Lucas Passos Lima, brasileiro condenado a mais de 16 anos de prisão sob acusações de terrorismo, passou o último Natal encarcerado. Caso que representa uma grotesca violação de seus direitos democráticos e da soberania nacional.
Sua prisão, efetuada pela Polícia Federal em novembro de 2023 no Aeroporto de Guarulhos a mando do serviço secreto israelense (Mossad), deveria ter sido amplamente denunciada por organizações de esquerda e qualquer um minimamente interessado na defesa da soberania do País, dada sua evidente motivação política e igualmente evidente influência imperialista. No entanto, a notícia quase não recebeu atenção, nem mesmo da esquerda.
Segundo as investigações da criminosa Operação Trapiche, Lucas Passos foi acusado de integrar uma “organização terrorista” ligada ao partido revolucionário libanês Hesbolá e de realizar o que foi considerado “atos preparatórios” para ataques contra a comunidade judaica no Brasil. Na lista de supostos crimes constam, apenas, ações como pesquisar sobre sinagogas, cemitérios e embaixadas israelenses.
Por esses critérios, qualquer pessoa interessada em aprender sobre o judaísmo ou visitar esses locais poderia ser presa. Segundo a polícia, ele também teria realizado treinamento com armas e adquirido equipamentos como walkie-talkies, considerados “não rastreáveis” pelas autoridades.
A única “prova” apresentada para confirmar essa acusação, no entanto, é o fato de ele ter viajado ao Líbano, sem qualquer comprovação de envolvimento em coisas do tipo. Além disso, o Hesbolá não possui histórico de promover atentados fora de sua região e nem sequer no próprio território libanês, sendo conhecido como um grupo combatente que defende seu país contra invasores. Ainda assim, a denúncia aponta que Lucas teria recebido treinamento no Líbano e participado de conversas sobre recrutamento de brasileiros para o partido libanês.
As chamadas “provas” apresentadas, se ainda podem ser denominadas assim, não possuem nenhum valor jurídico e são insuficientes para justificar uma condenação. As acusações são vagas e baseadas em interpretações exageradas de ações corriqueiras, como pesquisas na Internet.
A prisão foi claramente influenciada por interesses imperialistas, incluindo memorandos da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil e pressões do Mossad.
O caso de Lucas Passos não é isolado e expressa uma tendência maior de repressão política e controle imperialista sobre instituições nacionais. Sua condenação representa, além disso, uma tentativa de fazer com que qualquer manifestação pró-palestina ou crítica à ocupação israelense seja ilegal. A interferência imperialista no caso é um ataque direto à soberania do Brasil e uma afronta aos direitos democráticos do povo brasileiro.
A Operação Trapiche, responsável pela prisão de Lucas, foi apresentada como uma medida preventiva contra o “terrorismo” no País. Essa justificativa, no entanto, é uma farsa que busca dar legitimidade a ações arbitrárias e autoritárias contra indivíduos que não representam qualquer ameaça real à segurança nacional ou à integridade de qualquer pessoa. A acusação de “envolvimento em planejamentos relacionados ao conflito Israel-Hamas” carece de provas reais ou minimamente plausíveis.
Enquanto muitas famílias celebravam o Natal em paz, Lucas Passos permanecia preso ilegalmente, por ordem de forças estrangeiras. Sua situação é um alerta de como os direitos democráticos da população brasileira estão em frangalhos, especialmente daqueles que entendem qual é o inimigo comum que os trabalhadores libaneses, brasileiros e de todo o mundo enfrentam.
A campanha por sua libertação tem como objetivo impedir que o imperialismo abafe o caso e pressionar pela sua liberdade, em um sistema judicial cada vez mais escandalosamente submisso ao sionismo. Seu cárcere no último Natal deve ser enfrentado com uma luta firme contra o sionismo e o imperialismo, pela defesa da soberania nacional e dos povos oprimidos que buscam emancipação no Brasil e no mundo.