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Venezuela

Em vitória para Maduro, direita não consegue provar fraude

TSJ anuncia que a perícia das eleições entrou em sua fase final. Todos os candidatos compareceram ao tribunal, exceto o presidente autoproclamado, Edmundo González

Neste sábado (10), a presidenta do Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Venezuela, Caryslia Rodríguez Rodríguez, declarou em coletiva de imprensa que a perícia do material eleitoral entregue tanto pelos partidos políticos que participaram das eleições como pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) entrou em sua fase final. 

Nos dias 7, 8 e 9 de agosto foram realizadas três audiências para as quais foram convocadas as 38 organizações políticas que participaram das eleições. Apenas 33 delas compareceram, tendo se ausentado aquelas que apoiaram Edmundo González, inclusive seu próprio partido, a Aliança Plataforma Unitária Democrática (PUD).

A ausência não é novidade para os golpistas que alegam ter vencido o pleito. Em audiências convocadas pela Câmara Eleitoral do TSJ para a primeira semana de agosto, González foi o único dos dez candidatos a não comparecer. Em comunicado divulgado após a coletiva de imprensa, a Câmara Eleitoral destacou que a investigação conduzida pelo Judiciário é realizada por equipe especializada, valendo-se do mais elevado padrão técnico para garantir que os conflitos sejam resolvidos de forma soberana e justa.

Dentre os materiais entregues à corte máxima venezuelana, tanto impressos como digitais, destacam-se as atas eleitorais do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, tão requisitadas por autoridades de outros países como o próprio governo brasileiro. No sistema eleitoral venezuelano, representantes de cada um dos partidos participantes podem requisitar junto às seções eleitorais cópias das atas geradas pelas urnas eletrônicas. Para validar a fraude organizada por González e pelo imperialismo norte-americano, que o reconheceu como presidente, bastaria comparar as atas do PUD com a dos demais partidos, mas os golpistas recusaram-se a entregá-las à Câmara Eleitoral do TSJ sob risco de entregarem as provas de seu próprio crime.

A situação demonstra o tamanho do erro do posicionamento do governo brasileiro que, no lugar de requisitar as atas da oposição golpista, requisitou-as do presidente eleito, passando por cima da autoridade eleitoral venezuelana, o CNE. O governo chavista procura resolver o embate contra seus opositores dentro da legalidade, respeitando as instituições venezuelanas, enquanto os partidários de González atuam por meio de guarimbas, mobilizações violentas que se tornaram marca registrada da extrema-direita na Venezuela.

Agentes do imperialismo

Em outra parte de sua declaração, Rodríguez Rodríguez destacou que a PUD indicou que não participou do transporte e da proteção do material eleitoral supostamente em sua posse, o que teria ficado a cargo da organização SUMATE, que fez parte da equipe de assessoria técnica do partido.

Segundo reportagem de TeleSur, SUMATE é uma organização venezuelana historicamente vinculada ao Departamento de Estado dos Estados Unidos e à National Endowment for Democracy (NED), que foi acusada de operar como uma fachada dos serviços de inteligência norte-americanos sob a aparência de sociedade civil, tendo Maria Corina Machado como uma das figuras mais proeminentes da organização.

Seu currículo golpista é extenso. Fundada na época da tentativa de golpe de Estado em 2002 contra o presidente Hugo Chávez, SUMATE recebeu financiamento significativo da NED e de outras entidades norte-americanas.

Golpe cibernético

Um dos principais pontos de sustentação das acusações de fraude eleitoral contra o governo venezuelano são as falhas técnicas, principalmente do seu sítio na Internet, do CNE.

No mesmo dia em que o TSJ anunciava fase final do julgamento sobre o resultado eleitoral, o governo venezuelano denunciava na Organização das Nações Unidas (ONU) que um golpe cibernético estava em curso no país.

Joaquín Pérez, que representa o país na ONU, fez a denúncia durante sua participação na “Convenção das Nações Unidas contra o Cibercrime: Fortalecimento da cooperação internacional para o combate a determinados crimes cometidos por meio de sistemas de tecnologia da informação e comunicações e para a transmissão eletrônica de provas de crimes graves”.

Em sua intervenção, Pérez destacou que o sistema eleitoral venezuelano, desde o dia das eleições, tem sido vítima “de mais de trinta milhões de ciberataques por minuto, situação que foi seguida de ataques massivos contra todos os portais governamentais”.

O sítio do CNE na Internet encontra-se inacessível desde o dia da votação, ao passo que o portal estabelecido pela oposição com as supostas atas que declaram a vitória de González segue no ar, estabelecendo uma autoridade eleitoral paralela no país. Ainda que resultadosconvzla.com declare ter feito a apuração de mais de 25 mil atas (83,5% do total), há apenas 9 mil disponíveis para baixar que, em sua maioria, apresentam irregularidades como expostas pelo presidente do Congresso venezuelano, Jorge Rodríguez, no último dia 5.

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