O País vem atravessando uma recessão prolongada, a mais profunda desde a década de 30. A recessão é a expressão aguda da crise do capitalismo.
Os resultados desta situação para os trabalhadores estão expressos no incremento do número de demissões e num gigantesco arrocho salarial. Só na região de São Paulo, o índice do número de desempregados ultrapassa 18,5% de trabalhadores. Em todo o Brasil, o percentual chega a 22,2% (segundo dados oficiais) da população economicamente ativa. Regiões inteiras estão semi paralisadas, como o Distrito Industrial de Manaus, onde houve uma retração industrial de 14,2% no ano passado.
A crise serve também de pretexto para que mesmo garantias legais mínimas oferecidas pela legislação burguesa sejam ainda mais descumpridas. Em todo o País, metade dos trabalhadores não conta sequer com registro em carteira de seu contrato de trabalho, aumenta a sonegação de valores devidos pelas empresas aos trabalhadores e não são realizados os depósitos nas contas do FGTS.
A burguesia mostra-se incapaz de garantir o emprego e as condições elementares de vida dos escravos modernos, o proletariado.
Em muitas regiões do País, o retrocesso da economia nacional chega ao ponto da convivência da manutenção e crescimento de regime de escravidão no trabalho. Cresce a prostituição e o tráfico de pessoas, na sua maioria crianças, no interior do País.
Ao contrário do que apregoa a grande imprensa, em nome de toda a classe capitalista, estes não são “efeitos naturais” da crise, mas uma política deliberada, consciente da classe dominante, que visa descarregar sobre as costas dos trabalhadores todo ônus da crise.
Mascarado por mudanças superficiais na economia, o governo Lula, que está totalmente cercado pela direita nas instituições do Estado, aprofunda sua submissão ao imperialismo e é obrigado a se compromete com as exigências dos grandes capitalistas e banqueiros nacionais e internacionais em relação à dívida pública, e mantém a política de entrega da economia por meio do pagamento dos juros e serviços da dívida, transferência e fuga de capitais etc.
Diante desta situação, que representa uma verdadeira operação de guerra contra os trabalhadores e a população explorada em geral, o movimento operário, confrontado com demissões em massa, não tem conseguido estruturar uma reação à altura e, sem uma orientação independente da parte de suas direções, vê-se colocado na defensiva diante do ataque patronal. Isso não significa, porém, um refluxo, pois as tendências de luta dos trabalhadores não foram quebradas e a burguesia encontra enormes dificuldades para estabilizar minimamente a situação.
Em todo o País, ocorrem mobilizações importantes, como as greves nos serviços públicos de rodoviários, metroviários etc. O que todas estas lutas têm em comum, assim como outras mobilizações no campo e na cidade, é que elas sinalizam a grande tendência à radicalização presente no interior do movimento dos trabalhadores e dos explorados em geral, cujo grau de rejeição das instituições do regime político (como o parlamento) atingem níveis extremamente elevados. Outra coisa é que estas mobilizações, ainda quando orientadas por uma perspectiva correta, encontram enormes dificuldades de saírem vitoriosas.
O problema central é que todas estas mobilizações e a tendência a sair à luta generalizada dos trabalhadores encontra-se limitada pela política das direções do movimento operário que, contrariamente a estas tendências, escolheram, diante da crise, o caminho do entendimento, da busca da conciliação dos trabalhadores com os governos e empresários – vale dizer, com os responsáveis pelo caos atual e beneficiários da situação de fome e miséria da maioria da população.
Neste ano de 2024, é preciso reagrupar no interior do movimento dos trabalhadores os setores classistas e combativos e os ativistas que continuam a surgir nestas mobilizações para lutar por um programa que procure mobilizar o conjunto dos explorados para fazer com que os capitalistas paguem pela crise que eles criaram.