O economista Paulo Nogueira Batista Jr publicou no portal Brasil 247 um artigo chamado Taxadd? – sobre críticas descabidas a Haddad.
O autor reconhece que Haddad cede às pressões do mercado financeiro, do neoliberalismo, mas acha que as críticas são injustas: “muitas das críticas a Haddad são descabidas. Inventaram agora que o ministro da Fazenda é um taxador inveterado, cunhando a expressão simplória – ‘Taxadd'”.
O colunista tenta mostrar que a política de Haddad não é tão ruim, embora ele mesmo admita que o ministro da Fazendo esteja se adaptando à política do mercado financeiro.
“Há razões para prever aumento do nível global de tributação em 2024? Não há clareza quanto a isso ainda. Sabemos que a arrecadação federal aumentou 8,7% em termos reais no período janeiro/maio relativamente ao mesmo período do ano de 2023”.
O problema da discussão não é técnico, mas político. Apresentar dados que supostamente provariam que o brasileiro paga 0,4% menos impostos na comparação de 2022 para 2023, não explica nada. O que tem que ser discutido é porque num país com a maior carga tributária do mundo, o governo simplesmente não está se esforçando para reduzir realmente – para não dizer acabar – com os impostos sobre os pobres. Um governo minimamente popular deveria estar focado nisso, não em aumentar a arrecadação aumentando impostos.
“Quando se tenta corrigir a injustiça, ergue-se um coro nos meios empresariais e na mídia reclamando contra a ‘voracidade tributária’ do governo. É exatamente o que está acontecendo com Haddad. Passos discretos que ele vem dando são recebidos a pedradas”.
Se Haddad não quer ser alvo de chacotas, ainda que essas chacotas tenham por trás a campanha da direita, ele precisa mudar de política. Mas não, ele prefere conciliar com os neoliberais.
Não se trata de “passos discretos”. Ao aparecer taxando as blusinhas, como estão dizendo, Haddad simplesmente está colaborando para aumentar os impostos dos pobres, não dos ricos. O imposto sobre o consumo é absurdo e é justamente o imposto que atinge diretamente os pobres.
Não dá para negar que o governo, ao invés de estar imbuído em baixar os impostos para os mais pobres, está comprometido com o arcabouço fiscal. Esse é o problema político central.
O esforço do autor em defender Haddad é em vão. Não dá para apresentar a política do governo como benéfica para a população. Na verdade, se quer defender o governo, o correto é mostrar essa falha e exercer uma pressão contrária à que está fazendo a direita neoliberal.
Querer mostrar que o governo está certo, apenas fortalece a direita e não ajuda a mostrar qual é o real problema. O governo precisa parar de se preocupar em ser um administrador do orçamento estrangulado pelos banqueiros e especuladores. Ao fazer isso, Haddad está simplesmente capitulando diante deles e assim, a lei da política e da economia diz que o povo sempre vai pagar mais.