Isaque Shamir nasceu em 1915, na Polônia. Ainda jovem, juntou-se ao movimento sionista de direita Betar, liderado por Ze’ev Jabotinsky. Em 1935, migrou para o território do Mandato Britânico da Palestina. Esses fatos biográficos ajudam a desmistificar a ideia de que os fundadores de “Israel” eram sobreviventes dos campos de concentração nazistas.
Por um breve período, ele integrou o grupo paramilitar sionista Irgun, que realizava ataques contra árabes e britânicos. Com o início da Segunda Guerra Mundial, o Irgun diminuiu suas atividades contra os britânicos, e Shamir, junto com Avraham Stern, fundou a milícia Lehi, também conhecida como Stern Gang.
O Lehi, além de se inspirar no fascismo italiano e no nazismo alemão, manteve contatos com esses regimes. Para muitos, pode parecer estranho que uma liderança israelense estivesse envolvida com uma milícia pró-nazista, mas documentos descobertos após a guerra revelaram que, em 1941, o Lehi enviou representantes para se encontrar com oficiais nazistas, visando estabelecer uma aliança militar.
O Lehi ficou conhecido pelo massacre de Deir Yassin, que resultou na morte de pelo menos 107 civis palestinos, espalhando terror e causando a fuga de muitos palestinos de suas aldeias.
Durante uma trégua imposta pela ONU, Shamir autorizou o assassinato de Folke Bernadotte, representante da ONU no Oriente Médio, que foi morto em setembro de 1948 por membros do Lehi em Jerusalém.
Em 1955, após o reconhecimento de “Israel” pelas Nações Unidas e o desmantelamento do Lehi, Shamir entrou para o Mossad, onde permaneceu até 1965. Nesse período, ele comandou a Operação Dâmocles, que visava eliminar cientistas alemães envolvidos no programa de foguetes do Egito.
Em 1969, Shamir entrou para o partido Herut, que mais tarde se tornaria o Likud. Em 1983, foi eleito primeiro-ministro pela primeira vez como líder do Likud, assumindo um segundo mandato entre 1986 e 1992.
Durante seu segundo mandato, Shamir manteve as políticas israelenses de confiscar terras, construir assentamentos, prender pessoas sem acusação formal, demolir casas como punição e torturar palestinos nas prisões. Em dezembro de 1987, um caminhão israelense atropelou e matou palestinos em Gaza, provocando protestos que deram início à Intifada. A revolta popular envolveu grandes manifestações, greves e confrontos com o exército israelense.
A resposta de Shamir foi extremamente violenta. Ele enviou o exército para reprimir a Intifada, resultando na morte de milhares de pessoas, incluindo centenas de crianças. Toques de recolher foram impostos, e pessoas foram baleadas por simplesmente olhar pelas janelas de suas casas.
Um dos últimos atos de Shamir como primeiro-ministro foi ordenar o assassinato do líder do Hesbolá, Sheikh Abbas al-Musawi, em fevereiro de 1992.