francesa. Nos EUA, a vitória de Joe Biden, igualmente baseada no medo de Trump, resultou em uma política externa agressiva e uma ausência de reformas significativas para os trabalhadores.

Esse padrão se repete sempre que a esquerda se rende ao “mal menor”. Em Aracaju, a vitória de Luiz Roberto significará a continuação das políticas de direita, com o apoio de setores como o PSOL apenas fornecendo uma capa de legitimidade para essas medidas. É por isso que trabalhadores, camponeses, estudantes e a esquerda em geral precisa rejeitar essa tática suicida, que apenas fortalece os inimigos da classe trabalhadora ao desmobilizar a luta real.

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