Esquerda

Uma defesa dos verdadeiros golpistas, ‘com STF, com tudo’

Ao creditar a vitória de Bolsonaro à relativa liberdade de expressão no X, jornalista convenientemente "esquece" o papel fundamental dos golpistas de 2016 e 2018, entre eles o STF

O jornalista de Brasil 247 Alex Solnik publicou no portal um artigo intitulado Bolsonaro manda e-mail para Musk: “onde eu vou caluniar o Lula e o Boulos agora?”, tendo como ponto central, a defesa da censura ao X, rede social de propriedade do bilionário sul-africano naturalizado norte-americano Elon Musk, no imbróglio envolvendo o avanço do Supremo Tribunal Federal (STF) contra as liberdades democráticas. Trazendo um hipotético e-mail enviado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Musk, Solnik escreve:

“Antes de tudo quero agradecer, não somente a você, mas aos caras que eram os donos do Twitter, pelos bons serviços que prestaram a mim, sem o Twitter eu não seria ninguém mais que um deputado do baixo clero, fazendo rachadinha, dando emprego pra miliciano, roubando na prestação de contas da gasolina, e graças à liberdade do Twitter um idiota como eu conseguiu chegar a presidente da República, imagina só, nem eu nunca imaginei e consegui também graças a vocês me manter quatro anos no poder e só não consegui continuar por um triz, e mais uma vez agradeço ao X, porque sem o X os patriotas jamais teriam condições de fazer o que fizeram no memorável 8 de janeiro. Deus lhe pague.”

O jornalista Alex Solnik, em sua análise distorcida, faz o jogo dos verdadeiros golpistas ao afirmar que Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 graças ao apoio das redes sociais, em especial do X. Essa colocação é uma cortina de fumaça que visa proteger aqueles que realmente pavimentaram o caminho para a ascensão de Bolsonaro: a direita de conjunto, que decidiu apoiar sua candidatura contra o PT.

Às vésperas da eleição, o Estado de S. Paulo, um dos principais porta-vozes da direita brasileira, declarou que Bolsonaro era “uma escolha difícil”, mas, ainda assim, uma escolha. Apoiando-se nesse tipo de “escolha”, a imprensa direitista preparou o terreno para que Bolsonaro surgisse como uma alternativa viável ao eleitorado, mesmo diante de sua evidente falta de preparo e postura autoritária. Esse apoio da imprensa imperialista não foi um acidente, mas um reflexo da escolha deliberada de uma classe social que, naquela ocasião, viu em Bolsonaro a melhor alternativa para impedir a vitória da candidatura petista. Não foram as redes sociais que garantiram a vitória de Bolsonaro, mas sim o apoio do setor mais poderoso da classe dominante, que encontram em colocações como as de Solnik um apoio velado.

Atualmente, muitos dos que apoiaram Bolsonaro estão empenhados em recuperar o prestígio perdido, e para isso contam com a colaboração da esquerda, chegando ao ponto de se infiltrarem no governo Lula, caso dos notórios direitistas Geraldo Alckmin e Simone Tebet. Ao colocar a culpa da vitória de Bolsonaro nas redes sociais, Solnik faz exatamente o que esses elementos desejam: desviar a atenção de suas próprias responsabilidades no golpe de 2016, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, na prisão arbitrária de Lula, e no golpe de Estado de 2018, quando Lula foi proscrito da eleição.

A verdade é que a vitória de Bolsonaro não se deu devido a uma rede social, mas porque a direita de conjunto, refletindo a coesão da burguesia, fechou questão com a necessidade de eleger o ex-capitão. Solnik, ao escamotear essa realidade, age como um colaborador desses setores, ajudando a perpetuar a mentira de que foi a liberdade de expressão nas redes sociais que levou Bolsonaro ao poder. Assim, ele protege os verdadeiros responsáveis pelo golpe e, consequentemente, pela tragédia que se abateu sobre o País.

Além disso, ao creditar a vitória de Bolsonaro à relativa liberdade de expressão no X, Solnik convenientemente “esquece” outro fator decisivo: a capitulação da esquerda diante das arbitrariedades do poder judiciário. Em vez de resistir à intervenção judicial que impediu Lula de concorrer à presidência, a esquerda, inclusive com a anuência de figuras como Alexandre de Moraes, aceitou de bom grado a substituição de Lula por Fernando Haddad, um candidato insosso e incapaz de mobilizar as massas da mesma forma que o ex-presidente.

A vitória de Bolsonaro, portanto, não foi uma consequência da liberdade de expressão nas redes sociais, mas sim o resultado da ação coordenada da burguesia imperialista, que usou seus tentáculos na imprensa para impulsionar a extrema direita no Brasil, e da conivência de uma esquerda que preferiu abaixar a cabeça em vez de lutar com unhas e dentes pela candidatura de Lula. É uma forma conveniente de se manter alinhado à política dos verdadeiros golpistas, responsáveis pelos piores crimes e criadores do bolsonarismo.

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