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Contra o extermínio

O lado certo é o da reação dos oprimidos, os palestinos

Só existe um lado certo para ser apoiado, e esse lado é a Palestina e seu grupo armado, o Hamas. Não faz o menor sentido afirmarem que não se pode tomar partido por nenhum lado.

O portal Brasil 247 publicou a coluna intitulada “Conflito Israel/Palestina. Hora de solidariedade e não de hipocrisia”, onde o autor defende que “nenhum dos lados está certo. Os países não devem tomar partido como torcida”. A coluna também mantém a mitologia, criada pela imprensa capitalista, de que o Hamas é um grupo terrorista.

Primeiramente, é preciso deixar absolutamente claro que defender o Hamas é estar do lado certo, pois não se deve confundir a violência do oprimido com a violência do opressor. Israel é o opressor da Palestina, do mundo árabe e de todos os oprimidos, pois se trata de um enclave territorial do imperialismo no Oriente Médio.

Em segundo lugar, o Hamas, como está no próprio nome, é um Movimento de Resistência Islâmica. A organização foi criada em 1987 pelo xeque Ahmed Yassin, um filantropo, que atuava a partir de recursos recebidos de países árabes.

O Hamas se desenvolveu a partir da decadência da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada pelo líder Yasser Arafat. À medida que os métodos da OLP enfraqueceram, os palestinos descontentes começaram a desertar para os militantes de Yassin. 

Foi então que em 1987, que o movimento Hamas foi fundado. Sua ideologia era mais explícita de que Israel não tinha o direito de existir, por isso arregimentou muitos militantes. Portanto, o objetivo declarado do Hamas é devolver à Palestina todos os territórios que lhe pertenciam antes da formação de Israel, em 1948.

Deste modo, o Hamas surgiu a partir de uma luta contra a colonização israelense. Poder-se-ia dizer que os métodos do Hamas não são legítimos, como quer a imprensa capitalista, porém, a política militar de Israel contra o povo palestino acaba demandando uma luta que tente se equipara para resistir. Não seria com rosas, diante da opressão armada e política de apartheid, que o Hamas atuaria. 

Atualmente, o Hamas é uma grande força política, que ganhou importância em meados dos anos 2000, vencendo as eleições locais em Gaza e, em seguida, as eleições parlamentares. Assim, o Hamas é hoje um dos dois principais partidos palestinos e continua a ser a força de fato que governa Gaza.

Amiúde, o autor da coluna para o 247 afirma que “em conflitos ou guerras armadas, os dois lados estão errados. Principalmente neste conflito entre Israel e Hamas. Nada justifica uma guerra”. Essa sentença é problemática, porque a guerra é um fato do imperialismo, sempre terá guerra enquanto vigorar esse regime de opressão.

Na visão idealista, quem se defende da opressão está promovendo a guerra. Nada mais falso do que isso, pois as declarações de guerra – que não precisa vir por meio de um “comunicado especial” – são sempre do imperialismo contra um dos territórios oprimidos.

A paz só pode existir com a vitória sobre o imperialismo, e o Hamas está desafiando a ordem pelo fato de seu território estar sob fogo permanente ateado pelo Estado genocida de Israel. Contraditoriamente em relação à postura centrista, o autor demonstra que há uma política de extermínio na Faixa de Gaza, o que deveria suscitar justamente o apoio total à Palestina e ao Hamas.

Porém, a opção do colunista foi considerar o Hamas como grupo terrorista que “não possuem civilidade e não aceitam nenhuma proposta de paz. Querem tomar o território de volta à força”. Essa afirmação é preconceituosa e reforça os ataques de Israel via imprensa e internet, e ademais, um povo usurpado tem total direito de tentar tomar o território que era deles a força, que por sinal, é bem menor que de Israel, com todo lobby sionista para protegê-lo ideologicamente.

Nesse sentido, os países, ao contrário do que propõe a coluna, deveriam sim tomar partido pelo Hamas, pois existe uma política de campo de concentração, na maior prisão a céu aberto do mundo, que é a Faixa de Gaza. De acordo com o colunista, “a posição de mediar novamente à paz é o caminho, mas não tão cedo haverá esse objetivo. Haverá sim uma espiral de tragédias”. 

A contradição é aberrante, pois se o objetivo da paz não cessará tão cedo, então por que não estar ao lado dos oprimidos? Não basta apoiar a Palestina, é preciso apoiar o Hamas, que se tornou a força armada que representa o povo palestino na guerra. Se não fosse o Hamas, a Faixa de Gaza poderia estar loteada de assentamentos israelenses.

Em todo conflito do imperialismo contra os povos oprimidos, a imprensa descarrega a tinta nos movimentos de resistência, taxando-os de todos os piores adjetivos, e a esquerda pequeno-burguesa sequer desconfia, que essa fabricação de conceitos negativos, serve justamente ao propósito de destruir ideologicamente as forças que se colocam em contradição ao imperialismo.

O terrorismo de fato é por parte de Israel com apoio de um poderoso lobby no conjunto de países imperialistas. Israel foi criada justamente para aterrorizar o Oriente Médio e impor sua ideologia liberal sionista ao mundo. Já a Palestina perde território a passos largos e sua população está diminuindo muito rapidamente, por isso é preciso defender o braço armado do povo palestino, que é o Hamas. O Hamas é Palestina e a Palestina é o Hamas, não há dicotomia. Todo apoio ao Hamas, pois o lado certo é o da reação dos oprimidos.

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