No final de 2023, Birttany Watts, de 34 anos, sofreu um aborto espontâneo nos Estados Unidos. Então, ela foi acusada pelo tribunal do condado de Trumbull, em Ohio, de vilipêndio de cadáver. Watts procurou atendimento médico antes de sofrer o aborto involuntário. O júri do tribunal em questão analisa o caso desde novembro, uma decisão é prevista para os próximos dias.
“A Senhora Watts sofreu um aborto trágico e perigoso que colocou em risco sua própria vida”, afirmou à CNN norte-americana a advogada Traci Timko, que representa Watts. “Em vez de se concentrar na cura física e emocional, ela foi presa e acusada de um crime”.
A advogada ainda afirma que o julgamento contra Watts é “trágico e injusto”. “Mulheres sofrem abortos em banheiros todos os dias. Na verdade, o Legislativo de Ohio criou ampla imunidade às mulheres por atos ou omissões durante a gravidez e advertiu que as mulheres não deveriam ‘em nenhum caso’ ser criminalizadas pelas circunstâncias ou resultados de suas gestações”, afirmou.
Frente às arbitrariedades conduzidas contra Watts, o grupo Médicos de Ohio Pelos Direitos Reprodutivos publicou uma carta aberta ao promotor do condado de Trumbull, denunciando que o Judiciário está sendo utilizado para punir a mulher.
“Ao tentar indiciá-la, estão claramente insinuando que qualquer pessoa que aborte em qualquer momento da gravidez em nosso Estado deve recuperar o tecido fetal (seja em casa, no trabalho, na escola, em um restaurante ou outro local público) e preservá-lo”, diz a carta. “Como médicos, estamos profundamente preocupados com o fato desta ação dissuadir as mulheres que sofrem abortos espontâneos de obter os cuidados médicos que necessitam e merecem”, diz a organização no documento.