Em meio a golpes de estados, a direita golpista e suas instituições já não admitem nenhum arremedo de democracia popular, ao contrário aprofunda suas características ditatoriais e antidemocráticas. Na útima terça-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), TSE do Equador, manipulou as instituições eleitorais para não reconhecer a candidatura de Rafael Correa à vice-presidência. Mesmo Correa, ex presidente, tendo cumprido todos os requisitos exigidos pela entidade. Logicamente não se trata de uma luta política democrática eleitoral, e sim da continuação do Golpe de estado no País.
A correlação de forças da política internacional, especialmente da América Latina, retratam precisamente o problema das direções da política no Brasil. Correia, com inevitável paralelo ao ex-presidente Lula, teve seu partido colocado na ilegalidade e foi condenado a 6 anos de prisão política para impedir sua reeleição. Mesmo assim, reconhecido como um candidato e um agitador verdadeiramente popular, foi apoiado por uma frente de partidos de esquerda. Ao lado de Andrés Arauz como candidato presidencial, representam o binômio do partido Centro Democrático.
Mesmo se abrigando na Bélgica no momento, pois se entrar no Equador será preso, Correia havia atendido a todos o critérios antes colocados pelo CNE. Enviou o formulário de aceitação assinado eletronicamente para sua inscrição. Essa, que atendia os três três requisitos exigidos pela CNE: aceitação expressa, não delegável e altamente pessoal. Além disso, para completar o processo, o binômio apresentou uma procuração na qual o ex-presidente autoriza seu familiar a aceitar a candidatura e carimbar a assinatura eletrônica como prova. Sua irmã e representante legal Pierina Correa, inclusive, em conjunto com o companheiro de chapa, Andrés Arauz, compareceram à sede da CNE neste dia para cumprir as disposições.
Para os desavisados, é importante relembrar que no Equador a esquerda não foi obediente o suficiente para apoiar a campanha da ficha limpa, usada hoje contra Lula e, por isso, mesmo condenado, Correa tem plenos direitos a se eleger. Então, com medo da mobilização que sua candidatura poderia causar, a direita equatoriana teve que se virar de última hora. Escancaradamente, o CNE mudou uma cláusula da legislação para validar apenas quem se apresentar pessoalmente para a candidatura.
Tal medida arbitrária revela que a questão das eleições é apenas uma abertura para um governo ditatorial. Na realidade não tem nada de democrático, é um jogo completamente manipulado, um “jogo de cartas marcadas” como sistematicamente tem se posicionado este Diário.
CNE miente. Acepté la candidatura vicepresidencial de Centro Democrático cumpliendo todos los absurdos requisitos impuestos, pero no consto en la lista.
Ya empiezan con el FRAUDE.
“A CNE mente, aceitei a candidatura a vice-presidente do Centro Democrático cumprindo todos os requisitos absurdos impostos, mas não estou na lista.
Eles já começam com a FRAUDE”
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– Rafael Correa (@MashiRafael) 1 de setembro de 2020
O mesmo que aconteceu com Lula em 2018 ocorre hoje no Equador. A saída progressista será denunciar as eleições fraudulentas não retirando a candidatura de Correa. O Centro Democrático, segue corretamente por esse caminho, e não deve largar a mão para as instituições golpistas, como foi o erro cometido pelo PT no Brasil.
Arauz disse que vai insistir na nomeação de Correa, apesar de o período de pré-candidatura terminar a 3 de setembro. “No jogo democrático deve haver jogo limpo. O país está farto das más vibrações, das armadilhas, dos obstáculos, da perseguição. Queremos simplesmente participar e ter nossos direitos respeitados”, como colocou.
Diferente da esquerda que fala que “virar a página” do golpe e se voltar para coisas sérias como a eleição, para desenvolver uma luta que vise qualquer resultado positivo para a classe trabalhadora é preciso mobilizar o povo contra golpe de estado vigente no Brasil e na América Latina. Assim como no Brasil ou na Bolívia, a palavra de ordem central que está colocado para o Equador é fora Lenin Moreno e todos os golpistas, plenos direitos políticos para Rafael Correa.