Na tarde do último domingo (21), um grupo de latifundiários do Movimento Invasão Zero se organizou para despejar uma retomada de índios Pataxó Ha-ha-hãe no município de Potiraguá, região Sudoeste da Bahia.
Aproximadamente 200 latifundiários e pistoleiros da região se organizaram para despejar, de maneira criminosa e sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, retomada por indígenas no último sábado (20).
A ação dos latifundiários resultou na morte de Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, que foi baleada covardemente e morreu a caminho do Hospital. O cacique Nailton Pataxó, irmão de Nega Pataxó, também foi baleado e encaminhado ao hospital, mas ele se encontra fora de perigo.
Índios denunciam que a ação da Polícia Militar, que fingiu estar negociando e mediando o conflito, abriu caminho para que os latifundiários e pistoleiros os atacassem e assassinassem Nega Pataxó, além de terem ferido dezenas de outros índios que estavam na retomada e incendiado veículos.
Denúncias realizadas pelos índios Pataxó ha-ha-hãe mostram que a Polícia Militar atuou para abrir caminho para os latifundiários atacarem os índios. Vídeos comprovam a ação da PM, que acompanhou todo o episódio e não fez nada para controlar a violência dos latifundiários e pistoleiros do Movimento Invasão Zero.
De acordo com os índios, todas as entradas da região estão fechadas (os acessos via Itajú do Colônia, via Itapetinga – Cavalo Preto e Palmares -, via Pau Brasil, e via BR 101).
“Está tudo bloqueado pela Polícia Militar junto com milicianos e pistoleiros”, denunciam. “A Polícia Militar, fingindo uma mediação, abriu caminho para que os fazendeiros atacassem pessoas do Povo Pataxó, e os fazendeiros abriram fogo contra os indígenas com a presença, anuência e posteriormente participação da Polícia Militar da Bahia”, denunciam os índios.
O assassinato de Nega Pataxó é o segundo em menos de 30 dias. Em dezembro do ano passado, o cacique Lucas Santos Oliveira, de 31 anos, do povo Pataxó Hã-hã-hãe, foi assassinado quando retornava da cidade de Pau Brasil, no Sul da Bahia, para a sua aldeia na Terra Indígena Caramuru Catarina Paraguassu, região vizinha ao recente ataque.
A Polícia Militar tem uma ação conjunta com latifundiários, atuando como pistoleiros para assassinar os índios na região.
O adolescente Pataxó Gustavo Conceição da Silva, de 14 anos, foi assassinado na madrugada do dia 4 de setembro de 2022, quando um grupo de 10 policiais militares fortemente armados atacou uma área de retomada do povo Pataxó, no Território Indígena Comexatibá, município de Prado, extremo sul da Bahia. Desses policiais, três policiais militares foram presos e posteriormente soltos pela Justiça do município de Teixeira de Freitas.
No dia 17 de janeiro de 2023, na cidade de Itabela, Extremo Sul da Bahia, os índios Pataxó Nawir Brito de Jesus, 16 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 21, foram brutalmente assassinados quando retornavam à retomada próximo ao distrito de Montinho, por pistoleiros. Posteriormente, um deles foi identificado como policial militar.
A atuação da PM como pistoleiros do latifúndio não é nenhuma novidade, mas sua atuação tem se intensificado com a organização dos latifundiários, como o Movimento Invasão Zero e ao Casarão Brasil. Esses movimentos com características fascistas e atuando de maneira violenta têm se disseminado no campo.
Em razão da atuação criminosa da PM e dos latifundiários organizados, é preciso imediatamente criar comitês de autodefesa dos índios para impedir novos massacres, assassinatos e episódios de violência como visto no município de Potiraguá.
Todo apoio e solidariedade aos índios Pataxó Ha-ha-hãe atacados pelos latifundiários e pela Polícia Militar!
Demarcação imediata para todas as terras indígenas!
Pelo fim da polícia militar!
Organizar Comitês de autodefesa dos índios!
Veja os vídeos abaixo: