Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Entre libertação e traição, a realidade pós-colonial de Marrocos

“Abbas Al-Messaadi representa uma página luminosa da história da luta nacional marroquina”

Abbas Al-Messaadi é considerado uma das figuras mais proeminentes da resistência armada contra o colonialismo francês no Marrocos, sendo também um símbolo do período de transição entre a luta nacional pela independência e o combate por uma verdadeira soberania. Apesar de sua vida ter sido curta, seu impacto permanece vivo na memória histórica e política do país, especialmente entre os setores da esquerda e os opositores da monarquia absoluta.

Infância e formação

Abbas Al-Messaadi nasceu na região de Taounate, no norte do Marrocos, em um ambiente rural e conservador. Desde cedo, envolveu-se com os movimentos nacionalistas e foi influenciado pelo discurso anticolonial.

Líder do Exército de Libertação

No início dos anos 1950, Al-Messaadi juntou-se ao Exército de Libertação Marroquino e logo se destacou como um dos seus principais comandantes na região do Rif. Ganhou reputação por sua coragem, disciplina e capacidade de organização militar, conseguindo unificar diversas células da resistência armada sob uma mesma liderança.

Al-Messaadi acreditava que a independência do Marrocos não deveria ser apenas uma transferência simbólica de poder do colonizador para uma elite ligada a ele, mas sim uma libertação completa, que devolvesse o poder real ao povo. Essa posição o colocou em confronto com as orientações do novo regime monárquico, que buscava cooptar ou neutralizar a resistência.

Assassinato e circunstâncias da morte

Em julho de 1956, menos de um ano após a proclamação da independência, Abbas Al-Messaadi foi assassinado em circunstâncias misteriosas na cidade de Fez. Embora a versão oficial na época tenha atribuído sua morte a “conflitos internos”, muitos apontaram figuras influentes do novo regime como responsáveis diretos, incluindo o então príncipe herdeiro Hassan II, que já começava a reorganizar os serviços de segurança e o exército.

Diversas fontes sugerem que o assassinato de Al-Messaadi fazia parte de uma estratégia deliberada para eliminar os líderes do Exército de Libertação que se recusavam a se submeter à autoridade da monarquia e que defendiam a construção de um Estado civil e democrático.

Legado político e simbólico

Mais de meio século após seu assassinato, o nome de Abbas Al-Messaadi continua presente na memória coletiva como um mártir que sacrificou a vida por um Marrocos livre e justo.

Conclusão

Abbas Al-Messaadi representa uma página luminosa da história da luta nacional marroquina. Seu assassinato simboliza uma fase delicada da transição do colonialismo para uma “independência vigiada”. Resgatar sua memória hoje não é apenas um ato de justiça histórica, mas também um apelo por uma reconciliação verdadeira com o passado, que reconheça os mártires e vítimas da repressão e restitua a dignidade às figuras da resistência nacional.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

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