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Estados Unidos

Contra luta estudantil, EUA aprovam lei sionista de censura

Para combater a ampla mobilização dos estudantes e trabalhadores em defesa da Palestina o Congresso dos EUA aprovou nova lei sionista, qualquer luta será taxada de "antissemitismo"

Em votação na Casa ocorrida na última quarta-feira (1º), a Casa dos Representantes dos EUA (equivalente a Câmara dos Deputados do Brasil) aprovou a lei conhecida como Antisemitism Awareness Act (“Lei de sensibilização para o antissemitismo”, em português), que encoberto pelo suposto combate ao antissionismo, promove um duro golpe na liberdade de expressão nos EUA e mesmo na liberdade de credo. A aprovação contou com o placar favorável de 320 contra 91, com 70 representantes (equivalente ao cargo de deputados no Brasil) democratas e 21 republicanos votando contra o projeto.

Entre os opositores, destacou-se a representante norte-americana Marjorie Taylor Greene, do Partido Republicano, que publicou no X suas críticas e oposição ao projeto de lei aprovado. Segundo Greene, o preconceito contra povos semitas “é errado”, mas a lei aprovada permite à ditadura norte-americana “condenar os cristãos por antissemitismo por acreditarem no Evangelho”.

“O antissemitismo é errado, mas não votarei hoje a favor do Antisemitism Awareness Act of 2023 (H.R. 6090), que poderia condenar os cristãos por antissemitismo por acreditarem no Evangelho que diz que Jesus foi entregue a Herodes para ser crucificado pelos judeus.

Leia o texto do projeto de lei e exemplos contemporâneos de antissemitismo como o nº 9”, diz.

 

O trecho em questão, destacado pela parlamentar, diz: “usar os símbolos e imagens associados ao antissemitismo clássico (por exemplo, alegações de que os judeus mataram Jesus ou o libelo de sangue) para caracterizar Israel ou os israelenses.” Correligionário de Greene, o representante Matt Gaetz da Flórida, explicou seu voto negativo em termos semelhantes, também no X.

“O próprio Evangelho se encaixaria na definição de antissemitismo sob os termos desse projeto de lei!” Gaetz escreve, citando uma contradição da lei com os livros que compõem o Novo Testamento e que atribuem aos judeus da época a responsabilidade pela morte de Jesus. A oposição do Partido Republicano veio principalmente da ala direita da agremiação. O projeto de lei segue agora para o Senado.

Na Casa, os representantes Josh Gottheimer (democrata de Nova Jersey), Max Miller (republicano de Ohio) e Jared Moskowitz (democrata da Flórida) se destacaram na articulação da aprovação da lei, segundo matéria do sítio norte-americano CNN (“House passes antisemitism bill as Johnson highlights campus protests”, Clare Foran, Haley Talbot e Kristin Wilson, 1/5/2024). A American Civil Liberties Union (ACLU, “União Americana pelas Liberdades Civis”, em português), no entanto, tentou pressionar os legisladores a reprovarem o projeto de lei.

Em carta, a ACLU escreveu que “a lei federal já proíbe a discriminação e o assédio antissemita por entidades financiadas pelo governo federal. O H.R. 6090 não é, portanto, necessário para proteger contra a discriminação antissemita; em vez disso, ele provavelmente restringiria a liberdade de expressão dos estudantes nos campi universitários ao equiparar incorretamente a crítica ao governo israelense ao antissemitismo”, diz a entidade, acrescentando ainda que “embora apoiemos totalmente os esforços para combater a discriminação e o assédio por meio de denúncias e investigações do Título VI, nos opomos veementemente ao uso da definição do IHRA [sigla em inglês para “Aliança Internacional para a Lembrança do Holocausto”, organização sionista que usa o Holocausto como escudo para defesa do sionismo] ou de qualquer definição de discriminação que ameace censurar ou penalizar o discurso político protegido pela Primeira Emenda”, concluiu a nota (Idem).

A ACLU diz “provavelmente restringiria a liberdade de expressão”, mas não há dúvida de que o objetivo é exatamente este. Finalmente, a lei foi aprovada em uma conjuntura de escalada da crise política do sionismo dentro dos EUA, o que desencadeou a maior revolta de estudantes desde a Guerra do Vietnã e no país que é o principal sustentáculo da ditadura sionista no mundo.

A repressão nas ruas

Dezenas de universidades norte-americanos registram protestos estudantis pelo rompimento das relações de suas instituições com “Israel”, ao mesmo tempo, em que ostentam bandeiras da Palestina e dos partidos árabes revolucionários, como o Hesbolá. Mais de 2 mil jovens foram presos no país desde o começo dos protestos, há duas semanas.

Em outro reflexo da imensa crise do sionismo, no Canadá, a Associação Palestina do Canadá denunciou duplos padrões adotados no país e a repressão brutal sofrida pelos simpatizantes da luta palestina no país norte-americano. Com declaração intitulada “Stop Harassing anti-Genocide Advocates for Palestine!” (“Parem de assediar os ativistas anti-genocídio da Palestina!”, em português), a Associação avisa que todas as principais cidades do país testemunharam casos de motivação política com acusações fraudulentas contra ativistas que se posicionam contra o sionismo e sua propaganda.

Um desses casos, denunciam, ocorreu há poucos dias na cidade de Vancouver, na Colúmbia Britânica, quando a coordenadora internacional da Samidoun, Charlotte Kates, foi detida, sob acusação de proferir ofensas caracterizadas como “discurso de ódio”.

Conforme os denunciantes, seu “discurso de ódio” teria sido dizer “viva o 7 de outubro” durante discurso em um comício ocorrido no último dia 26. Incrementando o absurdo, a Associação informou também que a condição para sua libertação após a detenção política era que Kates não participasse de nenhum “protesto, comício ou reunião” até a data do julgamento, marcada para 8 de outubro.

Ainda assim, sob a severa repressão do governo canadense e demonstrando o fortalecimento do apoio aos palestinos, estudantes universitários do país também começaram a se mobilizar contra a política sionista. Até o final do último dia 2, acampamentos similares aos dos campi nos EUA se formaram também na Universidade de Toronto, somando forças com acampamentos que se ergueram na Universidade McGill, em Montreal, na Universidade de Ottawa e na Universidade da Colúmbia Britânica, um movimento que se alastra conforme os jovens ativistas pró-palestinos se mobilizam por todo o país.

Ao portal canandense Global News, a jovem Erin Mackey, uma das organizadoras do protesto em Toronto, disse que estudantes “de todos os tipos de origens e de todos os tipos de religiões” estavam no local, bem como vários membros do corpo docente, ao que acrescentou: “estamos todos juntos em solidariedade, exigindo que nossa universidade, que todos nós frequentamos, que todos nós fazemos parte dela, não seja mais cúmplice desse genocídio.” (“Pro-Palestinian encampments: Protests break out at universities in Montreal, Toronto”, Fakiha Baig e Paola Loriggio, 2/5/2024).

Com o genocídio realizado pelos sionistas em Gaza polarizando de maneira mais radicalizada as sociedades dos países imperialistas, não é de se estranhar o endurecimento do regime político mesmo nos EUA e nem outras reações. Refletindo tanto o alastramento da crise quanto sua profundidade, o presidente norte-americano, Joe Biden, quebrou seu silêncio sobre os protestos que se desenvolvem no país mais importante do mundo, naturalmente, para atacar os estudantes. “Há o direito de protestar, mas não o direito de causar o caos”, disse Biden, que busca a reeleição no próximo mês de novembro. 

“Destruir propriedades”, continuou, “não é um protesto pacífico. É contra a lei. Vandalismo, invasão de propriedade, quebra de janelas, fechamento de campi, forçando o cancelamento de aulas e formaturas — nada disso é um protesto pacífico”, concluiu Biden em um claro ataque à mobilização dos jovens, que, em 2020, foram fundamentais para sua vitória eleitoral.

Até o último 1º de maio, pelo menos 34.568 palestinos haviam sido assassinados por “Israel” em seus bombardeios criminosos, que deixaram outros 77.765 feridos desde o início dos ataques da ditadura sionista contra os civis palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O saldo devastador da barbárie israelense dirigida especialmente às mulheres e crianças palestinas ameaça provocar uma explosão social, que necessariamente desencadearão um recrudescimento inédito da ditadura da burguesia em gerações, mas com consequências imprevisíveis.

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