Palestina

O Hesbolá destruiu totalmente a economia do norte de ‘Israel’

Agricultores falidos afirmam que se sentem dentro do filme Guerra nas Estrelas, empresas fecham suas portas, a “Galileia Verde” está sendo liberta pela resistência

Quase 11 meses se passaram desde que o Hesbolá iniciou sua guerra de atrito contra “Israel”, anunciando a abertura de uma frente de apoio a Gaza. O impacto da resistencia libanesa é tão grande que os empresários do norte de “Israel” admitem que a sua situação é de desastre total. Um deles afirmou que “tudo foi destruído aqui, e voltamos à idade da pedra em termos de capacidades”. O terma “Idade da pedra” é muito utilizado pois em um discurso famoso “Israel” ameaçou o Líbano de nivelar o país para a idade da pedra.

Nos últimos anos, “Israel” investiu no desenvolvimento e crescimento do “tesouro do país”: a Galileia Verde, de onde os palestinos foram expulsos há 76 anos, e que foi colonizada por estrangeiros vindos de todas as partes do mundo. Galileia é justamente a região norte da Palestina ocupada. O governo israelense investiu bilhões de dólares para plantar florestas e bosques com árvores não nativas, cultivar campos, organizar as casas dos assentamentos, e desenvolver fábricas, currais e áreas agrícolas para atrair colonos.

No entanto, o sonho virou um pesadelo. Os mísseis e drones do Hesbolá queimaram 198 mil dunams, segundo a Autoridade de Parques e Natureza de “Israel”, uma área de 146 km² de vegetação, cinco vezes maior do que a queimada nos últimos cinco anos combinados, de acordo com um relatório emitido ontem pelo Ministério de Proteção Ambiental de “Israel”, que afirmou que esses incêndios representaram 44% das emissões anuais nacionais de monóxido de carbono, um poluente do ar.

Além disso as próprias empresas foram afetadas. 82 “startups” operavam na Galileia até o início da guerra, de acordo com o Canal 12 de “Israel”, com investimentos que superavam os 80 milhões de dólares em cinco zonas industriais e oito centros de desenvolvimento, além de 35 grupos de pesquisa. No entanto, tudo isso, segundo entrevistas realizadas pelo canal, “foi por água abaixo”.

Nesse contexto, o Dr. Ofir Benjamin, da Faculdade de Ciências Alimentares da Universidade “Tel Hai”, de dentro de um laboratório tecnológico agrícola, disse: “todas as mesas aqui estão cobertas de poeira, o que prova que ninguém trabalha aqui há muito tempo“. Apontando para um rato de laboratório morto jogado no chão acrescentou: “nada sobrou aqui, exceto os ratos“. Ele ironizou: “pode chegar um dia em que esse rato se torne um doutor“. Ele observou que “pessoas altamente qualificadas terminaram seus estudos acadêmicos, vieram viver na Galileia, estabeleceram negócios e fontes de renda, construíram suas famílias nos assentamentos, compraram casas… e de repente ‘BOOM’, tudo explodiu e desapareceu“.

Segundo ele, “a situação é catastrófica, todas as empresas deixaram a área e se mudaram para outros lugares do país. Não há mais trabalho no setor que nos esforçamos tanto para desenvolver ao longo de uma década, tudo colapsou e paralisou de uma vez só, voltamos à idade da pedra em termos de capacidades“.

No que diz respeito às empresas de tecnologia alimentar no assentamento “Kfar Sold”, que não foi evacuado, a situação não é melhor. No assentamento, há uma sala de jantar comum, onde os colonos costumavam fazer suas refeições como parte de uma tradição seguida por assentamentos cooperativos. No entanto, essa sala, que estava abandonada há anos, após o assentamento ter abandonado essa tradição, foi transformada por Amir Truler em um laboratório e escritórios para a empresa Plantovia, que ele fundou junto com pesquisadores e especialistas em laboratórios, equipando-a com os mais modernos equipamentos e ferramentas para desenvolver proteínas naturais a partir de plantas, preparada para ser o Santo Graal no mundo dos substitutos do leite. Contudo, a empresa transferiu todos os seus equipamentos e materiais essenciais para Cesareia, e nenhum funcionário permaneceu em Kfar Sold.

A guerra também afetou as granjas, fazendas e currais de criação de gado, como ficou evidente em uma conferência realizada no parlamento israelense no final de junho passado, intitulada “Agricultura em tempos de guerra”. A conferência, organizada pelo parlamentar Alon Schuster contou com a participação de outros parlamentares, funcionários do setor agrícola e agricultores que continuam seu trabalho sob os foguetes na fronteira norte.

Segundo o jornal Maariv, o presidente da União dos Agricultores, Dovi Amitai, falou sobre a situação no norte, dizendo: “a galileia está em guerra, e os agricultores vivem no coração da ameaça. No entanto, não abandonaremos um centímetro de terra, cientes do que a agricultura significa. Mas os políticos no parlamento precisam entender isso“.

Já a diretora executiva da organização Aziza, que abrange os ramos de criação de gado no norte, disse que “o livro já estava claro desde o título: se não houver agricultura, não há segurança (e vice-versa), e após 7 de outubro, entendemos isso de forma ainda mais clara“. Ela continuou: “O mercado agrícola no assentamento de Goren é baseado na produção de leite de gado, mas devido à importação de leite do exterior por causa da guerra, estamos enfrentando uma situação em que todos os dias jogamos fora 50 mil litros de leite de cabra. Além disso, a importação de queijos do exterior causou a ordenha de gado no norte sob fogo, enquanto não há ninguém para comprar nosso leite. Estamos jogando o leite fora e realmente chorando por isso“. Ela acrescentou: “me sinto como se estivesse em Guerra nas Estrelas, todos os dias lançam drones sobre nós, e nosso medo se tornou muito palpável“.

A desintegração da economia no norte de “Israel” é uma das grandes vitórias da resistência. Ela gerou uma crise gigantesca para o governo Netaniahu que, por sua vez, não consegue ter forças para invadir o Líbano e tentar impedir o Hesbolá de manter os ataques. Assim a cada dia que passa o Hesbolá amplia essa crise e a pressão contra o governo Netaniahu para que acabe a guerra na Faixa de Gaza. O relato dos empresários do norte deixa isso muito claro.

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