Nesta terça-feira (16), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reverteu a decisão monocrática do corregedor-geral de Justiça, Luis Felipe Salomão, que afastou Gabriela Hardt, sucessora do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) no comando da operação Lava Jato, bem como outros três magistrados. O placar foi de oito votos contrários à decisão de Salomão contra sete por sua manutenção.
Quem comandou a reversão da decisão foi o presidente do CNJ e também presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso. Segundo ele, a decisão de afastar Hardt teria sido “ilegítima e arbitrária”. Um dos mais ferrenhos defensores da Lava Jato no STF, Barroso supera o ridículo ao alardear contra a “arbitrariedade”. Conforme foi revelado nos áudios da Vaza Jato, o ministro do STF era o favorito do ex-procurador Deltan Dallagnol para assumir a relatoria da operação.
O motivo da decisão de Salomão foi o fato de Gabriela Hardt ter homologado, em janeiro de 2019, um acordo feito pela Lava Jato para que R$2,5 bilhões pagos pela Petrobrás como multa ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos fossem devolvidos ao Brasil e investidos numa fundação que seria criada pelo Ministério Público Federal (MPF) para ações educativas de combate à corrupção. Em outras palavras, Hardt, comprovadamente, deu continuidade à mesma política criminosa que fora levada adiante por Sergio Moro na condução da Lava Jato: a política de liquidar a economia nacional a partir da cooptação de agentes públicos por meio do imperialismo norte-americano.
A defesa que Barroso fez de Hardt mostra, uma vez mais, quem de fato é o presidente do STF. Mostra que, no comando da principal corte do País, está um lavajatista. Alguém que, tendo sido empossado como um grande “defensor da democracia”, com direito a samba e tudo mais, pode muito bem ser peça central de um novo golpe.
Ainda que chame a atenção o caráter lavajatista do STF, também chama a atenção o fato de que alguém intimamente ligado ao Estado, como Luis Felipe Salomão, tenha suspendido Hardt, bem como outros seis integrantes do CNJ terem acompanhado seu voto. Isso mostra que a política de caça às bruxas, que sempre tem o Judiciário como o seu principal pilar, acabas sempre causando uma crise dentro das próprias instituições.
Pela enorme impopularidade da Lava Jato, que levou o presidente Lula à cadeia, Sergio Moro e Deltan Dallagnol, outrora tão paparicados pela imprensa burguesa, acabaram sendo praticamente descartados, precisando recorrer às eleições legislativas para se manter em um cargo de destaque. O mesmo já havia acontecido com Joaquim Barbosa, o homem do julgamento do “mensalão”, que acabou sendo pressionado a se aposentar.
E o mesmo está em vias de acontecer, ao que tudo indica, com Alexandre de Moraes. Após prender pessoas ilegalmente, aplicar multas absurdas e derrubar páginas inteiras da Internet, o “Xandão do STF” acabou por colocar toda a política do imperialismo no Brasil em xeque na medida em que foi censurando amplos setores da população. As críticas da imprensa a Moraes são um indicativo de que “acabou o amor” entre Xandão e a burguesia. E pode ser que, em seu caso, não apareça um Barroso para salvar seu pescoço.