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HISTÓRIA DA PALESTINA

A traição de Stálin aos comunistas e aos palestinos

A partir da aliança com Churchill e Roosevelt, Stálin também passou a defender os interesses dos sionistas no Oriente Médio, ele seria um dos pais da Nakba

O stalinismo é um dos pais do Estado de “Israel”, é uma das grandes manchas na história da URSS. A posição tradicional da esquerda sempre foi contra a partilha da Palestina, mas quando Stálin se aliou com os EUA e com a Inglaterra essa posição mudou, passou a defender a criação do Estado sionista. O Grupo de Socialistas Palestinos em sua carta aberta “Sionismo: entreposto do imperialismo” denuncia essa política do stalinismo.

Ela começa: “a Internacional Comunista, desde o seu início, opôs-se ao sionismo. A sua concepção básica desta luta era a seguinte: O sionismo, como resultado do antissemitismo, recebeu o seu principal impulso durante a época do capitalismo em declínio. A derrubada revolucionária deste sistema significará o fim do sionismo. O sionismo ajuda a manter um povo colonial e reforça a posição do imperialismo. Na luta contra o imperialismo, é dever de todo revolucionário opor-se ao sionismo. A influência do nacionalismo judeu afasta o trabalhador judeu da América, da Europa, da Austrália, etc., dos seus companheiros de trabalho. A luta pela solidariedade internacional da classe trabalhadora exige, portanto, o repúdio do sionismo”.

Uma posição clara que aponta como o sionismo sempre foi um movimento contra a classe operária. Mas então o que houve para essa mudança radical. De oposição ao sionismo para o apoio a criação do Estado sionista? A carta comenta sobre esse processo:

A nova linha dos Partidos Comunistas já não tem como objetivo a derrubada revolucionária do capitalismo. Deixou de defender a abolição dos impérios (pelo contrário, os comunistas franceses apoiam o Grande Império Francês e os comunistas britânicos apoiam a unidade do Império Britânico). Esta nova virada patriótica e pró-imperialista, bem como a dissolução do Comintern, constituem o pano de fundo adequado para uma atitude pró-sionista”. Ou seja, a aliança de Stálin com o imperialismo gerou o apoio ao sionismo.

Assim os partidos comunistas começaram a criticar os que não eram sionistas. “Como em tudo, os comunistas norte-americanos ultrapassaram os seus irmãos britânicos. Por exemplo, o jornal Morgenfreiheit, órgão em iídiche do Partido Comunista dos Estados Unidos, publicou no seu número de 26.2.44 um artigo de um dos redatores, sob o título ‘A luta contra o Livro Branco’, atacando os judeus não sionistas que ousaram opor-se ao projeto de resolução do Comitê do Congresso para transformar a Palestina numa Comunidade Judaica”.

A política ultra reacionária do PCUSA é bem definida na carta: “em vez de exigirem ‘abram as portas dos EUA para os refugiados”, apoiam o sionismo! Em vez da revolução socialista internacional que resolverá o problema judaico – a Pátria Nacional Judaica!” Essa política era crucial para o Estado sionista, pois a grande maioria dos judeus europeus queria imigrar para os EUA, mas foi impedido pela política dos governos norte-americanos. Foram invés disso, colonizar o Oriente Médio, invés de se tornarem imigrantes comuns em um país rico.

O texto segue descrevendo: “também impossível dizer até que ponto a virada para o sionismo na política dos partidos comunistas é o resultado de uma tentativa da diplomacia soviética, sem perder as simpatias dos árabes, de impedir tanto quanto possível os planos da Federação (como é sabido, a União Soviética opõe-se às federações regionais em todas as partes do mundo). Eles não têm uma linha fixa e os seus movimentos em zigue-zague podem aproximá-los umas vezes dos sionistas e outras da causa árabe – dependendo das circunstâncias”.

Aqui os socialistas palestinos citam a política dos zigue-zagues stalinistas. Sem ter uma política revolucionária, ele se alinha hora com uma classe, ora com outra, ora com um país, ora com outro, no caso do Oriente Médio se alinharam com os sionistas e depois com o Egito. Mas em nenhum momento levaram adiante a política revolucionária, de unificação de toda a região em um grande país árabe. A tese de um interesse diplomático com os sionistas pode ser verdade. Isso mostra a total incompreensão do stalinismo do que era o sionismo. Ele sempre foi uma base imperialista no Oriente Médio.

E por fim a carta comenta: “em todo o caso, a aproximação do Kremlin a Churchill, Roosevelt e Smuts, o seu apoio ao imperialismo contra as convulsões revolucionárias, incluindo os levantamentos coloniais, e a renúncia à revolução socialista – a única que pode resolver o problema judeu – preparam o terreno para o reconhecimento oficial das ambições sionistas pelos partidos comunistas”.

O texto escrito em 1944 não poderia ter previsto de forma mais clara. A URSS apoiou a criação do Estado sionista não só com palavras, mas com armas. Stálin foi crucial para armar o exército sionista contra os árabes em 1948, sem o apoio militar do stalinismo “Israel” poderia ter perdido a guerra. Os partidos comunistas ainda tiveram o papel relevante de confundir o quadro, impedindo a classe operária de lutar com força total contra a criação do Estado de “Israel”. Stálin, portanto, é um dos pais da monstruosidade sionista.

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