Com as intensas tempestades deste fim de semana, cerca de 3 mil pessoas precisaram ser evacuadas de suas casas, deixando para trás seus bens, em sua maioria destruídos pela inundação. Rios transbordaram, ruas ficaram alagadas e pontes foram destruídas pelo descaso de um poder público que não faz o mínimo para se preparar para as intempéries frequentes nessa época do ano.
A tragédia não é surpresa. No fim do ano passado, a catástrofe foi gigantesca, contabilizando mais de 24 mortos e mais de 600 mil pessoas desabrigadas só no sul da Bahia, como já foi denunciado por este Diário. Um ano se passou e o flagelo se repete, sem que qualquer medida de prevenção tenha sido efetivamente tomada além de algumas sirenes em locais mais críticos.
As chuvas são fenômenos naturais que não têm como serem evitados, entretanto já se tem conhecimento técnico e recursos suficientes para garantir ações de proteção da população, impedir mortes, danos urbanos e de moradias. O que é necessário é investimento público em infraestrutura, em construção de moradias em locais seguros. Só assim que alagamentos, destruição de casas e perda de vidas deixarão de ser acontecimentos certos em todo verão brasileiro.
3 mil desabrigados na cidade de Prado
Desta vez, a cidade de Prado foi a mais afetada, com quase três mil pessoas desalojadas. Mas outras cidades também foram atingidas. Ibicaraí teve cerca de 80 pessoas desabrigadas, Itanhém com pontes destruídas, Itabuna teve mais de 51 mm de chuva. E ao menos cinco outras comunidades ficaram isoladas por conta do bloqueio de pontes que são suas únicas vias de acesso.
A prefeitura de Prado, ao invés de usar seus recursos públicos para remediar a catástrofe, começou uma campanha pedindo doações à população civil para ajudar os desabrigados. Na imprensa golpista ninguém discute o fato de que uma prefeitura precisa pedir doações para a população que vive em crise enquanto o Estado brasileiro gasta mais de 50% do seu orçamento para pagar juros da dívida pública aos bancos. Assim, a catástrofe social se amplia.
PEC do Teto
Com esse caso, vemos como o teto de gastos, que limita os investimentos do Estado, impacta o povo, prejudicando principalmente a população mais pobre e vulnerável. Trata-se de uma PEC feita para beneficiar os banqueiros que restringe as possibilidades de investimento em obras e infraestrutura e dificulta a assistência daqueles que necessitam de auxílio num momento de desastre.
Como foi dito por este Diário, “o Estado brasileiro funciona de maneira que existe uma extensa legislação feita para limitar o investimento público direcionado aos pobres. Ao mesmo tempo que, para os ricos, não existe restrição alguma“. Por isso, devemos impulsionar o governo Lula a pôr fim ao teto de gastos, para dar uma vida verdadeiramente digna aos brasileiros que mais precisam. Não deve haver limites para gastos com o povo.
Ventos e tempestades pela frente
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmetro) já anunciou a previsão de chuvas intensas e fortes rajadas de ventos em vários outros estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina). Os perigosos eventos climáticos, típicos dessa época do ano, estão só começando. Resta observarmos até quando a população vai parar de aceitar passivamente todo o descaso que vem sofrendo e começar a cobrar duramente nas ruas a ação daqueles que ocupam o poder público e nada fazem. Essa é a verdadeira tempestade que os políticos burgueses devem temer. Toda paciência tem limite, a do povo brasileiro também.
