Política internacional

Pacifismo abstrato pode servir de arma pelo imperialismo

A esquerda não deve defender o pacifismo de maneira moral e abstrata. Existem guerras legítimas, como a do Eixo da Resistência e o do Irã, por isso devem ser apoiadas

Guerra e barbárie, artigo de Chico Teixeira publicado no Brasil 247 neste sábado (14), levanta alguns questionamentos que a esquerda precisa refletir e desmistificar, pois existem guerras e guerras.

O texto inicia dizendo que “‘a guerra é o horror’ — ou ‘War is Hell’, conforme afirmou o Gal. William Sherman, em 1864, quando suas tropas incendiaram a cidade de Atlanta. Notemos que não se trata de ‘um horror’, ou ‘um inferno’. Não é uma adjetivação. É a concretude de uma realidade substantiva. É o reconhecimento de que toda guerra é destruição, sofrimento e morte”.

Sherman lutou pela União contra os Confederados (sulistas) durante a guerra civil americana (1861-1865). Dito isso, apesar do custo altíssimo em vidas, a guerra destruiu o sistema escravista do Sul e abriu caminho para o progresso do país.

Teixeira segue seu artigo dizendo que a guerra moderna, industrial tem vitimado mais civis que combatentes. Essa tem sido uma prática especialmente utilizada pelo imperialismo. São milhões de mortos na Coreia, Vietnã, e tantas outras. O que demonstra que a “democracia” que venceu o nazismo é muito mais letal e agressiva.

Para se ter uma ideia, apenas sobre o Camboja, um pais menor que o estado do Paraná, foram despejados 2,76 milhões de toneladas de bombas pelos Estados Unidos, o que supera o que foi lançado durante a II Guerra Mundial por todos os lados. Dez vezes mais do que a Alemanha nazista atirou em todo o conflito.

Chico Teixeira diz que “a chegada das armas atômicas potencializou a tal ponto o ‘Axioma de Sherman’ que hoje todo o planeta, e a humanidade, estão sob risco letal”. Essa desculpa tem sido utilizada por potências militares para agredirem países que tentam desenvolver seus próprios armamentos.

Presentemente, o Estado genocida de “Israel” atacou o Irã dizendo que o país tenta desenvolver armas atômicas, um cinismo, uma vez que os próprios sionistas têm esse tipo de arsenal. Por que os iranianos não teriam o mesmo direito?

No artigo se lê que “a tentativa de uma guerra cirúrgica, rápida e letal — como no Iraque testou-se a doutrina ‘Nós atiramos, eles morrem, de Bush-Rumsfeld — resultou em mais de 100 mil mortos iraquianos e 394 tropas americanas, apenas durante os combates iniciais. A insegurança, o banditismo, a fome e o terror geraram milhares de outras mortes”.

É preciso lembrar que o Iraque foi vítima das acusações de estar se preparando para produzir armas atômicas e de destruição em massa. O tal “ataque cirúrgico” é uma desculpa que costumam utilizar na grande imprensa para acobertar os crimes e as mortes de civis produzidas pelos sionistas.

Nações Unidas

No penúltimo parágrafo, Teixeira faz uma consideração, criticando os que produzem as guerras, como sendo “diplomatas limpinhos que paralisam a ONU e sabotam negociações de paz são criminosos”. A ONU, no entanto, nada mais é que uma organização a mando do imperialismo, sendo o local em que se lava todo o sangue produzido por “Israel” há décadas. Na guerra da Coreia, por exemplo, 15% da população norte-coreana foi morta pelo imperialismo, soma que não considera os que morreram depois com as consequências da guerra, mas que coloca o número de vítimas na casa dos muitos milhões.

Finalizando, o parágrafo diz o seguinte: “a guerra é o horror, e aqueles que a buscam são também horrorosos. A verdade é simples: sabemos como as guerras começam, porém, depois do primeiro tiro, não sabemos como acabam. Afirmar que fazem a guerra para assegurar a paz é hipocrisia que mal oculta o desejo de poder, vanglória e interesses econômicos indizíveis. Aqueles que começam guerras estarão para sempre na História como criminosos. Ao menos enquanto tivermos uma História para contar”.

A ideia expressa acima precisa ser refutada. Nem sempre se inicia uma guerra por desejo de poder. Muitas vezes, nações e povos podem se encontrar em uma situação onde a guerra é inevitável. Desde o fim da União Soviética e do Pacto de Varsóvia, por exemplo, a OTAN nunca deixou de expandir em direção à Rússia.

Os russos não tiveram outra escolha a não ser se defender. Ninguém pode ser ingênuo e acreditar que o imperialismo não atacaria a Rússia, pois vem fazendo isso sistematicamente.

Em Gaza, o Hamas e toda a Resistência não tiveram outra escolha que atacar os invasores colonialistas, é uma questão legítima de sobrevivência. Milhões de palestinos foram confinados no maior presídio a céu aberto do mundo e continuavam a ter suas terras roubadas, além das agressões e humilhações cotidianas perpetradas pelos invasores.

O Irã, apesar de toda a paciência que tem demonstrado nos últimos anos, foi atacado pelos sionistas e se viu envolvido em uma guerra.

Portanto, é um equívoco atacar as guerras em geral, ignorando suas motivações. Não se deve cair em um pacifismo moralista e vazio de conteúdo social.

Sim, o pacifismo pode ser utilizado para denunciar e atacar o imperialismo, pode servir para unir a classe trabalhadora contra seus opressores, nunca como uma ideia abstrata, pois pode acabar servindo aos interesses do imperialismo para atacar quem está apenas se defendendo. Aos oprimidos, em geral, o enfrentamento é o único meio de por um fim à opressão.

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