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Oriente Médio

Operação do Irã foi a definição de vitória, diz analista militar

Ex-militar norte-americano analisa o sucesso da retaliação iraniana e os seus impactos no cenário global

Em um artigo analítico publicado no sítio Consortium News, o ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Scott Ritter, destacou que os ataques com mísseis realizados pelo Irã contra alvos israelenses, em retaliação aos atentados cometidos por “Israel” contra o país em janeiro e 1º de abril, desencadearam uma série de mudanças não apenas no Oriente Médio, mas também em todo o mundo. “Os ‘Mísseis de Abril’”, diz o ex-militar, “representam um momento de mudança radical na geopolítica do Oriente Médio — o estabelecimento de uma dissuasão iraniana que afeta tanto Israel quanto os Estados Unidos.”(“Scott Ritter: The Missiles of April”, 15/4/2024).

Mesmo que os danos materiais tenham sido relativamente limitados, uma vez que demonstraram a capacidade do Irã de desafiar as defesas avançadas de “Israel” e atingir alvos estratégicos em seu território. “Os iranianos”, comenta Ritter, “atingiram pelo menos duas pistas de pouso, deixando-as fora de serviço, e pelo menos cinco estruturas do tipo armazém (isso a partir de imagens de satélite obtidas após o ataque).” O militar acrescenta que “o Irã deu a Israel um aviso com cinco horas de antecedência para mover itens de alto valor (F-35s)”, destacando também que o ataque não mirou “quartéis, quartéis-generais ou alvos que pudessem causar vítimas”, porque nunca foi esse o objetivo.

Em sua análise, o norte-americano destaca que “pesava contra a retaliação uma complexa rede de objetivos políticos entrelaçados que provavelmente seriam questionados pelo tipo de conflito em larga escala entre Israel e o Irã que poderia ser precipitado por qualquer ataque significativo de retaliação iraniana contra Israel.”

Ao atingir com sucesso instalações militares altamente protegidas, contudo, os iranianos enviaram uma mensagem clara, diz o analista. “Os danos podem ter sido pequenos, mas a mensagem é clara: o Irã pode atingir qualquer alvo que quiser, a qualquer momento.”

 “Esta mensagem ressoou não apenas nos corredores do poder em Telavive, mas também em Washington, DC”, diz Ritter, acrescentando que o feito de Teerã (capital do Irã), ocorre “em um momento em que o mundo está passando de um período de singularidade dominada pelos Estados Unidos para uma multipolaridade impulsionada pelos BRICS”.

“Os formuladores de políticas dos EUA”, analisa o norte-americano, “foram confrontados com a verdade desconfortável de que se os EUA agissem em conjunto com Israel para participar ou facilitar uma retaliação israelense, então as instalações militares dos EUA em todo o Oriente Médio estariam sujeitas a ataques iranianos aos quais os EUA seriam impotentes para deter.”

Além disso, Ritter reforça que os “Mísseis de Abril” foram uma resposta direta às provocações do imperialismo, não apenas em relação aos atentados cometidos por “Israel”, mas no conjunto da região, incluindo as operações genocidas dos sionistas em Gaza. O sucesso da operação iraniana, no entanto, conforme a análise, ultrapassa as fronteiras do Oriente Médio, sendo um marco na luta de classes mundial, com um Irã mais forte e influente.

“Em primeiro lugar, o Irã está envolvido em uma política estratégica baseada em uma mudança, na qual o país se afasta da Europa e dos Estados Unidos, e se aproxima da Rússia, da China e da massa de terra eurasiana”, diz.

Na complexa intersecção da política com a guerra, Ritter reforça que “qualquer retaliação iraniana contra Israel precisaria navegar por essas águas políticas extremamente complicadas, permitindo que o Irã impusesse uma postura de dissuasão viável, projetada para evitar futuros ataques israelenses e, ao mesmo tempo, garantir que seus objetivos políticos em relação a uma mudança geopolítica para o leste, nem a elevação da causa do Estado palestino no cenário global, fossem desviados.”

Oriunda da crise imperialista em um sentido mais geral, a mudança de conjuntura identificada pelo analista destaca também o fracasso do acordo nuclear iraniano em produzir os benefícios econômicos prometidos ao país e a crescente insatisfação com a política externa agressiva dos EUA. “Essa mudança”, diz, “foi motivada pela frustração do Irã em relação à política de sanções econômicas conduzida pelos EUA e pela incapacidade e/ou falta de vontade do Ocidente em encontrar um caminho que levasse à suspensão dessas sanções.”

Voltando à conjuntura ampla, Ritter destaca que os “Mísseis de Abril” levanta questões importantes sobre o equilíbrio de poder na região e sobre a capacidade do imperialismo de garantir a dominação do Oriente Médio. Por isso mesmo, o episódio reflete mudanças significativas na ordem mundial.

Em última análise, os “Mísseis de Abril” representam um sintoma de uma crise em curso no Oriente Médio e na dominação imperialista mundial. Eles destacam as mudanças significativas no equilíbrio de poder provocado pelo atual estágio da crise do imperialismo.

“É por isso”, destaca Ritter, “que os iranianos enfatizaram tanto a importância de manter os EUA fora do conflito, e por que o governo Biden estava tão ansiosa para garantir que tanto o Irã quanto Israel entendessem que os EUA não participariam de nenhum ataque retaliatório israelense contra o Irã.”

“O Irã foi capaz de realizar isso sem interromper sua mudança estratégica para o leste ou minar a causa do Estado palestino. A ‘Operação Promessa Cumprida’, como o Irã nomeou seu ataque de retaliação contra Israel, ficará registrada na história como uma das vitórias militares mais importantes na história do Irã moderno, tendo em mente que a guerra não passa de uma extensão da política por outros meios.”

“O fato de o Irã ter estabelecido uma postura de dissuasão credível sem interromper os principais objetivos e metas políticas é a própria definição de vitória”, conclui.

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