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HISTÓRIA DA PALESTINA

Ismail Hanié, o líder do Hamas durante o Dilúvio de Al-Aqsa

Fortalecer o espírito de luta foi tudo o que "Israel" conseguiu fazer até agora. O último atentado cometido deve ter o mesmo desfecho

O principal dirigente do partido Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) e líder do governo palestino no exílio, Ismail Hanié, foi assassinado na madrugada da última quarta-feira (31) em um traiçoeiro ataque aéreo ocorrido em Teerã, capital do Irã, onde participava da cerimônia de posse do novo presidente do país persa, Masoud Pezeshkian. Um guarda-costas de Hanié também foi morto no ataque.

Nascido no campo de refugiados de al-Shati, na Faixa de Gaza, em 29 de janeiro de 1962, Hanié graduou-se em Literatura Árabe na Universidade Islâmica de Gaza, em 1987, ano de fundação do Hamas. O embrião do partido revolucionário foi o “Bloco dos Estudantes Islâmicos”, no qual o jovem estudante militara. No mesmo ano, explode na Faixa de Gaza a primeira Intifada (palavra árabe que significa “Insurreição”), com o jovem militante participando da mobilização revolucionária e sendo condenado à prisão pela primeira vez por um tribunal militar israelense.

Um ano depois, é preso novamente, permanecendo seis meses nas masmorras sionistas. Em 1989, é capturado mais uma vez por “Israel”, dessa vez, permanecendo na cadeia até 1992, sofrendo o desterro, passando a viver no Líbano em função do exílio imposto pela ditadura israelense.

Do país vizinho, mantém sua militância e, em 1997, com 35 anos, torna-se um dos principais dirigentes do partido revolucionário palestino. No mesmo ano, o sionismo é obrigado a libertar o fundador do Hamas, Ahmed Yassin, que forma um gabinete chefiado por Hanié. Sua posição de destaque o torna alvo de vários atentados pelo Mossad, incluindo um em 2003.

Sob a sua liderança, o Hamas disputa as eleições legislativas três anos depois, com uma vitória esmagadora contra as demais forças políticas, tornando Hanié o primeiro-ministro do Estado da Palestina. A ascensão do partido revolucionário ao governo palestino provoca uma crise.

“Israel” aplica uma série de medidas punitivas contra a Autoridade Palestina, incluindo sanções econômicas. O primeiro-ministro sionista de então, Ehud Olmert, anuncia ainda que os invasores não transfeririam cerca de 50 milhões de dólares mensais em receitas fiscais que eram cobradas por “Israel” em nome da Autoridade Palestiniana à entidade. Hanié, por sua vez, manteve-se firme, denunciando as sanções e afirmando que o Hamas não se desarmaria e nem reconheceria o país artificial.

Os Estados Unidos, por sua vez, exigiram que outros 50 milhões de dólares oriundos de donativos à Autoridade Palestiniana fossem devolvidos ao país imperialista. Mazen Sonokrot, ministro da Economia palestino, aceita devolver o valor. “A ANP está preparando-se e o Governo Provisório não tem qualquer objeção à devolução destes 50 milhões de dólares, embora continue a precisar deles devido à difícil situação da economia palestina”, disse o então ministro.

Sobre a perda de ajuda externa oriunda dos EUA e da União Europeia a um mês de sua posse do novo governo, Hanié comentou que “o Ocidente está sempre usando os seus donativos para pressionar o povo palestino”, mas acrescentou: “temos outros países árabes e islâmicos e membros da comunidade internacional que estão prontos para estar ao lado do povo palestino”. Após a vitória do Hamas, “Israel” sitia a Faixa de Gaza entre 2006 e 2017, levando Hanié a tornar-se o líder do partido na região, sendo substituído pelo líder militar Yahya Sinwar posteriormente.

Com o conflito entre o Fatá e o Hamas, em 14 de dezembro de 2006, Hanié foi impedido de entrar em Gaza a partir da passagem de Rafá, no Egito, fechado pelo governo egípcio por ordem de “Israel”. A tentativa de regressar a Gaza após sua primeira viagem como governante palestino resulta em uma batalha armada no posto fronteiriço. Na troca de tiros, um de seus guarda-costas morre e seu filho mais velho é ferido.

O partido governante denuncia o incidente como um atentado contra a vida do líder revolucionário, desencadeando tiroteios na Cisjordânia e na Faixa de Gaza entre as forças do Hamas e do Fatá. Porém, ainda tentando uma unidade palestina contra o sionismo, Hanié busca distensionar o confronto. Em junho do ano seguinte, ante a impossibilidade de concretizar a desejada unidade nacional palestina com o Fatá, o conflito é retomado, resultando na Batalha de Gaza, instaurando o arranjo político ainda hoje vigente, com o Hamas governando a Faixa de Gaza e a AP limitada ao governo da Cisjordânia.

Enquanto na Cisjordânia a AP entrega o povo palestino ao terror sionista, a Faixa de Gaza converte-se no grande centro da Resistência Palestina, sob a liderança de Hanié. Da região, sai a operação militar Dilúvio de al-Aqsa, responsável por derrotar o sistema de defesa israelense conhecido como “Domo de Ferro”, infligindo à ditadura sionista sua mais importante derrota contra o povo palestino desde a fundação de “Israel”. A ação revolucionária, no entanto, não viria sem custos elevados.

Hanié perdeu pelo menos 14 membros da sua família, mortos nos ataques aéreos criminosos de “Israel” contra as residências de seus familiares na cidade de Gaza, em outubro. Em novembro de 2023, a sua neta e o seu neto também foram martirizados. Em abril de 2024, numa grande tragédia, Hanié perdeu três dos seus filhos e três netos em outro ataque aéreo israelense contra a população civil da Faixa de Gaza e poucos meses depois, em junho, mais dez familiares, incluindo a sua irmã de 80 anos, foram assassinados nos ataques aéreos contra os civis do campo de refugiados de al-Shati.

Finalmente, no último dia 31, o próprio líder seria vítima da covardia sionista. A vida e o legado de Ismail Hanié, no entanto, continuarão a inspirar as forças de resistência contra a ocupação sionista. Fortalecer o espírito de luta foi tudo o que os invasores conseguiram fazer até agora, com todos os crimes cometidos contra o povo palestino, o que deve ser a única tendência após esse último atentado, que não irá parar a Revolução Palestina até que o país árabe expulse os invasores e ponha um fim ao Estado de “Israel”.

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