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Editorial

Ou acabamos com o capitalismo, ou o capitalismo acabará conosco

Política neoliberal, causadora da tragédia no Sul do País, é a única política da burguesa e ameaça todos os demais estados

Diante da desgraça que toma conta do estado do Rio Grande do Sul, supostos especialistas encontraram melhor culpado de todos: o clima. Finalmente, o clima, um fenômeno natural, não pode ser responsabilizado por nada. É um crime sem responsável. Uma intervenção divina, segundo ambientalistas mais fanatizados, contra uma humanidade que deixou de respeitar a natureza.

Por outro lado, as chuvas, compreendidas até certo ponto meteorologia, agora passaram a ser imprevisíveis. Voltamos séculos no desenvolvimento da ciência climática e da própria previsão metereológica.

Que vai chover, todos sabem. Em São Paulo, por exemplo, é comum a chuva alagar uma série de regiões do estado e da capital. No lugar de investir dinheiro público em obras e outras melhorias para a população, o governo paulista se limita a fixar uma placa alertando: “área de alagamento”. Quem puder, que evite a região; quem mora lá, que aprenda a lidar com o problema.

Essa mesma política resultou na tragédia gaúcha. É a política tradicional dos governos burgueses de sustentar bancos, setor parasitário da economia, e abandonar, se possível por completo, qualquer serviço social, qualquer obra que sirva aos interesses do povo. 

Muitas pessoas começaram a se perguntar: e minha cidade? E meu estado? Será que temos o mesmo risco que o Rio Grande do Sul? Certamente, pois a política é fundamentalmente a mesma dos governos capitalistas. É preciso sustentar os lucros dos bancos, e não por acaso é um banco que está recebendo parte das doações que milhões de brasileiros fazem desde o início das enchentes para ajudar o povo do Rio Grande do Sul.

Esses bancos, que lucraram até então com as privatizações promovidas pelo governo de Eduardo Leite (PSDB), devem ser expropriados e todos os seus recursos devem ser direcionados a organizações dos trabalhadores do Rio Grande do Sul, como sindicatos, associações, etc. Os bancos, que governaram o Rio Grande do Sul representados por Leite, são os principais responsáveis pela tragédia no sul do Brasil.

Para a burguesia, uma das questões mais importantes é o aumento da repressão no Rio Grande do Sul. O furto é reflexo natural do abandono da população. Diante de tudo que está acontecendo, um dos encontros do governo estadual com o Executivo federal foi justamente para ver se era possível decretar Garantia de Lei e Ordem para o estado, ou seja, colocar as Forças Armadas não à serviço dos necessitados, mas para esmagar quem se atreva a saquear algum mercado.

De acordo com informações que chegaram até este Diário, a população afetada do Rio Grande do Sul está abandonada à própria sorte. Tanto prefeituras quanto o governo estadual não conseguem e nem querem fazer mais que andar pela região com o colete da Defesa Civil. Na realidade o colete deve ser a última coisa que sobrou do órgão, que foi totalmente abandonado na gestão de Eduardo Leite.

A esquerda também não conseguiu ir muito longe sobre o que deve ser feito agora, isso sem considerar setores que, influenciados pela imprensa capitalista, também atribuem a tragédia do Rio Grande do Sul às mudanças climáticas.

O estado foi abandonado. O que existe é a manutenção dos lucros daqueles que já lucravam e exploravam o povo, os banqueiros. É diante desse problema que propostas devem ser apresentadas, como a suspensão das cobranças de água, luz e telefone, por tempo indeterminado; auxílio emergencial para todos os afetados; todos os recursos do estado, financeiros e humanos, serem direcionados para a reconstrução da região. Ações que podem efetivamente resolver a situação.

Não existe problema em um cidadão comum que realiza uma doação a entidades que socorrem o povo gaúcho. É um gesto louvável de solidariedade. Mas existem grandes quantidades de dinheiro público que estão sendo entregue aos banqueiros, não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o País e que poderiam ajudar, rapidamente e de maneira mais efetiva, a reconstruir tudo que foi destruído. São recursos que poderiam, com folga, ser utilizados para realizar as obras públicas necessárias para evitar que tragédias como essa se repitam no futuro. E é justamente isso que pessoas como Eduardo Leite não querem fazer. Querem que o povo brasileiro pague pelo estrago que fizeram.

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