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A lei do mais forte

Assentados da reforma agrária são ameaçados por grileiros no Pará

Famílias são duramente ameaçadas pelos serviçais de fazendeiros que desejam se apropriar de seus lotes com violência e expulsá-los do local

Em um total de 54 famílias, moradores e trabalhadores do lote 96, Gleba Bacajá, Anapu, município localizado no sudoeste do Pará, estão sendo vítimas de constantes ameaças de violência por parte de um latifúndio, em uma tentativa de expulsá-las de lá para tomar-lhes a terra, e e negociá-la no mercada imobiliário com a venda e especulação no setor.

Em curso na justiça, processo na Vara Agrária de Altamira, coloca em questão a propriedade dessas terras, em cuja ocupação por alguns conta com mais de 10 anos, se dessas famílias, ou de um latifundiário e de nome Antônio Borges Peixoto, que se diz proprietário.

O município ficou conhecido mundialmente em 2005 quando pistoleiros assassinaram a freira estadunidense Dorothy Stang, a mando de fazendeiros que, já naquela época, tomavam os lotes destinados à reforma agrária com violência, morte e destruição contra os trabalhadores do campo e assentamentos locais.

Remonta daí os atentados e série de violência na região contra as famílias de trabalhadores rurais e sem tetos assentados nesses lotes, dos quais nem a justiça nem o poder público se importam ou toma providência. Muito pelo contrário Geralmente  apoiam esses fazendeiros. 

Quando não são vítimas de assassinatos, são espancamentos, ameaças e até casas incendiadas para espantar os moradores do local. O caso do senhor José Pereira de Oliveira é uma destas histórias de testemunhas desse terror. Foi em 05 de outubro de 2020, quando, pela manhã, a casa  foi tomada pelo fogo  e quase que inteiramente destruída. Sorte a família não estar no local na hora do incêndio. Foi visto saindo do local na hora “h”, um vaqueiro do senhor Antônio Borges Peixoto.

Em janeiro deste ano, fizeram o mesmo com a casa do casal Lucival Fernandes da Silva e Ronieli da Conceição, que mora e trabalha na posse e tem um filhinho de dois anos. Eles também foram ameaçados por dois homens de Antônio Borges Peixoto, o que acabou virando caso de política, e, por determinação do delegado de Marabá, policiais foram designados para a segurança constante do local.

Uma equipe de Anapu, a Comissão Pastoral da Terra (CPT-PA) têm procurado denunciar estes constantes ataques enquanto não sai a decisão judicial alertando a todos sobre a situação de perigo e das ameaças sofridas pelas famílias, e que, ao lado da pandemia, vem afligindo os moradores do lote 96, que, apesar do reforço policial, não tem sido suficiente, até porque os policiais não ficam direto com revezamento de turnos, pelo contrário. São presenças esporádicas, o que torna a situação mais difícil e complicada.

Com a ajuda da máquina do Estado, tendo a sua frente o golpista Bolsonaro, a disputa pelas terras com os latifundiários fica cada vez mais injustamente desigual. Se de um lado se colocam os trabalhadores do campo brigando por um chão, suas moradias, o plantio e a caça para sua subsistência, por outro, fazendeiros, grileiros, as madeireiras e as grandes empresas do garimpo, lutam pelo lucro em si, sem o menor escrúpulo ou consideração em relação às vidas em jogo.

O objetivo de Bolsonaro não é outro senão jogar essas terras no mercado e ver a sua exploração. Com isso esses fazendeiros, grileiros, evitam o desenvolvimento de um política de assentamento nessas terras improdutivas, aterrorizando que já está lá vivendo este processo, ocupando e trabalhando na terra em longas datas. E é isso que está em vigor desde o começo do governo Bolsonaro no Brasil, caminhando  com o aparelhamento e a militarização de órgãos como a Funai, legalizando a grilagem nas terras indígenas, e as invasões pelos fazendeiros. 

As instituições, hoje, não oferecem mais nenhuma garantia da salvaguarda dos direitos indígenas à demarcação das terras, muito pelo contrário. Neste sentido, o caminho para a solução é o combate franco e aberto dos povos indígenas contra a ocupação de suas terras pelos invasores, com a consequente expulsão deles das terras.

Cabe à esquerda apoiar essa iniciativa de defesa destas famílias, e lutar, não só pela manutenção dessas ocupações, como também pelo fora Bolsonaro, cada vez mais decididamente, para que esquemas espúrios como esses sejam aniquilados na raiz do problema, já que é sob a guarda do seu governo fascista e covarde, de dos governantes locais, de partidos de direita apoiados pela burguesia, que atitudes como essas, que deviam ser severamente coibidas, são, não só defendidas pelas instituições, como incentivadas.

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