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Movimento sindical

Eletrobrás: trabalhadores entram em greve por tempo indeterminado

Empresa foi privatizada durante o governo entreguista de Jair Bolsonaro

Na manhã dessa segunda-feira (10), os trabalhadores da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf Eletrobrás), reunidos no prédio central da empresa, localizado no bairro de San Martin, no Recife, decretaram greve por tempo indeterminado. A assembleia contou com centenas de trabalhadores, que se juntaram aos funcionários de outras subsidiárias do setor elétrico que decidiram parar tudo em protesto contra a gestão privada da Eletrobrás. O Sindicato dos eletricitários de Furnas e Região também aderiu ao movimento paredista.

Os trabalhadores do setor elétrico já estavam sob estado de greve, aprovado no dia 3 de junho. Na medida em que as negociações não avançaram, agora cruzaram os braços definitivamente. Entre as denúncias da categoria, estão as de que, desde que a Eletrobrás foi privatizada no governo de Jair Bolsonaro (PL), entregue a capitalistas como Jorge Paulo Lemmann, a empresa já diminuiu em cerca de 12,6% seu quadro de funcionários, ou seja, demitiu 4.066 trabalhadores. Além disso, houve um corte de 11% em despesas com funcionários, com redução de 33% na folha de pagamento dos trabalhadores.

Para explicar melhor o que está acontecendo com o setor elétrico, o Diário Causa Operária (DCO) conversou com o engenheiro eletricista Mailson da Silva Neto, trabalhador da Chesf. Neto é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco (Senge).

Fale um pouco da empresa em que trabalha. Eu trabalho na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, que, depois da privatização, passou a se chamar Chesf Eletrobrás. A Eletrobrás é uma das maiores empresas de energia elétrica da América Latina. Ela é responsável por cerca de 30% da geração e algo em torno de 40% da transmissão. Cerca de 70% da transformação já está sob privatização.

E qual a relação entre a privatização e a atual greve? Eles estão com essa agenda de retirar direitos dos trabalhadores, né? E o ACT [Acordo Coletivo de Trabalho] aponta para essa direção. Retirar o máximo de direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo de 75 anos de história. O setor elétrico estatal, ele inicia na década de 1940, com Getúlio Vargas. A Chesf foi uma das primeiras empresas hidrelétrica de porte que surgiu no País. Uma empresa que surge a partir do investimento público. O setor elétrico era totalmente privado antes da década de 40, e depois passou a ser público. Foi aí quando nós construímos esse setor elétrico, que hoje está aí, que é um setor elétrico interligado, um setor que interliga eletricamente todas as regiões, e com isso, também de uma forma indireta, também se interliga às bacias hidrográficas. O que está em discussão é que a empresa apresentou uma proposta em que ela dividia a categoria em faixas salariais. Trabalhadores que ganhassem até R$6.000 receberia o índice, o IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo]; quem recebesse entre R$6.000 até R$16.000 não receberia o índice e nada; e quem recebesse acima de R$16.000 iria ter o salário reduzido. Ela não disse quanto vai reduzir esse salário, então fica uma incógnita, né? E o outro ponto é que ela congela o plano de cargos e remuneração e isso impacta a categoria, e também causa uma certa instabilidade, porque é para a formação de carreira e o desenvolvimento da carreira dentro da empresa.

Outro ponto que provoca a paralisação é a falta de vontade da própria Eletrobrás de negociar. A empresa disse que era a última proposta praticamente na quinta rodada de negociação. Mas muitas vezes, a gente precisa de 10, 12 rodadas para conseguir fechar os acordos, né? Nós estamos reivindicando a reposição da inflação para todos os trabalhadores e a não discriminação da categoria por salário. Até porque a força de trabalho é feita por todos, né? Essa greve é uma greve nacional que vai, que começa nesta segunda-feira.

O que mais você criticaria sobre a privatização da Eletrobrás? A representação do governo é a maior representação de todos os acionistas. Para se ter uma ideia, o governo tem 43% das ações. Entretanto, com a privatização da Eletrobrás, eles limitaram o poder de voto e de comando da empresa do governo a 10%. Nem isso está acontecendo, porque a indicação não está sendo do governo e isso nós temos contestado junto à sociedade. O próprio presidente Lula colocou a questão da reestatização da Eletrobrás na campanha eleitoral e hoje está sob a relatoria do ministro Nunes Marques. Há uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, porque o artigo 40 e o artigo terceiro da lei que privatizou a empresa estabelece exatamente que do nada deixa de existir 33% das ações. Mas ninguém, nem o Estado brasileiro recebeu indenização. E isso causa uma aberração jurídica. Por isso que foi questionado. E nós estamos também, sempre que possível, relatando isso na vida social, para não deixar o debate esfriar na sociedade. E hoje em dia a gente reconhece que há uma dificuldade do governo com relação ao Congresso, com relação à questão do Banco Central.

Qual impacto que você espera com essa greve? É importante frisar a importância da Eletrobrás para o setor elétrico nacional e o setor elétrico da América Latina. A energia é um item fundamental para o desenvolvimento humano. As últimas greves foram greves que, quando a gente começou, a empresa chamou [a Justiça] e o juiz pediu para a gente suspender. A gente chegou até aqui, a gente buscou negociar. O entrave todinho da negociação é porque a empresa, simplesmente ela, se nega a negociar, o que vem acarretando uma insatisfação na categoria e um desgaste, né? Mas a categoria está muito unida, muito forte, muito firme e nós vamos lutar também pelo direito de greve, que é um direito garantido na Constituição brasileira.

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