No fim de semana, ocorreu um debate no Podcast 3 Irmãos entre Breno Altman e o deputado federal Paulo Bilynskyj. Em sua última pergunta, Altman indagou Bilynskyj sobre se ele se alistaria para lutar na 14ª divisão de granadeiros da Wafen-SS Galizien, batalhão nazista de Adolf Hitler, tal qual seu avô Bohdan Bilynskyj fez. Em vez de repudiar a participação do avô no batalhão e ser veemente contra a ideologia nazista, o deputado federal Bilynskyj evasivamente respondeu “o se não pertence nem a mim nem a você, a única coisa que pertence a nós é a nossa vida, o nosso tempo”.
A falta de rechaço ao nazismo precisa ser analisada dentro de um panorama mais amplo, onde globalmente as variantes do fascismo estão sendo paulatinamente normalizadas. Por exemplo, em 2024, centenas de pessoas em Roma fizeram a saudação romana (aquela do braço levantado usada por Hitler), e a primeira-ministra de extrema direita, Giorgia Meloni, não deu um pio sobre esse ato.
De maneira similar, a própria mídia já retrata a extrema direita como não tão extrema assim. Por exemplo, o portal alemão de notícias Deutsche Welle, no início do ano, descrevia o partido AfD como “ultradireita”. Agora, ao relatar o resultado das eleições na Alemanha ocorridas algumas semanas atrás, descreveu o partido AfD como “em parte de extrema direita”. A manipulação é clara.
Isso nos leva à constatação de que, tal qual no século XX, caminhamos para uma gradual aceitação do nazismo. Vale lembrar que, antes de Hitler chegar ao poder, ele foi preso e proibido de falar em comícios. Isso não impediu que, anos depois, quando as organizações operárias atingiram o ápice da sua força, os grandes empresários alemães investissem pesado no partido nazista e montassem um esquema para que Hitler subisse ao poder de forma totalmente “legal”.
É preciso estar atento. Embora hoje haja processos contra os líderes da extrema direita, tudo isso é muito volátil. A partir do momento que esse grupo político for totalmente normalizado e as perseguições cessarem, as ofensivas violentas típicas das SS voltarão a ser cotidianas. E haverá muito mais gente alistada do que o avô do Bilynskyj.




