A matéria Kamala está no aqucecimento, publicada nessa quinta-feira (18), no Brasil 247, e assinada por Alex Solnik, mostra como setores da esquerda insistem em não olhar com isenção o que se passa na eleição americana.
No olho da matéria, Solnik diz que “Vai ser dureza para Donald Trump, condenado pela Justiça, debater com uma experiente ex-promotora”. Trata-se de uma ilusão. Para começar, o trabalho de Harris como promotora foi um desastre, pois penalizou-se, e muito, os negros e setores mais pobres da população.
O trabalho de ‘limpeza’ no currículo de Kamala Harris ficou por conta do indentitarismo, que usou o fato de ela ser mulher, parda / negra. Como se isso bastasse para gabaritar alguém para qualquer posto. Aqui, no Brasil, temos o uma experiência dolorosa para a esquerda, e até para a Justiça como um todo, que foi a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do Mensalão, Joaquim Barbosa.
O Partido Democrata utilizou isso que costumam chamar de “pautas identitárias”, “empoderamento feminino” para promover a vice de Joe Biden. A esquerda pequeno-burguesa festejou, amplos setores aderiram a essa falácia e apoiaram o candidato preferencial do imperialismo para a presidência dos Estados Unidos.
Condenados e condenados
Dizer que um condenado terá dificuldade em debater com uma promotora é, para dizer o mínimo, uma ingenuidade. Primeiro, teríamos que admitir que todos os condenados sejam culpados, e nem sempre é assim. Lula, por exemplo, foi perseguido abertamente pelo Judiciário, foi preso sem que houvesse uma única prova contra ele.
Donald Trump, gostemos dele ou não, está sendo perseguido nos Estados Unidos, a justiça o envolveu em quase uma centena de processos. Estão usando de tudo, até caso que teve com uma prostituta.
Ao contrário do Solnik sugere, Trump está cada vez mais agressivo em sua campanha, não está nada acuado. O candidato à reeleição tem usado a perseguição política, pois é disso que se trata, a seu favor.
A estratégia de Trump tem sido bem-sucedida, pois aumentou o número de apoiadores, que também enxergam que se trata de uma tentativa de retirá-lo da corrida presidencial.
Efeito contrário
As condenações, isso a esquerda não conseguiu ainda entender, podem servir para aumentar a popularidade de alguns políticos. Foi assim com Lula, que saiu da prisão para se reeleger presidente.
Jair Bolsonaro também está se beneficiando da sanha persecutória. Não faltam aqueles que pregam que Bolsonaro deve ir para a cadeia e sua popularidade, no entanto, só tem aumentado.
É preciso ligar o alerta, pois a insistência em se resolver problemas políticas por meio do judiciário, como estamos vendo, pode promover em vez acabar com determinados personagens da vida pública.
A substituta de Biden
Está mais ou menos claro que Biden não tem condições físicas para concorrer às eleições. Na verdade, há quem acredite que ele sequer deveria terminar o mandato.
Fazendo alusão à saúde precária de Biden, Alex Solnik diz que uma das vantagens de Kamala Harris sobre o atual presidente é que ela, ao contrário do presidente, “sabe os nomes dos homens da Casa Branca”. Não chega a ser uma grande vantagem, é muito pouco para se vencer uma eleição, mas o imperialismo está sem opções, tanto que tem insistido até agora na candidatura de um homem que demonstra sinais contundentes de senilidade.
Solnik destaca também que “A candidata será sua vice, Kamala Harris, que já está no aquecimento, apontando as mentiras e as bravatas de Trump nas suas redes sociais”. De que pode adiantar isso. As bigtechs, que até ontem bloquearam ou restringiram as contas de Trump estão voltando atrás e restituindo seus direitos, uma prova de setores da burguesia americana já contam com uma possível vitória do candidato republicano.
Sobre as ‘bravatas’ de Trump, essa é uma característica que muitos eleitores aprovam, pois vêm nisso uma atitude firme, de alguém que se dispõe a lutar.
O atentado
Há ainda outro fator que conta a favor de Trump, o tiroteio na Pensilvânia, que contou com uma bala de raspão, um morto e dois feridos graves.
O fato é que a bala não acertou e ainda acirrou os ânimos no eleitorado americano, o que se só fez aumentar a popularidade do Donald Trump. Para alguns, o evento chancelou sua vitória para as próximas presidenciais, dificilmente aparecerá um candidato que possa suplantá-lo.
Muitas pontas soltas deixam margem para todo tipo de elocubrações. A ineficiência grotesca da polícia e do serviço secreto dão a entender que o atentado pode ter sido tramado de dentro do governo. Várias pessoas testemunharam que avisaram a polícia e nada foi feito.
Circulam vídeos na internet com dois snipers com o suposto atirador na mira. Suposto porque até agora não se pode afirmar com toda certeza de onde partiu o tiro.
Uma das estratégias do governo americano é tentar culpar o Irã que, segundo, alegam, estaria tentando vingar a morte do general Soleimani. No entanto, ninguém comprou essa história, que é uma evidente cortina de fumaça para encobrir a verdade dos fatos.
Resta saber que novo tipo de golpe tentarão até as eleições e até que ponto a figura de Kamala Harris seria importante para que isso se efetive. O que nos autoriza a acreditar que haverá outras tentativas de golpe? O simples fato de Trump estar sendo perseguido pela justiça e de ter sofrido, até onde se pode deduzir, uma tentativa de morte.
A senhora Harris, tirando o fato de ter um apelo identitário, parece ter pouco a oferecer para evitar uma vitória de Trump, talvez fique só no aquecimento e nem mesmo entre no segundo tempo do jogo. Porém, em se tratando do imperialismo, e da política americana, tudo é possível.