O artigo Datafolha especula contra Lula e distorce legado de Bolsonaro, de Esmael Moraes, publicado no Brasil 247 nesta sexta-feira (13), traz uma coisa que todos já sabem: a grande imprensa manipula as informações e mente descaradamente.
Logo de início, Moraes diz que “O Datafolha — instituto ligado ao Grupo Folha — voltou a atuar como instrumento de especulação política e manipulação da percepção pública. Na mais recente pesquisa, publicada pela Folha de S.Paulo, o instituto alega que o governo Lula é ‘pior’ que o de Jair Bolsonaro nos temas inflação e segurança pública”.
Segundo o jornalista, “basta uma análise crítica dos dados e do contexto para perceber o enviesamento da amostragem e a construção de uma narrativa que busca desidratar politicamente o presidente petista”.
Quanto ao trecho acima, surge uma questão: todo mundo sabe que os jornais da grande imprensa são mentirosos contumazes; então, por que o STF, notadamente o ministro Alexandre de Moraes, resolve incluir o Partido da Causa Operária (PCO) no Inquérito da Fake News?
A esquerda tem apoiado a censura imposta pelo Supremo porque, supostamente, seria um combate a notícias falsas, mas os maiores produtores de mentiras e falsificações não sofrem nenhum tipo de constrangimento.
Um dado importante é a percepção de que o jornal joga para minar a popularidade de Lula, o que também não é novo.
Todo o ódio contra o PT foi devidamente construído com uma intensa campanha de perseguição dos grandes órgãos capitalistas de comunicação. O que mostra que o combate ao tal “discurso de ódio” não passa de uma farsa, uma desculpa para censurar.
A Folha, bem como Estadão, Globo, etc., vão tratar de perseguir Lula para retirá-lo da próxima eleição, ou para deixá-lo tão “desidratado”, que não restará outra opção que a de apoiar um candidato “esquerdistas”. A burguesia já decidiu: Nem Lula, nem Bolsonaro.
Moraes destaca que “outro dado da pesquisa afirma que 46% dos entrevistados consideram Bolsonaro melhor que Lula em segurança pública. [E que] trata-se de uma falácia histórica”.
Para sustentar seu ponto, o jornalista diz que “Bolsonaro desmontou conselhos de segurança, armou milícias urbanas com decretos irresponsáveis e promoveu uma cultura de extermínio que banalizou a vida nas periferias”. E, em contrapartida, “Lula tem entregas concretas: educação, saúde, meio ambiente e combate à pobreza. No caso da saúde, por exemplo, o governo Lula liderou a vacinação em massa contra a Covid-19 em 2023-2024, após o negacionismo mortal de Bolsonaro”.
O problema dessa avaliação é que Bolsonaro é visto como alguém que desafia o sistema, ao passo que Lula tem levado adiante uma política econômica que ataca o bolso do trabalhador. Na saúde, ninguém se lembra mais da vacinação, e a realidade de quem precisa do SUS (Sistema Único de Saúde) é bem precária.
Esmael Moraes escreve que a “Folha admite o objetivo político: antecipar os termos da eleição de 2026. Lula, mesmo pressionado por ataques da mídia e pelos mais ricos do país, permanece como candidato natural da esquerda. Já Bolsonaro, inelegível e cercado por processos no STF, ainda serve como régua moral invertida para a extrema-direita buscar um nome viável”.
Mesmo que Lula venha a figurar como candidato da esquerda, qual serão suas chances de se reeleger se sofrer um ataque massivo da grande imprensa? Quanto a Bolsonaro, não é percebido como moral invertida por seu eleitorado, que o vê como sendo perseguido pelo Supremo, ou pelos sistema, como queiram.
A afirmação, para defender Lula, de “o Brasil real — o do mercado de trabalho aquecido, da queda da inflação e da volta do crédito — resiste à ficção numérica”, não corresponde à realidade. O trabalhador não sente o mercado aquecido, a queda da inflação é imperceptível. Quanto ao crédito, é melhor nem tocar no assunto, o brasileiro anda endividado e os juros estão para lá de estratosférico.
Mais do mesmo
O jornalista afirma, com razão, que “a mais recente pesquisa do Datafolha é menos uma fotografia da realidade e mais uma tentativa de moldá-la”. Exatamente, o compromisso da grande imprensa nunca foi com a verdade, mas com interesses muito específicos. Neste caso, os interesses do grande capital e do imperialismo.
Talvez a Folha esteja torcendo por Tarcísio de Freitas, um privatizador nato que não terá escrúpulos em acabar de liquidar com o patrimônio público. Talvez esteja apenas fazendo um ensaio para sentir a reação do eleitorado.
Ninguém sabe ao certo quais são os planos da burguesia para as próximas eleições presidenciais. O que se pode dizer, sem medo de errar, é que se está preparando um governo como o de Javier Milei; um serviçal dos mais rasteiros para implementar as vontades do grande capital.
A burguesia quer um presidente que esfole a classe trabalhadora sem dó, nem piedade. O imperialismo está fazendo ofensivas por todos os lados. Golpe eleitoral no Equador, presidenta golpista no Peru, tentativa de derrubada de Nicolás Maduro, tentativa de criar confusão na Bolívia e o governo Petro, na Colômbia, parece estar sob a mira de um golpe.
Esmael Moraes está correto em denunciar a Folha de São Paulo, mas fica devendo a conclusão. Se essa gente mente à vontade, do que se trata o tal combate às fake news? A censura das redes não serão uma maneira de garantir o monopólio da informação nas mãos da burguesia?
A esquerda precisa acordar desse sonho no qual entrou e ali existe um ministro, não eleito por ninguém, que defende a democracia dos malvados fascistas.