Nesta quinta-feira (13), o governo pró-imperialista do Líbano impediu dois voos civis vindo do Irã de aterrissarem no Aeroporto Internacional Rafic Hariri de Beirute, impedindo cidadãos libaneses de retornarem de Teerã (capital iraniana).
Diante da recusa, centenas de libaneses se manifestaram em frente ao aeroporto, ateando fogos em pneus e bloqueando a estrada que dá acesso à instalação. A população, em revolta justa, também chegou a queimar um veículo das tropas de ocupação da ONU no país (Força Interina das Nações Unidas no Líbano – UNIFIL).
O governo tomou a decisão um dia depois de Avichay Adraee, porta-voz do exército de ocupação israelense, ter afirmado em sua página do X que o aeroporto de Beirute estava sendo usado para transferir fundos para o Hesbolá por meio de aviões iranianos.
Ante o ocorrido, o deputado Ibrahim al-Mousawi, membro do Hesbolá denunciou a situação como uma violação da soberania libanesa por parte de “Israel”, acrescentando que “a cumplicidade da comunidade internacional — particularmente dos Estados Unidos — o encorajaram a expandir e diversificar suas agressões“, frisando ainda que “isso é totalmente condenável e deve ser amplamente denunciado por todos no Líbano”.
No mesmo sentido foi declaração de Esmail Baghaei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, que condenou a decisão do governo libanês como uma agressão da entidade sionista contra a soberania nacional do Líbano, assim como uma ameaça à aviação nacional iraniana, conforme noticiado pelo órgão de imprensa Al Ahed News.
Nesta sexta-feira (14), mais voos vindos do Irã foram suspensos, conforme noticiado pela emissora Al Mayadeen, citando informações fornecidas por Saeid Chalandari, gerente geral do Aeroporto Imam Khomeini (Teerã). Em vídeo, um dos passageiros de um dos voos cancelados protestou, informando que “Nossas malas contêm doces e roupas”, e pedindo ao presidente e primeiro-ministro do Líbano que permitam o retorno ao país.
Segundo o canal de comunicação Lebanese News and Updates, “aviões militares de carga dos EUA continuam a aterrissar nos aeroportos de Beirute e Hamat a partir de locais desconhecidos, sem registo visível, sem pista, sem hexágono, sem informação”, expondo o servilismo do governo libanês ao imperialismo e ao sionismo.
Além disto, conforme o já citado órgão de imprensa, o exército libanês teria prometido “prender e punir todos os envolvidos nos acontecimentos nas estradas do aeroporto e no ataque à ONU”. O primeiro-ministro, Nawaf Salam, também condenou a revolta da população. Adel Nassar, ministro da justiça do novo governo, membro do partido Cataebe (o partido do fascismo maronita, que cometeu incontáveis atrocidades durante as décadas de 70 e 80) teria acionado o Procurador-Geral, Juiz Jamal Al-Hajjar, pedindo-lhe que se deslocasse para investigar os acontecimentos na estrada do aeroporto e tomasse as medidas legais necessárias, conforme o Lebanese News and Updates
O bloqueio de voos vindos do Irã, um dia após afirmação feita pelo militar sionista, ocorre em meio à recusa de “Israel” em sair do sul do Líbano, violando cessar-fogo firmado em 27 de novembro de 2024. A continuidade da invasão sionista na região ocorre com a cumplicidade, senão apoio, do governo libanês e do imperialismo, e tem, dentre suas finalidades, destruir a infraestrutura local do Hesbolá, de forma que o impedimento de voos vindos do Irã indicam uma tentativa do imperialismo e do sionismo em cercar o Hesbolá, com a finalidade destruir o partido, única organização libanesa que lutou contra “Israel”, em defesa do povo palestino, durante a mais recente guerra contra a Palestina.