A prefeitura de Valinhos, no interior de São Paulo, confirmou na última quarta-feira (14) a primeira morte por dengue no município em 2025, de um idoso de 91 anos, morador da Vila Papelão, que faleceu em 9 de abril devido a complicações da doença, agravadas por comorbidades como hipertensão e diabetes. A região de Campinas, que engloba Valinhos, acumula 108 óbitos por dengue neste ano, evidenciando a incapacidade das gestões municipais e estadual de conterem a epidemia, enquanto bancos drenam recursos públicos que poderiam ser usados na prevenção.
O falecimento em Valinhos soma-se a outras na região, com Americana liderando com 25 óbitos, seguida por Mogi Guaçu (20), Amparo (14) e Sumaré (11). Na mesma quarta-feira, Sumaré confirmou três novas mortes: uma mulher de 55 anos, do bairro Nova Veneza, falecida em 31 de março; uma mulher de 74 anos e um homem de 78 anos, ambos do bairro Maria Antônia, mortos em 8 e 9 de maio, respectivamente.
Todas as vítimas tinham comorbidades. Segundo a prefeitura de Sumaré, ações como nebulizações, visitas casa a casa, aplicação de larvicidas e distribuição de telas milimétricas foram intensificadas em áreas como Matão, Jardim Minesota e Fantinatti, mas os resultados permanecem insuficientes.
Dados do Ministério da Saúde apontam que o Brasil registrou 9,7 milhões de casos de dengue em 2024, com 5.410 mortes, sendo São Paulo o estado com maior número de óbitos. A falta de saneamento básico, com 35% dos municípios paulistas sem cobertura total de esgoto, segundo o Instituto Trata Brasil, facilita a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Em Valinhos, a prefeitura informou que realiza mutirões de limpeza, mas moradores da Vila Papelão relatam acúmulo de lixo e água parada, conforme noticiado pelo portal EPTV em março de 2025. A responsabilidade das prefeituras e do governo estadual é agravada pela política de priorização do pagamento de dívidas públicas a bancos.
Em 2024, o estado de São Paulo destinou R$98 bilhões ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública, segundo o Tribunal de Contas do Estado, enquanto o orçamento para saúde foi de apenas R$32 bilhões. O governo estadual, comandado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas, e prefeituras como a de Valinhos (do também bolsonarista Franklin Duarte de Lima, do PL), são cúmplices dessa política que privilegia o setor financeiro.