HISTÓRIA DA PALESTINA

SWP: a guerra árabe-israelense na Palestina

Criação de “Israel” não é um problema de “autodeterminação” dos judeus, mas a invasão do território árabe, o que vai contra a soberania dos palestinos

Em maio de 1948, durante a Primeira Árabe-Israelense e após declaração de fundação do Estado de “Israel”, o Socialist Workers Party (Partido Socialista dos Trabalhadores), uma das principais organizações do trotskismo mundial, publicou um editorial sobre a entidade sionista. O Estado de “Israel” foi proclamado em 14 de maio. Este artigo foi publicado em 31 de maio no jornal do SWP, The Militant, liderado pelo revolucionário James P. Cannon.

O artigo coloca, claramente, que a criação de “Israel” não é um problema de “autodeterminação” dos judeus, mas a invasão do território árabe, o que vai contra a soberania dos palestinos. Esse editorial foi criticado pelo sionismo “de esquerda”. Hal Draper, militante do Workers Party (Partido dos Trabalhadores), racha do SWP liderado pelos oportunistas Max Shachtman, James Burnham e Martin Abern, escreveu a crítica Como defender Israel, publicado em julho no jornal The New International.

Veja, na íntegra, o editorial do SWP:

As atuais intrigas das grandes potências e manobras ardilosas na ONU sobre a Palestina refletem a acentuada cisão entre o imperialismo britânico e americano nessa questão.

A posição britânica no Oriente Próximo está enfraquecendo constantemente como reflexo da desintegração geral do Império Britânico e da falência do capitalismo britânico. Incapazes de utilizar os judeus como no passado, os britânicos estão agora apoiando os governantes principescos feudais dos estados árabes na tentativa de fortalecer as bases e a influência imperial britânicas no Oriente Próximo. O imperialismo de Wall Street, por outro lado, ansioso para estender seu domínio nessa seção chave do globo e desbancar a supremacia britânica, está tentando utilizar os judeus como peões em seus projetos imperialistas.

A atual guerra judaico-árabe, longe de fortalecer o sionismo reacionário ou de lhe atribuir uma missão progressista, expõe de maneira flagrante que o programa de um estado judeu na Palestina e a guerra judaica por esse fim são reacionários e falidos do início ao fim. O sionismo, longe de resolver as dificuldades dos judeus, ameaça provocar novos pogroms contra os judeus e envolvê-los em novas calamidades. O sionismo e o pequeno estado judeu inevitavelmente se tornarão uma ferramenta do imperialismo americano e a agência para facilitar a entrada dos bandidos de Wall Street no Oriente Próximo. Além disso, é precisamente o sionismo que constantemente solidifica a posição dos governantes árabes reacionários e lhes permite perverter a luta social em seus próprios países em uma luta comunitária entre os povos árabe e judeu. Como exemplo, o regime reacionário do Rei Farouk do Egito, abalado internamente e enfrentando a crescente oposição da classe trabalhadora, conseguiu se consolidar e sufocar seus oponentes de classe ao desviar a atenção para sua aventura militar contra o estado sionista. Assim, o sionismo, que por 40 anos se apresentou como o salvador das massas judaicas, na realidade as trouxe a um beco sem saída.

Os judeus não têm o direito à autodeterminação e à soberania estatal como outros povos? Sim – mas mesmo se abstrairmos essa questão da realidade social mencionada, o fato é que eles não podem esculpir um estado à custa dos direitos nacionais dos povos árabes. Isso não é autodeterminação, mas a conquista do território de outro povo.

Por essas razões, a proclamação sionista de um estado judeu e sua guerra para manter esse estado contra a oposição árabe é reacionária e não pode ser apoiada pelo movimento socialista.

Os governantes árabes também não estão conduzindo uma luta progressista por independência nacional e contra o imperialismo. Eles estão, com sua guerra anti-judaica, tentando desviar a luta contra o imperialismo e utilizando as aspirações das massas árabes por liberdade nacional para sufocar a oposição social ao seu governo tirânico. É por isso que sua guerra contra o estado judeu carece das características progressistas de uma guerra nacional contra o imperialismo e não merece o apoio dos trabalhadores conscientes de classe.

Esses fatos devem ser apontados para os povos envolvidos. Os elementos mais clarividentes têm o dever de afastar seus respectivos povos dessa luta fratricida – que só beneficia os imperialistas e seus agentes. A única solução para a Palestina é a união de forças dos dois povos para a convocação de uma Assembleia Constituinte e o estabelecimento, por decisão democrática, de um estado palestino independente, e a organização de uma luta para expulsar todos os imperialistas.

As forças socialistas nos EUA e em todo o mundo devem, ao mesmo tempo, redobrar seus esforços para que o amplo movimento trabalhista assuma a luta para abrir as portas dos EUA, da Grã-Bretanha e de outros lugares para as vítimas do hitlerismo.

O cumprimento dessas tarefas está certamente repleto de grandes dificuldades. Mas não há atalhos para resolver o problema judaico.

O chauvinismo e a confiança nos imperialistas só levarão a maiores desastres e massacres. As massas judaicas torturadas só podem resolver seus problemas forjando uma aliança com os movimentos trabalhistas e socialistas – não em acordos e manobras com os imperialistas.

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