Na tarde dessa segunda-feira (3), professores e alunos ocuparam a Assembleia Legislativa do Paraná (AIEP), em protesto contra o projeto de lei estadual, apoiado pelo governo Ratinho Jr., que terceiriza a gestão das escolas públicas do Paraná.
Os manifestantes, que buscavam acompanhar a sessão e se manifestar de forma contrária a terceirização da gestão, foram impedidos de entrar nos recintos da Alep, o que fez com que fosse necessário que os manifestantes derrubassem o portão principal para ter acesso ao parlamento. Em vídeo, é possível ver que policiais tentaram conter e reprimir os manifestantes, mas a volumosa massa de manifestantes avançou e as forças repressivas foram engolidas pela movimentação popular. Em outro vídeo, já nas rampas que dão acesso ao interior do parlamento, um segurança que, inicialmente, tentava conter os manifestantes, acabou cedendo e pediu a outros seguranças que “deixassem todo mundo passar.”
Conforme a administração da ALEP relatou, a manifestação ocupou o espaço do parlamento, que é público, por volta das 14h30, pouco antes do início da sessão. Outros manifestantes já estavam nas galerias do plenário, para acompanhar a manifestação, mas foram impedidos de estender bandeiras ou se manifestar até que a ocupação começasse.
Durante a sessão, houve a suspensão da votação, que foi retomada virtualmente mais tarde no mesmo dia.
A repressão logo se intensificou, com uma tropa de choque da polícia militar sendo mobilizada para tentar dispersar a manifestação. Os agentes da repressão lançaram bombas de gás lacrimogêneo e deixaram três pessoas feridas quando a tropa se confrontou com a manifestação. Dois manifestantes foram presos pela polícia, acusadas de depredar patrimônio público.
Em nota, o Governo do Estado informou que um inquérito foi instaurado pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) para apurar a conduta de cada um dos manifestantes que ocuparam o prédio da Casa Legislativa. As duas pessoas presas são um homem e uma mulher. Elas foram autuadas pelos crimes e vão passar por audiência de custódia.
O governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), afirmou nesta segunda-feira (3) que a greve dos professores da rede estadual de ensino é “política, baseada em fake news e ilegal”.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed), a greve teria baixa adesão, afirmação que vai na contramão das informações repassadas pela APP-Sindicato, sindicato que representa os professores no Paraná, e que afirmou que 87% dos profissionais da categoria teriam aderido à greve. A entidade também apontou que 20 mil manifestantes teriam se concentrado no centro e seguido em direção à Alep.
O Projeto de Lei, votado em regime de urgência virtualmente mais tarde no mesmo dia, transfere a gestão administrativa e de infraestrutura de 204 escolas estaduais para os bolsos de empresas privadas, terceirizando os setores. A gestão será feita por meio do programa “Parceiro da Escola”, programa que já havia angariado ampla oposição da categoria anteriormente.
Sua aprovação se deu virtualmente, com apenas 13 parlamentares votando de maneira contrária o projeto. Sendo eles os deputados Ana Júlia (PT), Arilson (PT), Cristina Silvestri (PSDB), Dr. Antenor (PT), Evandro Araújo (PSD), Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Mabel Canto (PSDB), Ney Leprevost (União), Professor Lemos (PT), Renato Freitas (PT), Requião Filho (PT) e Tercílio Turini (PSD).
O governo do Paraná, que tem levantado séria oposição de alunos e professores do Estado, faz lembrar o governo Beto Richa (PSDB) , que constantemente é lembrado por professores por conta do “massacre de 2015”, onde professores se manifestaram contra a demissão de 9.700 funcionários, sendo recebidos por policiais militares que responderam livremente com balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, pisoteamento por parte dos cavalos e ataques das unidades caninas da polícia.