O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo na casa legislativa, protagonizou nesta terça-feira (7) uma das páginas mais vergonhosas da história recente da esquerda brasileira. Durante uma sessão do Senado que serviu de palanque para o lobby sionista e para o imperialismo norte-americano, Wagner afirmou, diante de representantes da Embaixada de “Israel” e da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que “o Hamas tem que ser exterminado”.
Em meio a aplausos tímidos da direita e olhares constrangidos de alguns petistas, Wagner mostrou ao país que a ala direita do PT é, na verdade, cúmplice aberta dos crimes imperialismo. O senador repetiu literalmente, as mesmas palavras que o primeiro-ministro fascista Benjamin Netaniahu utilizou no início da guerra contra o povo palestino, deflagrada em 7 de outubro de 2023. Curiosamente, após a desmoralização das forças sionistas, nem mesmo Netaniahu fala em “exterminar o Hamas”, o que só torna a fala de Wagner ainda mais vergonhosa.
A ideia de “exterminar” já é em si criminosa. Em uma guerra de libertação nacional, é legítimo o combate as tropas inimigas. E é natural que, neste combate, haja mortes. Mas falar em “exterminar” é o mesmo que falar em genocídio, em assassinato contra um grupo de pessoas. Neste caso, não se trata de qualquer grupo, mas sim daquele que melhor representa os interesses de todo um povo que está sofrendo um processo de limpeza étnica.
Quem defende o “direito de Israel se defender” está defendendo o bombardeio de hospitais, a fome de crianças e o assassinato em massa de civis em Gaza. Quando Wagner fala em “exterminar o Hamas”, ele não fala apenas de uma organização: fala em aniquilar a resistência de todo um povo ocupado e oprimido há mais de 75 anos.
O Hamas — assim como todas as organizações que lutam contra a ocupação — é parte da legítima resistência palestina.
Chamar o povo ocupado de “terrorista” é repetir a propaganda colonial que justificou os massacres de 1948, 1967 e de todos os anos seguintes. Enquanto os F-16 despejam bombas sobre escolas e hospitais, Wagner escolhe atacar os que lutam contra o apartheid, não os que o praticam.
Quando um senador do PT repete essa palavra dentro do Senado brasileiro, ele legitima o genocídio, ele se coloca ombro a ombro com os criminosos de guerra. É uma vergonha histórica: o mesmo partido que surgiu da luta dos trabalhadores na ditadura militar hoje abriga um senador que chama o povo oprimido de terrorista e pede seu extermínio.


