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Um roubo sem tamanho

Bancos ganham mais com a “nova taxa” do que na era Bolsonaro

Redução de 0,5% da taxa, diante de uma queda da inflação de mais de 50%, representa, na prática, garantir para os bancos ganhos ainda maiores que em 2022 

No último dia 2 (quarta-feira), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) definiu uma queda de 0,5% na taxa de juros (Selic). De 13,75% desde agosto de 2022 a taxa foi reduzida para 13,25%, o que mantém o Brasil com o vergonhoso título de ostentar a maior taxa de juros real do mundo. 

A pequena queda muito pouco altera o roubo atual, que garante aos banqueiros quase metade do orçamento federal, cerca de R$2,5 trilhões por ano. Equivale a uma redução nominal de cerca de pouco mais de R$20 bilhões, equivalentes a menos de 0,1% do que foi previsto para que os bancos embolsem, apenas do orçamento federal neste ano, conforme gráfico abaixo:

Maiores ganhos

No momento em que a absurda taxa anterior foi estabelecida (agosto de 2022), em pleno governo Bolsonaro, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) era de 8,73%. Isso significa que o ganho real (oficial) – acima da inflação – dos bancos era da ordem 5,02%. A conta é feita considerando a diferença entre a taxa de juros e a taxa de inflação.

No mês passado, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o IPCA acumulado para 12 meses era da ordem de 3,16%. Com a taxa mantida em 13,75%, os ganhos atuais seriam de 10,59%. Com a queda de 0,5%, o ganho real dos bancos chega a 10,09%, portanto equivale a mais do que o dobro do que os banqueiros ganharam no auge da taxa no governo Bolsonaro.

O cinismo dos defensores da política dos bancos no Copom é tamanho que até o presidente do BC votou a favor da redução de 0,5%, contra a posição da maioria do seu grupo de reduzir apenas 0,25% para encenar que está sendo adotada uma nova política, quando – no fundamental – se mantém e até crescem os ganhos dos bancos, graças à redução da inflação.

Sabotagem

Isso é garantido pelo fato de que o governo Lula não tem qualquer controle do Banco Central, graças à criminosa política de autonomia do órgão, aprovada no governo golpista de Bolsonaro com o voto de toda a direita, inclusive os setores que hoje integram o governo Lula como verdadeiros cavalos de Troia, para sabotar qualquer ação real do governo em benefício do povo trabalhador.

Esses e outros ataques contra o povo trabalhador são garantidos pelo fato de que o governo Lula e o povo não têm qualquer controle real sobre o Banco Central, assim como não controla outras instituições do regime, como as PM’s e demais órgãos de repressão.

No caso do Bacen, a criminosa política de autonomia do órgão (totalmente dependente dos banqueiros), que mantém no comando do banco um playboy bolsonarista, foi aprovada no governo golpista de Bolsonaro com o voto de toda a direita, inclusive de setores que hoje integram o governo Lula como verdadeiros cavalos de Troia, para sabotar qualquer ação real do governo em benefício do povo trabalhador.

Quem paga a conta e sofre pesadamente com as consequências dessa expropriação é o povo trabalhador, para quem faltam recursos públicos para atender suas necessidades.

Falta mobilização

A correta proposta da CUT e de outros setores de realizarem uma mobilização efetiva a favor da redução (de verdade) dos juros e por fora Campos Neto, foi paralisada pela política de derrotas de lobbies no Congresso, com a ilusão de que o Senado Federal, dominado pela direita (serviçal dos interesses dos banqueiros), vai impor um controle sobre essa roubalheira..

É preciso romper com a política de esperar pelas iniciativas das instituições dominadas ou contidas pela direita e passar a uma mobilização real dos trabalhadores e de suas organizações de luta, com reivindicações centrais tais como o fim da “autonomia” do Banco Central. Fora Campos Netto; redução de verdade, imediata das taxas de juros; sobretaxação dos bancos e grandes fortunas e fim dos impostos sobre o consumo e salários. Imposto único sobre o grande capital.

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