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Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Coluna

Raul Bopp, 40 anos da morte do poeta antropofágico

"A geografia me pegou. Virei mundo"

No dia 2 de junho, 11 dias atrás, completaram-se 40 anos da morte do poeta modernista Raul Bopp. Não é surpreendente que um personagem tão importante da literatura nacional do século XX não tenha sido lembrado pela data. Uma rápida pesquisa pelo Google e nada aparece sobre o poeta, nem reportagens, nem notas, nem eventos.

Esse esquecimento não é surpreendente por dois motivos que estão interligados: 1) Os proclamados intelectuais brasileiros atuais, com raríssimas exceções, não conhecem a fundo os personagens importantes da história, das artes e da literatura nacionais; 2) Há uma enorme pressão, que é uma das causas do primeiro motivo, para difamar, caluniar e vandalizar a cultura nacional. Em particular os personagens do Modernismo brasileiro, um dos principais movimentos artísticos de vanguarda do mundo, têm sido as principais vítimas dessa política impulsionada pela ideologia revisionista e identitária a serviço do imperialismo, que transforma as conquistas nacionais em crimes.

O escritor gaúcho Zé Lima, que escreveu uma breve biografia de Bopp, já havia chamado a atenção que pouco se falou sobre a morte do poeta quando de sua morte, em 1984. Bopp foi o último grande modernista a deixar o mundo.

Nascido em 1898 na pequena vila de Tupanciretã, no interior do Rio Grande do Sul, Boop foi um viajante poeta. Antes de completar 17 anos, pego o cavalo do pai e sai para o mundo. Percorre o Rio Grande do Sul, atravessa o rio Uruguai até a Argentina, vai para o Paraguai, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e retorna oito meses depois para sua cidade.

Essa fora apenas a primeira de muitas viagens aventureiras de Bopp, a principal delas, os anos que passou em Belém do Pará, onde conhece a Ilha do Marajó, o Amapá, a Guiana Francesa, o Maranhão. Na floresta Amazônica, colhe o material geográfico, as lendas, o folclore, a linguagem e as histórias que posteriormente serão a base para o que é considerado o principal poema do movimento antropofágico, que funda com Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, Cobra Norato (1931), poema-épico do Modernismo Brasileiro, que sintetiza as principais ideias estéticas da Antropofagia.

A importância de Raul Bopp é enorme para a literatura e para o desenvolvimento da ala mais radical da vanguarda artística brasileira, que foi a antropofagia. Seu esquecimento, nesses 40 anos de sua morte, revelam que quem realmente morreu foi a intelectualidade brasileira, ao menos essa de gabinete, que tanto foi combatida pelos Modernistas.

Para homenagear o poeta, a edição de junho do Dossiê Causa Operária traz um artigo sobre ele, com pequenos trechos de seus poemas e breves relatos de suas aventuras pelo Brasil.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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