Em entrevista ao jornal El País, o ex-presidente Lula declarou “Se quiserem fazer frente ampla para que os ricos paguem impostos, estou disposto. mas fazer arranjo por cima sem dizer o que vai acontecer com o povo pobre… Desculpa, já tenho idade demais para isso. Só faço frente ampla se for para devolver os direitos do povo trabalhador”.
A declaração de Lula vem em contradição com todo processo de frente ampla organizado pelos principais setores da burguesia com a esquerda pequeno-burguesa. O próprio PT se submeteu a ele em diversos locais, mesmo sendo o principal atingido pela operação, que visa isolar o partido que é hoje o maior da américa latina.
O ex-presidente nesta quarta-feira (6) também chegou a colocar que “O PT será responsável pela retomada do governo em 2022”, deixando claro que esta foi a intensão do partido lançar o maior número de candidatos em capitais.
Ambas as colocações de Lula chamam a atenção, devido a postura muito mais a esquerda que partidos como PSOL e PCdoB, que optaram por aliar-se com a direita e encurralar o PT em grande parte das eleições locais.
A frente ampla já demonstrou que é uma profunda derrota para toda esquerda de conjunto. Não há um local onde o povo está se beneficiando com o que Lula chama de “acordos por cima”. Seja no Rio de Janeiro, São Paulo ou Florianópolis, as candidaturas frente-amplistas serviram apenas para tirar o PT das eleições e impulsionar as principais candidaturas do principal setor da burguesia local.
Não há resultado diferente, mesmo em Porto Alegre com Manuela D’Ávila, que apenas serve de figuração em uma eleição completamente dominada pelos golpistas.
Devido a toda esta situação, as declarações de Lula são de grande importância, e devem ser levadas como um chamado a mobilização em torno de sua figura. O mesmo já se colocou a disposição da população no enfrentamento contra Bolsonaro, e é exatamente isto que precisa ser feito.
