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Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Coluna

Putin, Lula e a guerra na Palestina

Por que Lula, que tem um potencial diplomático muito maior que o de Putin, aparece como ultra moderado na questão da Palestina?

A guerra na Palestina, que iniciou em 7 de outubro de 2023, se tornou um principal acontecimento da política internacional desde o seu primeiro dia. Ela revelou muito sobre diversos atores políticos do mundo inteiro. E isso inclui também o Brasil e a Rússia. Algo que impressionou muitos foi a posição de Lula, tradicionalmente muito mais defensor da Palestina e também muito mais radical durante o ano de 2023, o presidente brasileiro por pouco não assumiu uma defesa do sionismo. Putin, por outro lado, que muitos diziam ser um aliado de “Israel” convidou o Hamas e a Jiade Islâmica para uma reunião em Moscou. Estes casos revelam o nível da dominação imperialista em cada país.

Primeiro é preciso recapitular as posições de Lula e Putin. O presidente brasileiro de início soltou uma nota, que não parece que passou por sua aprovação, condenando a operação militar do Hamas a chamando de “terrorista”. Essa política se mantém até os dias de hoje, mas pouco depois isso se tornou ultra secundário e Lula começou a condenar “Israel”, chamar o que acontece de genocídio, chegou até a apoiar o processo aberto pela África do Sul contra o Estado de “Israel”. Mas tudo de forma ultra moderada. Putin, por sua vez, começou mais radical, comparou “Israel” aos nazistas que invadiram a Rússia na Segunda Guerra Mundial. Convidou também representantes do Hamas para conversar com o Ministério das Relações Exteriores.

Vale lembrar um caso emblemático em que Lula se destacou internacionalmente, o da guerra na Ucrânia. O presidente saiu em uma campanha em defesa da paz que enfureceu o imperialismo, foi criticado até mesmo pelos grandes portais da imprensa imperialista. Ele saiu em defesa da Rússia abertamente? Não. Apenas defendeu as conversas de paz, ou seja, não demonizou a Rússia e assim a ajudou em sua luta contra a OTAN. A posição do imperialismo era de guerra total contra a Rússia, inclusive na propaganda, e Lula atrapalhou muito. Então por que uma manobra semelhante não poderia ser feita contra a Palestina? Porque o sionismo é uma força gigantesca dentro da direita, e da esquerda, brasileira.

A campanha do sionismo no Brasil mostrou a diferença de um país que tem o regime político independente, como a Rússia, e o nosso País, com o regime dominado pelo imperialismo. O sionismo é tão forte que unifica todo o bloco da direita, tem agentes dentro da PF e da PRF, levou um ministro do STF e 5 do STJ para o Estado de “Israel”, colocou todos os órgãos da imprensa burguesa para defender o genocídio em “Israel”, atacou toda a esquerda que saiu em defesa da Palestina, principalmente o PCO, e setores do PT como Breno Altman e Genoíno. Está claro que Lula ficou extremamente acuado pelo sionismo e um dos motivos é que o sionismo acuou o próprio PT, vide o caso de Alberto Cantalice, vice-presidente do partido, o qual é um sionista.

O partido de Putin, por sua vez, não tem esses problemas. Então ele pode criar uma Conferência Inter-Palestina que terá a participação de representantes de diversos partidos palestinos, incluindo o Fatá, o Hamas, a Jiade Islâmica, e também representantes da Síria e do Líbano. O interessante é que isso lembra muito a polícia de Lula, chamar todos para conversar, algo que não parece radical, mas que se fosse feito pelo Brasil e não pela Rússia teria um impacto político gigantesco internacionalmente. Esse impacto político é, na verdade, um dos principais motivos para o tamanho da campanha sionista contra o governo brasileiro.

Todos os posicionamentos de Lula sobre a Palestina são repercutidos imediatamente em toda a imprensa do Oriente Médio. E não são colocados de forma crítica, mas como se Lula fosse um enorme aliado, que de fato é, mas é um aliado que está fazendo muito pouco. Se Lula se colocasse na posição de estabelecer a paz e criar um Estado da Palestina, mesmo não sendo uma política revolucionária, isso seria um entrave gigantesco para o imperialismo. Ele iria liderar diversas nações oprimidas do mundo nessa empreitada e se tornaria um gigantesco aliado dos palestinos, mesmo apenas seguindo uma política aceita pela própria ONU.

O caso Lula é uma demonstração de que a luta contra o sionismo não é apenas uma luta dos palestinos, mas também de todos os oprimidos do mundo e com muito destaque a luta da classe operária do Brasil. O sionismo, que controla o regime político brasileira, deve ser esmagado tanto na Faixa de Gaza quanto nas ruas do Brasil.

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