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Brasil

Queimadas descontroladas são resultado do roubo dos bancos

A esquerda pequeno-burguesa torna o problema das queimadas uma questão moral, mas a política neoliberal e a rapina do tesouro são os responsáveis pela crise

Desde sexta-feira (13), as queimadas no Brasil têm se intensificado em várias regiões, com o estado do Rio de Janeiro vivendo uma situação particularmente alarmante. Na sexta-feira, o estado registrou o maior número de queimadas do mês, com 109 focos de incêndio. Este ano já é o pior desde 2017 para o Rio, com um total de 949 focos desde janeiro.  Em São Paulo, a situação não é menos crítica.

O estado está próximo de bater o recorde de queimadas dos últimos 26 anos, com 7.162 focos desde janeiro. A combinação de clima seco, altas temperaturas e ventos fortes têm contribuído para a propagação rápida dos incêndios. As áreas urbanas também estão sendo afetadas, com incêndios se espalhando para regiões próximas a residências e estabelecimentos comerciais.

A região Norte do Brasil lidera o ranking nacional de queimadas em setembro, com 23.715 focos registrados até o último dia 19. Estados como Amazonas, Pará e Rondônia estão entre os mais afetados, devido a densa vegetação da Amazônia, o que combinado com a seca e temporada de queimadas para desmatamento e agricultura, resultam em incêndios de grandes proporções.

Apesar do aumento significativo nos últimos dias, os focos de queimadas se mantiveram estáveis no final de semana, com 6.251 focos ativos no País. No entanto, a estabilidade não significa que a situação esteja sob controle. As condições climáticas continuam favoráveis à propagação dos incêndios, o que coloca em questão a política do governo para lidar com o problema das queimadas durante os meses tradicionalmente secos no Hemisfério Sul, sendo  propício para grandes incêndios, a exemplo do que acontece nos países do Hemisfério Norte durante o período do verão, entre os meses de julho e agosto.

A fumaça das queimadas tem afetado a qualidade do ar em várias regiões, impactando cerca de 10 milhões de pessoas. Em cidades como Manaus, Porto Velho e Cuiabá, a visibilidade está reduzida e os índices de poluição do ar estão acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As autoridades de saúde estão alertando a população sobre os riscos respiratórios, especialmente para crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Hospitais e unidades de saúde estão se preparando para um possível aumento no número de atendimentos relacionados a problemas respiratórios.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) continua monitorando os focos de incêndio em todo o país, fornecendo dados atualizados para ajudar no combate às queimadas. No entanto, é preciso muito mais do que isso para lidar com o problema de maneira efetiva. Como por exemplo, pelo menos voltar a investir o mínimo dispensado a esta despesa na década passada.

De 2010 a 2014, os gastos anuais com prevenção de incêndios florestais mantinham-se relativamente altos, variando entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3,5 bilhões. No entanto, a partir de 2015, começa a queda vertiginosa.

A redução constante do orçamento é evidente: em 2016, os gastos caíram para R$ 2,4 bilhões, chegando a apenas R$ 1,5 bilhões em 2020. O ponto mais alarmante veio em 2022, quando o governo destinou apenas R$ 60 milhões para essa área crítica, e a recuperação em 2024, com um orçamento de R$ 111,3 milhões, é insuficiente diante das necessidades de um país do tamanho do Brasil e com as características ambientais que possui, como mostra o gráfico produzido pela Rede Globo:

Essa sabotagem sistemática às políticas de prevenção e combate aos incêndios revela um padrão recorrente. O imperialismo e seus aliados internos estão mais preocupados em desviar recursos públicos para os bancos e grandes corporações do que em proteger a população e o território nacional.

Enquanto o dinheiro público é transferido para pagar dívidas exorbitantes a banqueiros internacionais, a infraestrutura e os serviços essenciais para a preservação do meio ambiente são completamente negligenciados.

Os incêndios florestais no Brasil não são um fenômeno isolado, mas fazem parte de um cenário mais amplo de destruição promovido pelos interesses imperialistas. Grandes incêndios ocorrem em todo o mundo, como vimos recentemente nos Estados Unidos e na Europa, onde também se verifica o mesmo padrão de negligência pública e priorização do capital financeiro sobre as questões ambientais e sociais. No Brasil, essa política genocida tem se refletido na devastação da Amazônia e de outras áreas florestais, com consequências devastadoras para a biodiversidade, o clima e a população.

O imperialismo atua com um objetivo claro: manter o controle econômico e político sobre os países periféricos e seus recursos, custe o que custar, utilizando-se de governos servilmente comprometidos com seus interesses. No Brasil, a crise das queimadas é alimentada por essa política de saque sistemático, e o corte de investimento na prevenção de desastres naturais é um reflexo direto dessa submissão. A redução dos gastos nesse setor coincide com o aumento das transferências de recursos para o pagamento de juros da dívida pública, um mecanismo de dominação utilizado pelo imperialismo para sugar as riquezas nacionais.

A crise das queimadas no Brasil tem revelado a dificuldade do governo federal em relação à prevenção de desastres naturais. E não é uma falha meramente administrativa, mas parte de um projeto maior de saqueamento dos cofres públicos pelo imperialismo e seus representantes internos. Os dados apresentados pela Associação Contas Abertas mostram uma redução drástica nos investimentos no combate a incêndios florestais nos últimos anos, refletindo o desmonte de políticas públicas essenciais para o meio ambiente e a saúde da população.

Enquanto o orçamento para a prevenção de incêndios despenca, o Brasil enfrenta uma temporada de queimadas cada vez mais devastadora. A fumaça densa que cobre cidades inteiras, os hospitais lotados de pessoas com problemas respiratórios e a destruição de vastas áreas florestais são a prova concreta do fracasso dessa política. Mas não se trata de incompetência ou mera má gestão. É o resultado direto de uma política deliberada de desmantelamento do Estado, promovida pelo imperialismo e seus aliados internos.

A esquerda pequeno-burguesa, sempre pronta a moralizar o debate, insiste em culpar exclusivamente os fazendeiros pelos incêndios, sem entender que o problema vai muito além disso. Embora alguns setores do latifúndio tenham sua parcela de responsabilidade, é um fato que incêndios podem ser causados por fatores naturais, como raios, além de uma série de atividades humanas aparentemente inofensivas, como a queima de lixo, fogueiras mal apagadas ou bitucas de cigarro jogadas ao chão. Até mesmo faíscas geradas por equipamentos agrícolas podem desencadear grandes incêndios.

A verdadeira raiz do problema não está na moralidade individual de agricultores, mas no roubo institucionalizado dos recursos públicos pelo imperialismo. A queda vertiginosa dos investimentos em prevenção de desastres é um sintoma de um sistema dominado pelos banqueiros, que operam em conluio com governos servis para pilhar as riquezas do país. Os incêndios florestais, assim como tantas outras crises sociais e ambientais, são o resultado dessa política de rapina, que coloca o lucro acima da vida.

A solução para o problema das queimadas não passa por medidas paliativas ou pela criminalização de pequenos agricultores. O que é necessário é uma ruptura completa com o sistema de dominação imperialista que condena o Brasil à miséria e à destruição ambiental.

Superar a ditadura dos bancos, expropriar a burguesia e avançar na construção de um Estado operário pleno são as únicas saídas para enfrentar a crise de forma efetiva. Sem enfrentar o vampirismo financeiro, não há, em absoluto, nenhuma melhora possível para a crise das queimadas, apenas a tendência geral de piorar drasticamente, como tudo o que o imperialismo faz.

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