No último dia 19 de setembro, no portal da União Nacional dos Estudantes (UNE), a diretora de movimento sociais da entidade, Marina Amaral, publicou um artigo chamado “Por que queremos uma mulher negra e progressista no STF?”.
Embora a maioria da diretoria da UNE seja composta pela UJS/PCdoB, a autora do artigo é militante do PSOL, da corrente Resistência. Ela está fazendo eco à campanha imperialista pela mulher negra no STF.
O que está acontecendo é que de algumas semanas para cá, ONGs abertamente financiadas pelo imperialismo, como é o caso da Open Society, do bilionário George Soros, ou a Função Obama, do ex-presidente norte-americano, começaram uma campanha para que Lula escolha uma mulher no lugar que será deixado por Rosa Weber, no STF.
Segundo a diretora da UNE, “nas últimas semanas, tem se intensificado diversas campanhas articuladas pelo Movimento Negro e organizações de esquerda pela nomeação de uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal”, logo no início do artigo, ela mostra não ter a menor noção do que é essa campanha, de onde vem e o que significa. Em primeiro lugar, porque não é o movimento negro que está fazendo essa campanha, mas são ONGs com financiamento estrangeiro no Brasil e ONGs estrangeiras. É falso dizer que ONGs fazem parte de movimento popular.
Mais adiante, outra confusão da diretora da UNE: “Mesmo sendo esse o caráter do STF, é fundamental ter pessoas progressistas nesses espaços de poder. Por isso, uma mulher negra representa essa necessidade, pois as principais contradições existentes hoje em nosso país são de raça, classe e gênero.” Ela acredita que uma mulher negra é sinônimo de ser progressista. O que vale é a política, mas se a diretoria da UNE tem alguma dúvida, basta vermos que da lista tríplice que foi apresentada pela ONG Mulheres Negras Decidem, pelo menos duas integrantes são defensoras da Lava Jato.
Ainda que Marina Amaral não tenha defendido a tal lista tríplice em seu artigo, fato é que ser mulher e negra não significa que a pessoa será progressista.
A diretora da UNE afirma que a escolha de Lula por Cristiano Zanin foi errada. Mas ela não percebe justamente que Lula fez uma escolha política ao colocar alguém de sua confiança. Não significa dizer que Zanin é mais ou é menos progressista, a discussão não é essa. Embora não possa ser garantido, o que Lula buscou foi alguém de sua confiança que no mínimo não faça com ele o que os ministros do STF fizeram no golpe de 2016 contra Dilma e na sua prisão em 2018.
O STF é uma instituição reacionária e anti-democrática, seria preciso acabar com ele. Os defensores da mulher negra no STF se dividem em dois: os picaretas que estão fazendo a campanha para desgastar Lula e o ingênuos que acreditam que isso será muito importante para mudar a vida da mulher negra no Brasil.
Sobre essa segunda categoria, é preciso explicar que a vida da mulher negra não será afetada nem uma única vírgula por conta de um cargo no STF. Pelo contrário, o provável é que essa ministra siga a política direitista e reacionária do restante do STF, diferentemente do que acredita a diretora da UNE.
Se há uma campanha que defenda realmente as condições de vida da mulher negra, há muitas coisas a serem levantadas. Com certeza, lutar por um cargo para uma pessoa no órgão mais reacionário do regime político burguês não é uma delas.
