O Hamas e demais organizações da resistência palestina não estão sozinhos na luta contra o sionismo. Desde 7 de outubro de 2023, o Hesbolá, partido libanês de massas, uma das principais organizações do Eixo da Resistência, vem igualmente travando a luta armada contra as forças israelenses de ocupação. O terreno onde se desenrola a luta entre os combatentes libaneses e o sionistas é no norte de “Israel”, fronteira com o Líbano.
Neste sábado (20), o governo do Líbano divulgou o balanço do confronto. Segundo dados levantados pelo Ministério da Saúde do país, já são 92.094 pessoas deslocadas. Para além dos refugiados, o número total de vítimas é 1.324. Destas, os sionistas assassinaram 340, devendo-se mencionar ainda que há 289 pessoas hospitalizadas, em razão de seus ferimentos. Conforme o levantamento, 95% das vítimas são libaneses, 3% sírios e 2% palestinos.
O Líbano não é estranho à violência do nazissionismo. O país foi alvo de duas guerras de agressão perpetradas por “Israel”, com apoio do imperialismo, especialmente norte-americano. A Primeira Guerra do Líbano durou de 1975 a 1990, e foi desatada para destruir a resistência palestina, que havia se estabelecido no país na década de 1970, após a monarquia jordaniana ter expulsado o Fatá e a OLP da Jordânia, período que ficou conhecido como Setembro Negro.
O estabelecimento da resistência palestina no Líbano não foi coincidência. O país, que faz fronteira com a Palestina ocupada (“Israel”), foi um dos que recebeu centenas de milhares de palestinos que foram expulsos de suas terras em 1948, quando da fundação de “Israel”. Atualmente, segundo informações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), há aproximadamente meio milhão de refugiados palestinos no Líbano, vivendo em mais de uma dezena de campos.
Um desses campos é o de Chátila. Localizado na região leste de Beirut, capital do Líbano, o campo foi originalmente erguido no ano de 1949, pela Cruz Vermelha. Os palestinas que se refugiaram lá haviam sido expulsos de suas casas e terras nas aldeias palestinas de Amka, Majd al-Krum e Yajur, no norte da Palestina.
Chátila é conhecido por seus moradores civis terem sido alvos de um dos episódios mais grotescos da história da ditadura de “Israel” contra os palestinos. Fala-se do Massacre de Sabra e Chátila, sendo Sabra um distrito de Beirute adjacente ao campo. O massacre foi perpetrado principalmente pelas milícias fascistas dos cristãos maronitas, especialmente os Falangistas do Partido Cataeb. Contudo, o massacre foi comandado e supervisionado pelas forças israelenses de ocupação, contando também com a participação do imperialismo norte-americano. Mais de 3.500 civis palestinos desarmados foram assassinados pelos fascistas, muitos dos quais por armas brancas. Releia matéria que este Diário já publicou sobre o Massacre de Sabra e Chátila:
Apesar do massacre, o Campo de Refugiados de Chátila foi mantido de pé pelos palestinos que sobreviveram e pelo povo libanês que se pôs e continua a se colocar contra o sionismo e o imperialismo. Atualmente, o campo possui uma população estimada de 14 mil pessoas, conforme a UNRWA. Deve-se constatar, contudo, que boa parte dessa população, atualmente, é também de refugiados sírios, que fugiram de seu país em razão da guerra de agressão desatada pelo imperialismo e por “Israel” contra o governo nacionalista de Bashar al-Assad em 2011, a qual continua em curso.
Outro campo de refugiados palestinos no Líbano, que também foi erguido para abrigar os palestinos expulsos de suas terras quando da Nakba, foi o campo de Tel al-Zaatar. Assim como Chátila, também foi erguido no ano de 1949. Conforme consta da enciclopédia Britânica, “o campo foi o último grande posto avançado muçulmano no meio da área habitada predominantemente cristã do norte do Líbano e tinha uma população estimada em 15.000 habitantes em meados da década de 1970”. No mesmo sentido, o Instituto para Estudos Palestinos especifica que o campo foi estabelecido “em um terreno predominantemente maronita, de um quilômetro quadrado no cantão leste de Beirute”.
Com a conflagração da guerra de agressão, Tel al-Zaatar foi o local de um massacre menos conhecido, mas quase tão genocida quanto o de Sabra e Chátila. Também perpetrado pelas milícias fascistas dos cristãos maronitas, impulsionadas por “Israel”. Foi o primeiro caso de assassinato em massa de refugiados palestinos no Líbano. Cerca de 3 mil foram assassinados pela Frente Libanesa, agrupamento das milícias maronitas. Os assassinatos foram perpetrados após o cerco militar contra o campo ter terminado. Foi um massacre deliberado, assim como todos praticados pelo sionismo e seus asseclas. Releia matéria já publicada neste Diário:
3 mil palestinos assassinados no horrendo Massacre de Tal Zaata
Estes são apenas dois dos Campos de Refugiados palestinos no Líbano, e esta é apenas parte da história de violência fascista de “Israel” e do imperialismo contra os palestinos no país dos cedros e contra o povo libanês. Foi resistindo a essas contínuas agressões que o povo libanês se organizou e criou o Hesbolá, que vem sendo um dos mais valorosos aliados do povo palestino desde a década de 80.