Em uma entrevista exclusiva com Anna Knishenko, da RT, neste sábado (31), o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, se pronunciou sobre os paralelos entre o Estado de “Israel” e a Ucrânia governada pelos nazistas da OTAN. As comparações são principalmente sobre a postura bélica e a tentativa de escalar as guerras que ambos os países estão travando. Ela demonstra que a política agressiva do imperialismo é internacional.
Lavrov afirmou que: “parece que o único que quer esse desdobramento é Israel. Provavelmente o governo israelense, que é bastante duro politicamente, e eles nem mesmo escondem isso“. E seguiu: “provavelmente, eles querem aproveitar essa situação para, de uma vez por todas, tentar resolver todos os seus problemas com o Hamas e com o Hesbolá, e com grupos pró-iranianos na Síria e no Iraque“. E ainda acrescentou que o Irã parece estar evitando tal conflito e “não quer se envolver em nenhuma ação militar de grande escala“.
Então ele comparou “Israel” com a política do governo Zelensqui da Ucrânia: “estou vendo um paralelo interessante ali, [Vladimir] Zelensqui também, que é totalmente controlado pelos EUA, quer mais ou menos a mesma coisa, só que em torno da Ucrânia – desencadear uma grande guerra aqui, e se afastar, para que os norte-americanos e outros membros da OTAN comecem a lutar por ele“.
Destacou que são situações muito semelhantes, querem provocar uma grande guerra no Oriente Médio e no território diretamente adjacente a Rússia, e agora parte da região russa de Kursk está sob o controle do regime nazista de Zelensqui, com armas fornecidas a ele pela OTAN.
Sobre essa incursão ucraniana na região de Kursk, lançada no início de agosto, Lavrov afirmou: “há grande número de unidades nazistas, bem como mercenários estrangeiros, que podem ser ‘tropas regulares’, eles estão participando das hostilidades“. E seguiu: “é difícil para mim dizer qual era a ideia por trás dessa situação, porque nossos colegas ocidentais têm mentes muito complicadas, às vezes distorcem tudo ao seu modo, e então nada resulta disso“.
A Rússia e o Oriente Médio
Enquanto lutam na Ucrânia, a Rússia também está envolvida no Oriente Médio. O maior inimigo de “Israel” na região, o Irã, é um grande aliado dos russos. Além disso, a Síria, que é bombardeada por “Israel” todas as semanas e ocupada militarmente pelos EUA, é um aliado militar dos russos, lá há uma base naval da marinha russa.
Na Síria, onde a ajuda russa é muito importante, há movimentações do governo Putin. Uma das mediações feitas pelos russos é a da retirada das tropas da turquia que ocupam uma parte do território sírio. “Os turcos estão prontos para isso, mas os parâmetros específicos ainda não foram acordados. Estamos falando sobre o retorno dos refugiados, sobre as medidas necessárias para suprimir a ameaça terrorista, o que tornaria desnecessária a presença dos contingentes turcos. Tudo isso está em andamento“, disse o ministro.
Sobre a Síria, ele ainda afirmou que os EUA saqueiam petróleo, gás e grãos em vez de combater o terrorismo. Em suas palavras: “os norte-americanos não estão cumprindo nenhuma tarefa no campo do antiterrorismo. O que fazem é criar ativamente um quase-Estado lá. Diferente de todo o território da Síria, que é controlado pelo governo legítimo e contra o qual foram anunciadas sanções severas, incluindo a sufocante Lei César, essas sanções não se aplicam ao território controlado pelos norte-americanos. Além disso, estão investindo dinheiro lá. É lá que estão localizados os campos de petróleo e gás mais ricos e as terras agrícolas mais férteis, que são explorados sem piedade“. E concluiu: “petróleo, gás e grãos são enviados pelos americanos e seus aliados e vendidos“.
A Rússia, a Turquia, a Síria e o Irã planejam realizar mais uma reunião em um futuro próximo para discutir a normalização das relações entre o governo Assad e o governo Erdogan. Sobre isso, Lavrov afirmou: “fizemos um grande esforço nos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa para realizar reuniões no ano passado com a participação dos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores e agências especiais. Usamos essas reuniões para tentar discutir condições que poderiam levar à normalização das relações entre a República Árabe da Síria e a República da Turquia. Essas reuniões contaram com a presença de representantes da Síria, Turquia, Rússia e Irã“. “Agora acreditamos que seria razoável preparar outra reunião. Estou certo de que ela acontecerá em um futuro próximo“, concluiu.