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Neymar

A “escola moralista” de crônica esportiva contra os jogadores brasileiros

Milly Lacombe está assustada porque um jogador jovem se espelha num mais velho

O portal UOL, que pertence à Folha de S. Paulo, criou um grupo de comentaristas esportivos bem peculiar. São tipos que tentam se passar por esquerdistas e adotaram uma espécie de escola moralista de crônica esportiva. Normalmente, o que se vê é pouco futebol e muita lição de moral.

Milly Lacombe e o ex-jogador Casagrande fazem parte do grupo que não deixa passar nenhuma oportunidade quando o assunto é moralidade. Logico que essa moralidade está bem enquadrada na moral de um jornal capitalista e golpista como a Folha.

O jovem craque Estevão, do Palmeiras, em entrevista coletiva em sua primeira convocação para a Seleção Brasileira fez a seguinte declaração sobre Neymar: “cada dia que passa eu sou mais fã dele. Jogar no Brasil não é fácil, é muita pressão, críticas e torcida. Admiro a forma que ele lida com isso, o que é muito importante. Fico feliz por tê-lo como inspiração. É um cara que cresci vendo jogar na Seleção e espero um dia jogar com ele também”.

Um jovem jogador falando que se espelha em um jogador mais velho. Novidade? Nenhuma. Mas para a patrulha UOL de jornalismo esportivo isso é inadmissível. Assim, Milly Lacombe, indignada, declarou:

“Eu fiquei um pouco assustada com o que o Estêvão disse na coletiva, que tem o Neymar como um exemplo. Ele é exemplo de que, gente? Exemplo de homem? De cidadão? De pai? Por que ele é um exemplo de pai?! Porque basta pagar pensão e postar duas ou três fotos brincando com a filha no Instagram que já é considerado um excelente pai. Como jogador, o que ele ganhou? Dá para fazer uma lista de outros que ganharam mais que ele. Nem a tal da Bola de Ouro ele conseguiu ganhar… Quando eu vi o Estêvão falando isso, fiquei assustada. O futuro é sombrio”.

O “futuro é sombrio”, certamente a declaração de Estevão demostra que estamos ingressando nas trevas onde o mal vencerá o bem e todos viverão infelizes.

O interessante é que o moralismo é tão gritante que Milly Lacombe sequer percebeu que Estevão falou a coisa mais normal do mundo. Um jogador mais velho, o maior craque brasileiro da atualidade, é exemplo para o garoto. Acaso a geração de imediatamente posterior a Romário não deveria tê-lo como espelho? E a de Pelé?

Pela lógica de Lacombe, não. O futuro só não seria sombrio se Estevão tivesse como exemplo talvez a Madre Tereza de Calcutá. O problema é que ela não jogava bola. Quem joga bola agora é Neymar.

E o ímpeto moralista é tão grande que a jornalista não consegue se conter e grita: “Neymar não é bom pai, Neymar não é bom homem, Neymar não é bom cidadão”. Mas, calma lá, minha senhora, estamos falando de futebol não de prova para ser coroinha.

Depois de levantar uma lista para mostrar que Neymar a o ser mais imoral do universo, ela se lembra que precisa falar alguma coisa sobre futebol. E aí, se perde totalmente. Neymar não ganhou nada? Primeiro que isso é uma declaração abstrata, qual seriam os campeonatos que transformariam Neymar em “ganhador de tudo”. Que se saiba, ele ganhou Libertadores, Champions League, deu o primeiro título olímpico para a Seleção Brasileira e muitos outros títulos. O que significa “não ganhou nada”. Significa exatamente, nada.

Ganhar ou não a Bola de Ouro não pode ser o único parâmetro para a qualidade de um jogador. É como dizer que ganhar o Óscar transforma o filme em bom. Assim como o Óscar, o prêmio da Bola de Ouro está submetido a inúmeras manipulações e interesses políticos e econômicos. É um argumento sem pé nem cabeça.

No fundo, o que vale mesmo é o moralismo. Se depender de Milly Lacombe, o futebol vai virar a coisa mais chata do mundo. Ainda bem que garotos como Estevão, além de craques, sabem em quem se espelhar. Não precisa se assustar, Milly Lacombe, o mundo não vai acabar.

Assustador mesmo é pensar na campanha da imprensa contra os jogadores brasileiros.

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