Nem é de esquerda

Boric critica o socialismo porque é um funcionário dos EUA

Presidente chileno repete como papagaio a propaganda do Partido Democrata e da CIA contra o comunismo e ataca novamente Cuba, Venezuela e Nicarágua

A revista Time atacou novamente. Essa porta-voz do imperialismo que anteriormente divulgou o golpista Guilherme Boulos, Yaku Perez, o “indio” golpista do Equador, Marina Silva, a golpista do Itaú, e Svetlana Tikhanovskaya, a golpista da Bielorrússia, agora divulga em sua capa o presidente do Chile, Gabriel Boric. A revista rasga elogios ao “mais jovem presidente do Chile” que, por meio da propaganda do imperialismo, se tornou o símbolo da nova esquerda, ou “nova guarda” como diz a Time. Já Boric faz questão de cumprir o seu papel, ataca o “socialismo do século XX” e o governo da Nicarágua.

Boric: A nova guarda do imperialismo na América Latina

Primeiramente é preciso recapitular a trajetória de Gabriel Boric até a sua presidência no Chile. De acordo com a revista Time, sua trajetória começa há mais de 10 anos no movimento estudantil, apesar dele ter de fato atuado nessa área isso não tem nada a ver com a sua alçada a presidente da república. O que aconteceu no Chile foi que em 2019 uma gigantesca mobilização popular se iniciou contra o governo neoliberal de Piñera, com tendências revolucionárias, isso esgotou a possibilidade de um direitista, como Kast, que concorreu à presidência, assumir o governo.

O partido que estava ganhando popularidade com as mobilizações era o tradicional Partido Comunista Chileno, que ao contrário do PCB brasileiro, até hoje mantêm alguma relação com a classe operária do país. Por muitos meses o candidato mais popular era um membro do PCCh e tudo indicava que ele se tornaria o novo presidente do Chile. Contudo o imperialismo não estava disposto a aceitar a esquerda no governo, assim se armou um golpe por meio das prévias eleitorais em que Boric foi alçado como candidato da Frente Amplia.

Foi assim que Boric conseguiu vencer as eleições, se tornando o candidato da esquerda com o apoio do imperialismo e concorrendo contra um fascista ele assumiu o governo. Desde o periodo eleitoral já estava claro que ele serviria aos interesses do imperialismo no país, os próprios trabalhadores não tinham muita simpatia por Boric mas queriam evitar a vitória de Kast, uma continuação do antigo governo, a qualquer custo. Boric durante a campanha eleitoral também deu as clássicas declarações da esquerda pró imperialista, atacando Cuba, Nicarágua e Venezuela.

É o que ele fez novamente na atual entrevista para a revista Time. Ele disse: “eu não vejo o estado controlando tudo como nos socialismos do século XX, que falharam. Nós temos que assumir a culpa dessas falhas”. É uma declaração clássica dos reacionários, uma campanha anticomunista e anti-operária. O seu próprio país é a prova de que o socialismo do século XX não falhou, o governo reformista de Salvador Allende foi derrubado após três anos pelo imperialismo dos EUA, Cuba segue de pé há 60 anos mesmo com os embargos econômicos.

Mas a sua colocação fica ainda pior, ele ataca o governo da Nicarágua, em conluio com a campanha imperialista que está atualmente a todo vapor contra Daniel Ortega. “Eu posso ficar indignado quando os direitos são violados na Palestina mas não na Nicarágua? Quando a defesa dos direitos humanos é parcial então ela perde a legitimidade. No Chile faremos as coisas de forma diferente” É uma campanha absurda, o Chile estando na América Latina serve como base de ataque do imperialismo à Nicarágua e aos outros governos nacionalistas e socialistas do continente.

Além disso, as violações de direitos humanos são milhares de vezes piores em todos os países atualmente ou que já estiveram sob o controle do imperialismo, só na América Latina: Paraguai, Colômbia, El Salvador, Haiti, República Dominicana, Panamá, Honduras, Bolívia, Peru etc. Comparar a ditadura brutal imposta sobre os Palestinos com o governo da Nicarágua, que é um exemplo em toda a América Central, é uma campanha em defesa da derrubada de um governo que, mal ou bem, surgiu da revolução dos trabalhadores nicaraguenses.

Boric também segue a cartilha do imperialismo no que tange o meio ambiente. A revista Time faz questão de frisar “uma geração antiga da esquerda latina americana, incluindo muitos que ainda estão ativos hoje, frequentemente fizeram sacrifícios problemáticos – ignorando o meio ambiente, a democracia e os direitos humanos – na luta pela sociedade socialista”. Aqui fica claro a divisão traçada pelo imperialismo. Boric é a nova esquerda bem-comportada que defende a floresta e os direitos humanos, Lula, Maduro, Kirchner, Morales e Correa são a velha esquerda “problemática” e “socialista”

Assim como as outras personalidades divulgadas pela revista Time Gabriel Boric é um boneco do imperialismo, imposto do Chile por meio de um golpe contra a mobilização popular. Ele é um bebe de proveta dos EUA para testar o modelo da nova esquerda, que parece que já se expandiu para a Colombia com Gustavo Petro. Boric é um funcionário dos EUA no governo do Chile irá atacar não só os chilenos como todos os trabalhadores da América Latina. Seus primeiros meses de governo já se mostraram ultra repressivos. Aos chilenos só reste seguir na mobilização popular e organizar um partido operário para que os trabalhadores possa de fato tomar o poder.

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