Na última quinta-feira (21), o jornal O Globo publicou um artigo que contém declarações feitas por Paula Lavigne, empresária e esposa de Caetano Veloso, acerca das próximas apresentações do cantor. No texto, Lavigne, comentando sobre o fato de que estão vendendo ingressos falsos para os shows de Veloso, defende que é necessário “regular” a Internet.
“Tem que ter o ‘.com.br’ depois do Ticketmaster, se não é fraude. Agora com a inteligência artificial os bandidos estão ainda mais competentes. Eles espelham o site oficial e aí tudo parece verdadeiro. Tem muita gente caindo na cilada. Entendem agora porque precisamos que o Congresso regule a Internet?”, afirmou.
Aqui, “regulação” é um eufemismo. O que Lavigne, uma pessoa intimamente ligada à Globo, está fazendo, na realidade, é uma campanha pela proibição e pela restrição da comunicação pela Internet.
Afinal, “regular” a Internet não fará com que as pessoas parem de vender ingressos falsos. Mais do que isso, um projeto como o PL das “Fake News” (pois é disso que se trata) não consegue, na prática, impedir esse tipo de atividade.
A justificativa de Lavigne para defender tal regulação é, portanto, um mero pretexto. Trata-se de uma campanha que, encabeçada pela imprensa burguesa, faz com que qualquer coisa seja motivo para exigir a restrição da Internet.
O problema que ela apresenta é um problema social – a falsificação, a fraude, o golpe – que existe há muito tempo, muito antes da criação da Internet. Em sua declaração, quase fica implícito que esse tipo de coisa teria sido inventada pela Internet.
Não, não é sobre o ingresso do show de seu marido – até porque essa atividade de falsificação é, por si só, ilegal. A declaração de Lavigne faz parte da campanha dos grandes meios de comunicação que, preocupados com a perda de seu poder político, querem fazer com que o mundo inteiro volte à época em que a Internet não existia.
A atual crise na Palestina mostra, na prática, por que isso é importante. A imprensa burguesa, aliada e financiada pelo sionismo, trabalha para esconder os crimes do Estado de “Israel” na Faixa de Gaza.
Sem a Internet, sem as redes sociais, as denúncias que hoje são feitas, os vídeos que mostram a chacina que “Israel” perpetra contra o povo palestino, as fotos que registram a barbaridade dos sionistas; tudo isso seria enterrado e sua divulgação ficaria restrita a um número infinitamente menor de pessoas.
Tanto é assim que o imperialismo já trabalha arduamente para censurar cada vez mais a defesa do povo palestino na Internet. Chegou em um ponto que, para as empresas responsáveis pelas redes sociais, quando se trata de exaltar o genocídio cometido por “Israel” na Faixa de Gaza, não há restrição alguma. Por outro lado, defender a Palestina é motivo de restrição, de censura, de “regulação”.
Ao mesmo tempo, segundo o Gabinete de Comunicação Social de Gaza, a ocupação sionista já assassinou 136 jornalistas desde 7 de outubro. A esmagadora maioria, é claro, a serviço de jornais e emissoras que denunciam sistematicamente o que o Estado nazista de “Israel” faz na Palestina, como é o caso da Al Jazeera.
Outra face do esforço do imperialismo para calar o movimento em defesa da Palestina e mais uma demonstração da importância da Internet.
Estamos diante de uma guerra entre a vontade popular, a tendência da população a denunciar os crimes do imperialismo, a denunciar os ataques contra os povos oprimidos de todo o mundo; e a censura.