O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araujo Pereira causou enorme comoção na imprensa golpista brasileira. O assunto foi bastante debatido e analisado em vários noticiários e programas em todos os meios de comunicação.
Longe de comprovar a existência de qualquer princípio por parte do Partido da Imprensa Golpista (PIG), o que a repercussão mostrou foi como funcionam os meios de comunicação da burguesia: dão destaque à exaustão aos eventos que interessam aos donos do poder e o mínimo possível aos que dizem respeito as populações mais carentes e oprimidas de nossa sociedade. Nessa situação, enquanto uma imensa comoção foi manifestada pela grande imprensa no caso Dom Phillips, os inúmeros de assassinatos de índios e sem terra Brasil afora não encontram a mesma reação.
O caso recente do massacre na cidade de Anambaí, no estado do Mato Grosso do Sul, onde vieram a óbito dois cidadãos de etnia indígena e 10 ficaram feridos em mais uma violenta ação da PM, ilustra bem o fato. Desde o golpe de estado de 2016 e a chegada ao poder de Bolsonaro, devido a imensa fraude eleitoral de 2018 que tiraram o ex-presidente Lula do certame, os assassinatos de indígenas cresceram enormemente no país.
Durante o governo Bolsonaro – que cumpre sua promessa de campanha de não demarcar nada das terras indígenas –, o número de mortes de pessoas dos povos indígenas se multiplicou. Isso indica uma inegável relação entre os ataques aos órgãos de proteção aos índios e o aumento dos casos de assassinato. Nos últimos anos se tornaram cada vez mais corriqueiras as matanças promovidas contra a população indígena por toda a espécie de interesses econômicos que assolam a região das reservas, sejam empresas, latifundiários, grileiros ou empresas de mineração nacionais e internacionais. Essa epidemia de violência, que vitima o povo indígena na região da Amazônia, no norte e no centro-oeste, nunca ganhou o mesmo destaque. Nem lágrimas, nem comoção, nem matérias investigativas extensas, nada.
A comoção pela morte de Dom Philips e Bruno Pereira, portanto, nada tem a ver com a defesa dos oprimidos no campo. O assunto só teve interesse para os capitalistas porque viram no caso a oportunidade de usá-lo para uma campanha eleitoral contra Jair Bolsonaro, com o claro objetivo de promover a chamada Terceira Via.