Na terça-feira (30), o recém-eleito presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, prestou o juramento de posse perante o Parlamento, com delegações de 88 países presentes na cerimônia de inauguração. Diante do Corão, Pezeshkian jurou proteger o Islã, a República Islâmica e a Constituição. Um grande destaque de toda a cerimônia foi a participação de Ismail Hanié, líder do birô político do Hamas, que foi tratado como o principal convidado.
Pezeshkian declarou: “como presidente, na presença do Santo Corão e diante da nação iraniana, juro por Deus Todo-Poderoso que protegeria a religião oficial, o sistema da República Islâmica e a Constituição do país”. E ainda destacou: “dedico todas as minhas habilidades e qualificações para cumprir as responsabilidades que me foram confiadas, e me dedicarei a servir o povo e elevar a nação, promovendo a religião e a ética, apoiando a justiça e expandindo a equidade”.
Masoud Pezeshkina foi eleito no último dia 5 de julho com 55% dos votos. As eleições iranianas foram adiantas após o trágico acidente de helicóptero que levou à morte do antigo presidente Ebraim Raisi, bem como outros importantes membros do governo. Ele foi taxado de moderado pela imprensa burguesa, mas suas ações até o momento indicam a continuidade da linha política de defesa da resistência contra o sionismo e o imperialismo.
Em seu primeiro discurso após o juramento de posse, Pezeshkian declarou: “o mundo precisa aproveitar essa oportunidade ímpar para abordar questões regionais e internacionais por meio da colaboração de um Irã poderoso, pacífico e digno”. O presidente prometeu defender a dignidade e os interesses do Irã no mundo.
“Em nossa visão“, disse Pezeshkian, o Irã “engaja-se de maneira construtiva e eficaz nas relações internacionais, enquanto enfatiza a democracia religiosa, a justiça social, as liberdades legítimas, a preservação da dignidade e dos direitos humanos, e a segurança social e judicial”. Ainda abordou a questão das sanções: “considero a normalização das relações econômicas e comerciais do Irã com o mundo como um direito legítimo do Irã, e não descansarei até que as sanções injustas sejam levantadas“.
No fim de seu discurso, ele desejou um mundo onde os palestinos sejam libertos e que “nenhum sonho de criança palestina seja enterrado sob os escombros de suas casas”. No Parlamento do Irã, ele levantou a mão de Ismail Hanié para destacar a importância da aliança entre a República Islâmica e o Hamas.
O Eixo da Resistência se reúne
A viagem ao Irã deu a oportunidade dos delegados não só de participar da celebração como de realizar importantes reuniões, não apenas como Pezeshkian, mas também com o aiatolá Khamenei, chefe de Estado do país. Houve encontros com o Hamas, a Jiade Islâmica Palestina, o Ansar Alá do Iêmen e o Hesbolá.
Na segunda-feira (29), Pezeshkian recebeu o vice secretário-geral do Hesbolá, xeique Naim Qassem, e o secretário-geral da Jiade Islâmica Palestina, Ziad al-Nakhalé. O presidente iraniano destacou que apoiar o Eixo da Resistência é “um dever legítimo e uma das políticas básicas do Irã“, acrescentando que fortalecer as relações com os países islâmicos está entre as prioridades de seu governo.
O porta-voz do movimento iemenita Ansar Alá, Mohammed Abdul Salam, também se reuniu com o mandatário iraniano. Durante a reunião, o novo presidente descreveu as relações entre Irã e Iêmen como “inquebrantáveis” e elogiou o apoio do Iêmen aos palestinos em Gaza. “As ações do Iêmen na defesa da nação palestina têm sido extremamente importantes e influentes, e colocaram o regime sionista e seus apoiadores sob pressão”, destacou. E acrescentou: “a resistência da nação iemenita diante das pressões e hostilidades dos opressores também é admirável”.
Na reunião com Ismail Hanié, do Hamas, o presidente iraniano “expressou sua satisfação em receber a delegação do movimento, reafirmando a posição firme de seu país em apoiar o povo palestino, sob a liderança do líder da revolução islâmica, desejando ao povo palestino e à sua resistência vitória em sua justa luta contra a agressão”, conforme comunicado do próprio Hamas.
A reunião mais interessante foi com o primeiro-ministro do Iraque, Mohamed al-Sudani. Aqui, já houve uma questão política importante, ele quer que o Irã pressione a resistência iraquiana a não atacar as bases dos EUA. Segundo o jornal libanês al-Akhbar: “Sudani pediu ao Irã pela segunda vez para pressionar as facções de resistência iraquianas a não escalarem suas operações militares contra as forças norte-americanas posicionadas em várias províncias do país”. Mas a resistência iraquiana já deixou claro que voltará com suas operações independente da posição iraniana.