Da redação – Domingo (24) foram realizadas as aguardadas eleições da Tailândia, cinco anos depois do golpe que derrubou Yingluck Shinawatra, em 2014. Quando a junta militar assumiu o poder, eleições foram prometidas desde o começo. No entanto, o primeiro-ministro golpista, general Prayuth Chan-Ocha, adiou até agora o processo.
Finalmente os tailandeses puderam ir às urnas escolher seu próximo governo, em teoria… Os principais concorrentes foram os partidos da junta militar, Palang Pracharat, de um lado, e de outro o Pheu Thai, partido do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck, também derrubado, em 2006, logo depois de ter sido reeleito.
Os resultados completos e oficiais só devem ser divulgados em maio. Por enquanto, foi divulgado que, em uma primeira apuração da Comissão Eleitoral nomeada pelos militares, com 96% dos votos contabilizados, o Palang Pracharat teria conquistado 7,6 milhões de votos, contra 7,2 milhões do Pheu Thai de Shinawatra. Pelo sistema eleitoral vigente, o Pheu Thai conquistou mais cadeiras no Parlamento (135, diante das 119 conquistas pelos militares), o que levou os dois partidos a se proclamarem vencedores das eleições durante esta segunda-feira (25).
Senadores biônicos
Apesar de ter eleito mais deputados, o partido de Shinawatra terá dificuldades para eleger o primeiro-ministro do Parlamento. A casa é composta por 350 deputados eleitos (antes eram 400) e 250 senadores. Os senadores são todos nomeados pela junta militar, parlamentares biônicos como os da ditadura militar brasileira. Ou seja, apesar de terem eleito apenas 119 deputados, mesmo com toda a fraude eleitoral, os militares já teriam 369 parlamentares.
Além desse roubo feito antes das eleições, há também uma série de denúncias nas redes sociais apontando mortos e menores de idade em listas de votação, além de distritos que registraram o dobro de votos do número de eleitores cadastrados. Outra trapaça foram as 2 milhões de cédulas canceladas, devido a um complicado sistema de votação montado justamente para isso.
“Democracia híbrida”
Essa eleição com 250 senadores nomeados, roubo nas urnas, que se segue a dois golpes de estado, primeiro contra Thaksin Shinawatra em 2006, e depois contra sua irmã, Yingluck, em 2014, foi chamada pela BBC de “democracia híbrida”. Nesse caso a imprensa imperialista não chama o general Prayuth de “ditador”, nem denuncia essas eleições como uma manobra realizada por uma “ditadura”. Mais uma vez revela-se o que significa “democracia” para o imperialismo em um país atrasado: “democracia” é onde os amigos do imperialismo governam.
Os irmãos Shinawatra faziam governos típicos do nacionalismo burguês, com concessões sociais para os mais pobres. Por isso tornaram-se imbatíveis nas eleições, até mesmo sob um ataque intenso e fraudes eleitorais. Por isso sofreram dois golpes militares.