Editorial

O Banco Central ‘independente’ nos EUA e no Brasil

Presidente norte-americano está lutando contra a taxa de juros no coração do imperialismo

Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou um novo embate com Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano. O conflito gira em torno da política de juros altos mantida pelo Fed, mesmo diante da desaceleração econômica e da escalada das tensões comerciais, sobretudo com a China. Trump exige cortes urgentes nas taxas de juros, alegando que o atual patamar prejudica o crescimento do país. Powell, no entanto, tem resistido às pressões, sustentando a posição do Fed como uma entidade “independente”, blindada contra a “interferência política” do Poder Executivo.

A contradição está justamente aí: assim como ocorre no Brasil desde a aprovação da autonomia formal do Banco Central, os Estados Unidos operam com um sistema no qual o presidente da República herda o presidente do banco central por, no mínimo, dois anos de mandato. Powell, por exemplo, foi indicado por Trump em 2017, assumiu em 2018 e foi reconduzido por Joe Biden para mais quatro anos. Seu mandato atual termina apenas em 2026. Pela legislação vigente — com base em uma lei de 1913 e reforçada por decisão da Suprema Corte de 1935 —, o presidente norte-americano não pode demitir o chefe do Fed sem justa causa, o que torna o banco central um poder efetivamente autônomo frente ao governo eleito.

Esse modelo é, na prática, um mecanismo de tutela permanente dos interesses do capital financeiro sobre a política econômica. Ainda que Trump seja o chefe de Estado e tenha vencido as eleições, ele não pode comandar diretamente a política monetária do país — função que permanece nas mãos de burocratas alinhados aos grandes bancos e fundos de investimento.

A situação vivida por Trump guarda semelhanças notáveis com o que ocorreu no Brasil em 2023, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Palácio do Planalto sob a gestão de Roberto Campos Neto no Banco Central (BC). Assim como Trump, Lula criticou duramente os juros altos, que sabotavam qualquer plano de retomada do crescimento com distribuição de renda. Lula, contudo, recuou diante da pressão e acabou desistindo de enfrentar a política do grande capital. O ápice de sua política de adaptação foi a indicação do banqueiro Gabriel Galípolo para a presidência do órgão, mantendo a mesma política de Campos Neto.

Em pouco tempo, o governo Lula passou de opositor do Banco Central “independente” a avalista da sua independência. O resultado foi a consolidação de uma política de ajuste fiscal, como exigia o grande capital. O governo passou a aplicar cortes em programas sociais como o Bolsa Família (por meio de “pente-finos”), limitou o reajuste real do salário mínimo ao teto imposto pelo arcabouço fiscal e impôs contenções em diversas áreas — da educação à saúde.

O risco que Trump corre, portanto, é o mesmo. Se não conseguir romper com o regime que sustenta a autonomia do Fed, ele poderá seguir a mesma trajetória de Lula: da denúncia à capitulação, e da capitulação ao fracasso de sua política.

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