Previous slide
Next slide

HISTÓRIA DA PALESTINA

Yigal Allon: um carniceiro sionista chamado de ‘moderado’

Ex-militar, político sionista e co-idealizador de uma das doutrinas sanguinárias que leva seu próprio nome

Yigal Allon, nascido em 10 de outubro de 1918, em Kfar Tavor, hoje ocupado por “Israel”, destacou-se como uma figura central tanto no cenário militar, quanto no político da ocupação sionista. Sendo educado na Escola Agrícola de Kadoorie e na Universidade Hebraica de Jerusalém, posteriormente, Allon foi estudar na Inglaterra, no St Antony’s College da Universidade de Oxford, em 1960, consolidando uma base acadêmica que complementaria sua carreira militar e política diretamente atrelada ao imperialismo desde o berço.

Allon iniciou sua carreira militar ainda jovem, integrando a milícia sionista de caráter fascista Haganá, um grupo paramilitar fundamental para a defesa dos interesses imperialistas na Palestina antes da criação do Estado de “Israel”. Em 1939, participou de uma cruel operação em Lubya, Galiléia, onde vários residentes palestinos foram assassinados. Esse evento, apesar de brevemente criticado pela imprensa da época, não impediu o avanço de Allon em sua carreira militar, sendo valorizado por seus feitos como carrasco.

Em 1940, Allon foi promovido a comandante de regimento no corpo de campo da Haganá. Demonstrando liderança e habilidade estratégica, além de aptidão para matar palestino, ele se tornou um dos fundadores da unidade de elite Palmach em 1941. Até 1948, Allon serviu como comandante dessa unidade, que teve um papel crucial no massacre de vilarejos palestinos antes da consolidação oficial de “Israel” pela ONU. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele colaborou com o Exército Britânico na campanha Sírio-Libanesa, reforçando suas credenciais como um líder militar eficaz e de confiança das potências imperialistas da época.

Com a criação do Estado de “Israel” em 1948, Allon integrou as Forças de Defesa de “Israel” (Tzahal) como major-general, desempenhando um papel vital na chamada Guerra da Independência. Ele liderou a Operação Jiftach na Galiléia Oriental, contribuiu para a conquista de Ramla e Lod, e comandou a campanha no Negev como líder do Comando Sul do Tzahal. Essas operações foram decisivas para consolidar a usurpação do território palestino, consolidando o que em 1948 foi reconhecido como terra israelense, e perpetrando novos massacres em suas proximidades, garantindo a existência do novo estado artificial recém-formado. Em 1949, após a consolidação das fronteiras de “Israel”, Allon encerrou sua carreira militar formal, mas seu impacto continuou a ser sentido nas décadas seguintes.

A partir daí, Yigal Allon direcionou seus esforços para a política da ocupação, onde continuou a desempenhar um papel significativo na construção e desenvolvimento do Estado de “Israel”. Seu ingresso oficial na política ocorreu em 1955, quando foi eleito para o Knesset, o parlamento israelense, pelo partido Mapai, um precursor do Partido Trabalhista Israelense. A partir daí, sua trajetória política foi marcada por uma série de contribuições importantes que moldaram diversas políticas e estratégias nacionais.

Allon rapidamente se destacou no cenário político devido à sua experiência militar e à sua visão estratégica. Em 1961, ele foi nomeado Ministro do Trabalho, uma posição que ocupou até 1968. Ele focou na construção de infraestrutura no território usurpado dos palestinos, como estradas que interligassem pontos distintos de interesse do novo regime sionista e projetos habitacionais para colonos, que ajudaram a integrar e desenvolver várias regiões de “Israel”.

Em 1968, Allon foi nomeado Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Imigração e Absorção em um período foi crucial, pois foi quando o imperialismo novamente impulsionou uma onda significativa de imigração judaica para “Israel”, visando povoar a ocupação. Allon desenvolveu e implementou políticas para a absorção e integração dos imigrantes, oferecendo apoio para que pudessem se estabelecer e contribuir para a sociedade israelense, como distribuindo armas e provendo o necessário para “neutralizar ameaças”. Isto é, matar palestinos que estiverem não necessariamente na propriedade, mas por perto.

Um dos marcos mais importantes de sua carreira política foi a formulação do Plano Allon em 1967, após a Guerra dos Seis Dias. O plano propunha a anexação de partes estratégicas da Cisjordânia, habitadas por palestinos, enquanto outras áreas seriam devolvidas ao controle jordaniano após a traição dos árabes da Jordânia, tornando-se um apunhado de confiança do imperialismo, ou mantidas sob administração israelense com a possibilidade de autonomia local desde que houvesse subserviência aos sionistas e entrega de suas possíveis riquezas. O objetivo era garantir a segurança da “Israel” ocupada enquanto buscava uma solução territorialmente viável para os interesses sionistas para o conflito árabe-israelense, prosseguindo sua limpeza étnica. Embora o Plano Allon nunca tenha sido totalmente implementado, ele influenciou as negociações e o pensamento estratégico em torno das fronteiras e da segurança de “Israel” por décadas.

Como Ministro da Educação entre 1969 e 1974, Allon teve um impacto duradouro no sistema educacional de “Israel”, na prática ensinando a demonizar os palestinos desde a primeira infância dos israelenses. Ele promoveu reformas que visavam a modernização do currículo e a inclusão de novas tecnologias na educação. Allon também defendeu a igualdade de oportunidades educacionais para os sionistas, focando em reduzir as disparidades entre diferentes grupos socioeconômicos e étnicos dentro da sociedade israelense para que todos pudessem igualmente contribuir na luta contra o povo palestino. Sua visão era de uma educação que preparasse os jovens não apenas para o mercado de trabalho, como se espera numa sociedade genérica capitalista, mas também para serem cidadãos educados sob a ideologia racista e supremacista do sionismo e informados com base no que era do interesse de “Israel”.

Durante a Guerra do Yom Kipur em 1973, Allon, então servindo como Vice-Primeiro-Ministro e Ministro das Relações Exteriores, desempenhou um papel crítico na gestão da crise e na diplomacia internacional subsequente, pois defender o indefensável nem sempre é uma tarefa fácil. Ele trabalhou incansavelmente para assegurar o apoio dos Estados Unidos e de outras nações aliadas do sionismo, assim como dos grandes capitalistas que sustentavam o Estado artificial de “Israel”, enquanto buscava negociações que pudessem levar a um cessar-fogo e, definitivamente, o fim das agressões à “Israel” com o fim de todas as resistências que se insurgiram contra a ocupação israelnse. Suas habilidades diplomáticas foram fundamentais para o estabelecimento dos interesses sionistas no conflito e para a subsequente assinatura dos Acordos de Paz de Camp David em 1978.

Após a guerra, Allon continuou a se dedicar à política externa e à segurança nacional dos invasores. Ele acreditava firmemente na necessidade de “Israel” manter sua força militar nacional, mas também era um defensor ardente de que os países do exterior deveriam agir na proteção de “Israel”, utilizando a coexistência com seus vizinhos árabes como motivo para armar seu exército no intuito de subjugar os árabes da região.

Allon também foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Israelense em 1968, após a fusão do Mapai com outros partidos. Como líder do Partido Trabalhista, apesar de tudo, foi visto como um moderado dentro do partido, mesmo tendo participado de diversas chacinas e defendendo um banho de sangue palestino ainda maior.

Na Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, um conflito crucial que alterou dramaticamente as fronteiras e a geopolítica do Oriente Médio, “Israel” provocou uma coalizão de estados árabes que buscavam resistir às chacinas dos sionistas, mas conseguiram uma vitória decisiva com pleno apoio do imperialismo, capturando a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, as Colinas de Golã, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. A guerra não apenas ampliou o território controlado por “Israel”, mas também intensificou o conflito árabe-israelense, com questões de soberania e segurança emergindo como pontos centrais.

O Plano Allon foi uma tentativa de Yigal Allon de criar uma estratégia de longo prazo para a administração dos territórios recém-ocupados e o domínio completo em cima de todos os povos árabes da região. O plano propunha a anexação de partes estratégicas da Cisjordânia ao longo do rio Jordão e do Mar Morto, áreas que Allon considerava essenciais para a segurança de “Israel”, fortificando com assentamentos militares e civis para criar uma barreira defensiva contra possíveis ataques de estados árabes vizinhos.

Ao mesmo tempo, o plano sugeria que áreas densamente povoadas por árabes palestinos na Cisjordânia poderiam ser devolvidas ao controle jordaniano ou, eventualmente, a um novo estado palestino autônomo, com lideranças totalmente subjugadas aos interesses sionistas e politicamente dependentes do Estado de “Israel”. A ideia era que esses territórios poderiam funcionar como uma zona tampão, deixando Jerusalém sob controle israelense e negando todos locais históricos e estratégicos para palestinos.

O plano foi recebido com reações mistas tanto dentro de “Israel” quanto internacionalmente. Alguns, em “Israel” e nos países imperialistas, o viram como uma solução pragmática que poderia garantir a segurança da ocupação sionista sobre os povos locais, enquanto oferecia uma base para negociações de paz unilateral à medida que minava as forças de resistência. No resto do mundo, sobretudo na comunidade árabe, o plano foi visto como um ataque direto aos palestinos, perpetuando a ocupação israelense e aprimorando-a militarmente.

Além do Plano Allon, Yigal Allon era conhecido por suas visões, porque ele acreditava firmemente na importância de uma “Israel” “forte e segura”, nas suas palavras, mas trazia em seu discurso a necessidade de coexistência e paz com os vizinhos árabes. Como pontuado anteriormente neste artigo e em sua biografia, o que parece contraditório enxerga-se, logo em seguida, como dois lados da mesma moeda, pois Allon via a força militar e a diplomacia como complementares, não excludentes, então a convivência pacífica com os palestinos se dava justamente pela opressão, pelo silenciamento de seus direitos e pela supressão de toda e qualquer forma de resistência que existisse e pudesse vir a existir desde o berço. Como Vice-Primeiro-Ministro e Ministro das Relações Exteriores, Allon trabalhou intensamente para garantir o apoio dos Estados Unidos e para convencê-los que seu plano era o melhor para os interesses do imperialismo.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.