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Religião

Pastor: ‘Israel’ persegue evangélicos

"Acreditavam que a igreja estava segura, mas não estava. Após 10 dias de guerra, a igreja ortodoxa foi atingida por um míssil matando 18 pessoas incluindo 9 crianças palestinas"

No dia 9 de abril de 2024 o antigo jornalista da Fox News Tucker Carlson entrevistou em seu canal na internet o pastor palestino da Igreja Evangélica Luterana Cristã em Belém: Munther Isaac.

Apesar da propaganda da Igreja Evangélica brasileira – e norte-americana – a favor de ‘Israel’, Isaac demonstrou na entrevista a verdadeira face israelense não apenas contra os muçulmanos, mas também contra os palestinos cristãos. Nos primeiros minutos de entrevista o pastor relata sobre uma igreja ortodoxa que foi atingida por um ataque aéreo israelense no qual 17 pessoas foram mortas. Sendo apenas a superfície do iceberg que é a opressão israelense contra a comunidade cristã na Palestina.

Isaac aponta que um dos grandes problemas dos cristãos na Palestina é de que estes estão fragmentados. “Na minha igreja temos pessoas com familiares em Gaza, e desde antes do 7 de outubro não conseguiam ter contato com estes familiares. Estamos nos deteriorando. Pessoas fogem devido a situação política e a opressão israelenses. Somos um grupo pequeno e somos muito afetados pelos ataques israelenses. Somos entre 800 – 900 palestinos cristãos em Gaza e qualquer ataque ou morte nesta comunidade terá um impacto duradouro”, relatou o pastor.

Diferentemente das posições de diversos líderes evangélicos no Brasil, os sionistas não amigos da comunidade cristã. O sionismo não atacou apenas uma igreja. Atacou diversas. Grande parte dos cristãos residentes em Gaza vivem no centro da região, especialmente na Cidade de Gaza. Quando a guerra começou, estes cristãos se refugiaram nas duas principais igrejas da Cidade de Gaza, uma católica e outra ortodoxa, acreditando que estariam seguros, visto que a guerra seria “apenas contra o Hamas”, como afirma os líderes israelenses. Eles não queriam se refugiar no Sul de Gaza pois tinham medo do desconhecido, eram descendentes de refugiados e não queriam passar por isto de novo. Um deles inclusive relatou ao pastor que se fosse para morrer preferia morrer na igreja. Infelizmente o sionismo não poupa ninguém. “Eles acreditavam que a igreja estava segura, mas não estava. Após 10 dias de guerra, a igreja ortodoxa foi atingida por um míssil matando 18 pessoas incluindo 9 crianças palestinas cristãs”, relatou o pastor.

Outro ataque explícito do sionismo contra a comunidade palestina cristã foi o assassinato de duas idosas em uma igreja. Elas estavam atravessando de um prédio da igreja para outro quando foram atingidas por snipers israelenses. Quando tentaram socorre-las, outros 7 palestinos foram feridos. “Como isso pode ser um erro?”, questionou o pastor, “elas estavam no meio da igreja. E para além de toda esta situação trágica, todas as pessoas em gaza com que conversamos nos contaram que suas casas já haviam sido destruídas pelos bombardeios israelenses. Agora se sobreviverem a esta guerra (e é um grande se) não tem nenhum lugar para voltar”.

Isaac foi enfático a usar a palavra genocídio para o que está acontecendo em Gaza. Disse claramente “há uma guerra brutal acontecendo em Gaza que descrevo usando a palavra genocídio, pois é uma guerra que usou inclusive a fome como meio de guerra e companheiros cristãos estão sofrendo por conta desta guerra”. A fome e a falta de atendimento médico se demonstram um dos maiores problemas na Faixa de Gaza, o pastor relata que 5 pessoas da comunidade cristã palestina morreram de doenças simples, pois não há ajuda médica, medicamentos e estão impossibilitados de irem a hospitais.

Não há amizade entre o sionismo e o cristianismo. A ideia de que existe uma coexistência pacífica entre estas comunidades na Palestina ou até mesmo no estado farsante de “Israel” existe apenas nas igrejas ocidentais que adotam o que o pastor denominou como “cristianismo sionismo”. Influenciadas por posições e opiniões políticas que nada tem a ver com a religião. São controladas pelo imperialismo norte-americano. Isaac aponta que o problema não é apenas religioso, mas político: “Se cristãos são atacados ou perseguidos por alguém que é um aliado, nada acontecerá. Se não é um aliado, aí algo será feito. Porém, como Israel é um aliado dos EUA ninguém se importa com cristãos sendo atacados”.

A propaganda das igrejas evangélicas para com a população brasileira – e ocidental de maneira geral – de que se deve apoiar “Israel” porque estes são seus irmãos nada mais é do que falsa. Inclusive no quesito religioso, pois a premissa de ocupação de Jerusalém pelos judeus na teologia cristã advém da ideia de que quando o fim do mundo chegar dois terços da população judaica será morta apenas para que o restante se converta ao cristianismo. Até mesmo Isaac questiona se esta base religiosa é um apoio genuíno a população judaica. Porém, de maneira mais prática, o pastor aponta o quão falsa é esta ideia de convivência entre evangélicos e sionistas ao relatar que a legislação nacional de “Israel” proíbe o evangelismo. Nas palavras do pastor:

“Não podemos negar que há varias liberdades em israel. Mas não é tão livre quanto imaginam. Um exemplo e sei que isso pode parecer chocante para muitos. Evangélicos, como igrejas, não são oficialmente reconhecidas em Israel. O evangelismo é proibido em israel. Não se pode evangelizar em israel. O maior problema que os cristãos estão enfrentando é no Leste de Jerusalém, onde são constantemente atacados por grupos judaicos radicais”.

Estes grupos radicais queimaram igrejas, perseguiram cristãos e picharam em diversos muros da antiga Jerusalém “Fora Cristãos”. É comum que dentro de comunidades religiosas existam grupos mais radicais, entretanto a não responsabilização e condenação destes grupos por parte do governo israelense fez, inclusive, com que lideranças cristãs na Palestina afirmassem que há “uma tentativa sistemática de esvaziar Jerusalém de cristãos”. Isto é demonstrado também quando se entende que não apenas a população evangélica é proibida de evangelizar, mas que também não possuem o direito de autodeterminação dentro de “Israel”. Apenas a população judaica possui este direito. O fato é que os judeus são considerados “seres superiores” dentro de “Israel” – semelhança a outros regimes históricos não são mera coincidência.

“Eu entendo e estou completamente ciente da vergonhosa história do cristianismo quando se trata do antissemitismo. Mas a solução para o antissemitismo não pode ser um apoio incondicional ao sionismo. Especialmente se esse apoio ao sionismo vem com o preço de vidas palestinas. Eu sempre digo que parece que vários cristãos no ocidente estão repetindo o pecado do antissemitismo sobre o povo palestino. Eu não acredito que a bíblia justifique ou peça um apoio incondicional para uma entidade política. Acredito que a bíblia peça que sejamos bons vizinhos a todos os povos, jdeos, muçulmanos, budistas, ateos. Acredito que a bíblia peça que amemos a todos e que não demostremos favoritismo, pois Deus não demonstra favoritismo. Está na bíblia”, disse o pastor.

Por fim, o pastor questionou se o posicionamento dos autoproclamados cristãos do ocidente com a Palestina seria algo que Cristo aprovaria: “Gostaria de lembrar aos cristãos que quando o estado de “Israel” foi criado, ele não foi criado em uma terra vazia. Foi criado em uma terra que havia milhões de palestinas nativos, incluindo palestinos cristãos. E o estado que eles apoiam e celebraram como a realização de uma profecia e um sinal da fé de deus com o povo judeu, para se tornar um estado, centenas de milhares de palestinos, incluindo palestinos cristãos, foram forçados a fugir e nunca mais retornaram. Igrejas foram fechadas. Um amigo meu fez uma pesquisa e contou mais de 30 igrejas que foram fechadas quando “Israel” foi criada, pois os palestinos foram expulsos de suas terras. Nossos números continuam diminuindo. Minha mensagem aos líderes cristãos agora é de que há uma guerra brutal acontecendo em Gaza (…). É a hora de líderes cristãos reconhecerem que a guerra não é o caminho. Quando vamos aprender que a guerra não é o caminho? Quando vamos levar a palavra de Jesus a sério? A guerra em Gaza tem de parar! ”.

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