Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

Coluna

Pequeno manual para não parar na cadeia

“NÃO FALE NADA. Mas não falar não basta”

Primeiro de tudo: não fale nada. Há cerca de 380 mil verbetes na língua portuguesa — destes, 150 mil são racistas, 200 mil são homofóbicos e 29.999 são capacitistas.

Faça as contas. No parágrafo acima, usei 29 palavras. Portanto, proporcionalmente, 11 palavras racistas, 15 palavras homofóbicas e 3 palavras capacitistas.

11 X R$50.000 = R$550.000

15 X R$75.000 = R$1.125.000

3 X R$30.000 = R$90.000

R$1.765.000 de multa. Ah, e tem a multa 29. Vinte e nove dá azar para juiz careca. Ponha então R$2 milhões, para arredondar.

Eu não tenho, nem nunca vou ter R$2 milhões. Multa por ser pobre. R$3 milhões. E como cheque sem fundo é coisa do passado, só poderei pagar com três séculos de prisão.

Minha liberdade agora está condicionada a duas coisas. Uma: que você não me denuncie. E se me denunciar, você está f***ido, pois te acusarei de racismo. Duas: que o juiz enlouqueça e decida aplicar a Lei.

Tudo isto para dizer: NÃO FALE NADA.

Mas não falar não basta. Um dia você cruzará na rua com um honorável cidadão, e este perguntará:

– Você já chorou hoje pelas vítimas que morreram no holocausto há 90 anos?

Você não falará nada, pois eu disse para você não falar. Mas e se falar? Se disser “sim”, será preso por mentir. Se disser “não”, será preso por antissemitismo. E se não falar nada?

Ora, também será antissemitismo! Pois assim diz a nossa Constituição Federal:

“E não deixeis um vagabundo genocida no vácuo. Pena: dois anos de reclusão.”

Quer um conselho?

Ignore a Constituição. Deixe o vagabundo no vácuo.

Você será intimado. Diga (ou melhor, gesticule) que é mudo, por isso deixou o vagabundo no vácuo. Acuse-o de capacitismo.

O vagabundo dobrará a aposta. Dirá que é antissemitismo acusar de capacitismo o cara que o acusou de antissemitismo.

Irão ao tribunal. “Com a palavra, o sr. Mudinho da Silva”.

E essa será sua única chance. Gesticule isto, ou prepare-se para mofar na cadeia: que o vagabundo genocida é um antissemita.

Ora, mas como assim, se ele é careca, galeguim e tem um hexagrama tatuado no antebraço?

Eu provo: ele é antissemita porque desonrou a raça pura ao falar com um mudinho.

Não há nada na nossa Lei que proíba alguém falar com um mudinho. Mas assim diz nossa Constituição Federal:

“E se a Lei de Israel diz que é verdade, verdade o é.”

Diz a Lei de Israel que quem falar com uma raça inferior será condenado à morte.

Agora, foge enquanto é tempo. Antes que seja acusado de roubar os cabelos do juiz.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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